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Ucrânia expõe civis ao perigo, afirma Anistia Internacional

A ONG emitiu relatório falando sobre as forças ucranianas colocarem os civis em perigo e violação das leis da guerra em áreas povoadas.

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Imagem ilustrativa da notícia Ucrânia expõe civis ao perigo, afirma Anistia Internacional camera Reprodução/Twitter

A ONG Anistia Internacional emitiu relatório nesta quinta-feira (4) no qual afirma que as tropas da Ucrânia têm adotado um padrão que coloca civis em perigo ao estabelecer bases militares e operar equipamentos em áreas residenciais povoadas.

Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia, afirmou em comunicado que a prática viola o direito internacional humanitário ao transformar civis em alvos militares em meio à guerra contra a Rússia. "Estar em uma posição defensiva não isenta militares ucranianos de respeitar o direito internacional", disse a francesa.

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A avaliação é fruto de análise que pesquisadores da ONG fizeram in loco ao longo dos meses de abril e julho nas regiões de Kharkiv, Mikolaiv e no Donbass, o leste russófono da Ucrânia onde se concentra a maioria dos ataques atualmente. Conversas foram feitas com sobreviventes dos ataques, testemunhas e familiares das vítimas.

Segundo o relatório, mesmo escolas e hospitais têm sido usados como potenciais bases para as tropas de Kiev. A ONG diz que hospitais foram utilizados para esse propósito em ao menos cinco locais. "Usá-los para fins militares é mais uma clara violação do direito internacional", diz trecho do material.

Em resposta, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleva, disse estar indignado com as acusações, que descreveu como injustas. Mikhailo Podoliak, assessor da Presidência ucraniana, acusou a Anistia de participar de uma campanha de desinformação e propaganda russa.

"Moscou tenta desacreditar as Forças Armadas da Ucrânia aos olhos das sociedades ocidentais e, assim, interromper o fornecimento de armas usando sua rede de influência", escreveu ele no Twitter.

"As autoridades devem imediatamente posicionar suas forças longe de áreas povoadas ou retirar civis de onde os militares estão operando, afirmou Agnès Callamard. "Essas táticas, porém, não justificam de forma alguma os crimes de guerra da Rússia", salientou.

Críticas anteriores

A Anistia tem monitorado, desde o início do conflito, as ações de Moscou, e diz ter documentado e investigado diversos crimes de guerra das tropas de Vladimir Putin. A ONG, no entanto, também já teceu críticas anteriores às práticas do governo de Volodimir Zelenski.

Ainda em março, por exemplo, a organização afirmou que Kiev violava os direitos dos prisioneiros de guerra, previstos nas Convenções de Genebra, ao fazê-los participar de entrevistas coletivas para dizer que estavam arrependidos e que haviam sido forçados a lutar no conflito.

A Guerra da Ucrânia já deixou ao menos 5.327 civis mortos e outros 7.257 feridos, de acordo com cifras atualizadas pelo escritório de direitos humanos da ONU até o final de julho. Pelo menos 352 mortos seriam crianças – os números são reconhecidamente subnotificados.

O conflito também tem levado a uma onda massiva de refugiados. Cifras recentes da ONU deram dimensão do impacto disso para a demografia do país: o conflito reduzirá a população da Ucrânia em cerca de 7 milhões até o ano que vem, em grande parte devido à emigração forçada. De 43,5 milhões em julho de 2021, o número de habitantes passará a 36,7 milhões no mesmo período de 2023.

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