O Facebook sempre ofereceu aos seus usuários a possibilidade de deletar seus dados pessoais a qualquer momento, ao menos de acordo com o que dizem as políticas de privacidade da rede social fundada por Mark Zuckerberg. No entando, o que eles não sabem é que a empresa tem formas de restaurar essas informações depois que foram excluídas.

É o que denuncia um ex-funcionário da plataforma nos Estados Unidos, Brennan Lawson, que está processando a empresa controladora do Facebook, Meta Platforms, em um tribunal no estado da Califórnia na útima terça-feira (5), conforme noticiado pela Bloomberg.

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Lawson trabalhava como revisor de conteúdo no Facebook em 2018 , quando, segundo ele, tomou conhecimento de um novo protocolo para funcionários de uma divisão da empresa conhecida como Global Escalation Team, especializada em tarefas de moderação relacionadas a investigações policiais.

Através desta técnica, os colaboradores puderam “contornar os protocolos normais de privacidade do Facebook”, recuperando dados do aplicativo de mensagens Messenger "que os usuários decidiram eliminar" e repassá-los às autoridades, segundo o denunciante.

Entre os dados que o Facebook acessou a pedido das autoridades estão as pessoas para quem o suspeito escreveu pelo chat, quando as mensagens foram enviadas e até o conteúdo dos chats. “Para manter o Facebook nas boas graças do governo, a equipe de escalações utilizaria o protocolo de back-end para fornecer respostas para a agência de aplicação da lei e, em seguida, determinar quanto compartilhar”, revelou Lawson, no texto da ação judicial.

Após ser informado do protocolo em reunião com funcionários, Lawson garante que desde o primeiro momento se opôs e questionou a legalidade desse novo procedimento. Se sua denúncia for confirmada, ela vai contra os regulamentos de proteção de dados dos Estados Unidos e da União Europeia, como o RGPD. 

Em ambos os casos, os usuários devem ser claramente informados sobre as políticas de retenção de dados da plataforma , principalmente nos casos em que exercem seu direito de exclusão de seus dados pessoais.

Desse modo, o Facebook estaria agindo de má-fé já que sempre garantiu que “uma vez que o conteúdo fosse excluído por seus usuários, ele não permaneceria em nenhum servidor do Facebook e seria removido permanentemente”. 

Pouco depois de se manifestar contra o uso desse protocolo, em julho de 2019, Lawson foi demitido da empresa de Mark Zuckerberg. Oficialmente, o Facebook alegou que o ex-funcionário havia usado indevidamente uma ferramenta administrativa.

Após sua demissão, Lawson ficou desempregado por 18 meses, pelo qual reivindica 3 milhões de dólares da Meta como indenização, entre outras sanções adicionais às quais a rede social estaria sujeita. Ele alega que o motivo real de sua demissão foram justamente seus questionamentos a respeito do protocolo que permite ao Facebook a recuperação de dados excluídos por seus usuários.

Ex-funcionário denuncia que Facebook pode acessar dados excluídos, o que contraria suas políticas de privacidade. Foto: (Foto: Divulgação Facebook)

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