De janeiro a junho de 2022, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, registrou um aumento de 19,54% no número de ciclistas atendidos se comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados da unidade são importantes, já que o hospital é responsável por receber grande parte dessas vítimas de acidentes de trânsito na Região Metropolitana de Belém e no Pará.

Para entender melhor esta alta, basta observar o primeiro semestre de 2021, que registrou 87 ciclistas traumatizados no HMUE, ante aos 104 paraenses no mesmo período do ano seguinte. Outro dado assustador é da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet): todos os dias quatro pessoas acabam perdendo a vida usando este meio de transporte.

Há três anos na prática do ciclismo, Mailson de Oliveira, 33, usa a bicicleta todos os dias, principalmente para chegar ao trabalho. A viagem do padeiro em cima da magrela começa no bairro onde mora, Tapanã, uma média de 18 quilômetros até seu destino, uma padaria no centro.

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Entre as idas e vindas pela cidade, Mailson presencia diversas situações perigosas. A cena mais recente, inclusive, não sai da cabeça do autônomo: um acidente grave na faixa exclusiva do BRT, próximo da estação do Tapanã. “Passei por lá quando avistei uma movimentação. Quando cheguei próximo percebi que uma pessoa estava jogada no chão ao lado de uma bicicleta, coberta por um tecido e sem vida”, relembrou o fato.

São esses dados e histórias que ajudam a ampliar o debate sobre as demandas dos ciclistas em todo Brasil, de forma a proteger esse público e evitar o aumento de casos de atropelamentos e mortes. Desta forma foi criado o Dia Nacional do Ciclista (19 de agosto), campanha em memória ao ciclista Pedro Davison, morto em 2006 por um motorista embriagado enquanto pedalava no eixo sul de Brasília.

Ciclistas ainda temem sair de casa sobre duas rodas por causa da falta de infraestrutura da cidade Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará

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