As denúncias aumentam em torno da presença do pastor Arilton Moura em encontros e jantares com o ex-ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, Milton Ribeiro, que foi preso na semana passada acusado de tráfico de influência, em favor de uma organização criminosa que vinha desviando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
De acordo com servidores interrogados pela investigação que apura uma série de irregularidades no Ministério da Educação (MEC), o ex-ministro recebia Moura frequentemente em seu gabinete. Os encontros, no entanto, não ficam restritos ao ambiente do trabalho.
Segundo os servidores, os dois também se encontraram em diversas oportunidades na casa de Ribeiro, em Brasília.
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Na semana passada, Ribeiro chegou a ser preso pela Polícia Federal. No dia seguinte, porém, ele foi solto por determinação judicial. O mesmo ocorreu com os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Os três são acusados de montarem um esquema que visava facilitar a liberação de verbas do MEC para municípios e estados em troca do recebimento de propina.
Os depoimentos dados pelos servidores do MEC fazem parte da investigação realizada pela Controladoria-Geral da União, que os encaminhou para a operação da PF. Em um dos relatos, a chefe da Assessoria de Agenda do gabinete do ministro da Educação, Mychelle Rodrigues Braga, revelou que "durante a gestão de Milton Ribeiro nenhuma outra pessoa ou autoridade esteve naquelas dependências com a frequência do pastor Arilton".
Já o ex-assessor Albério Rodrigues Lima confirmou que Gilmar e Arilton passaram, inclusive, a frequentar a residência de Ribeiro, principalmente a partir de maio de 2021. O que demonstra a relação próxima entre os suspeitos.
Indicação
Diante da situação, conta o ex-assessor, Ribeiro chegou a ser alertado sobre os riscos de que a presença constante dos pastores no MEC poderia vir a causar desgastes para a imagem do ministério.
Um dos episódios que geraram maior preocupação entre os servidores, lembra o ex-assessor Albério Rodrigues, ocorreu quando Ribeiro tentou dar um cargo a Arilton Moura na pasta. Na época, a indicação foi negada pela Casa Civil. Depois disso, o ex-ministro indicou Luciano Musse para o posto que antes seria do pastor.
Avião da FAB
Na investigação da CGU, também foi revelado que Ribeiro autorizou que Moura o acompanhasse durante uma viagem oficial em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
"Ocorre que, de acordo com a sra. Mychelle, o ministro Milton Ribeiro havia solicitado que o pastor Arilton viajasse em sua companhia com avião da FAB no trajeto entre Brasília e Alcântara no dia 26/05, o que somente não veio ocorrer por fatores alheios a vontade dos envolvidos", diz o documento.
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