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Profissão repórter flagra suspeita de assédio eleitoral 

A principio, o jornalista foi ate o local para fazer uma reportagem sobre o perfil de eleitores da cidade e acabou flagrando um esquema de corrupção no local.

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Imagem ilustrativa da notícia Profissão repórter flagra suspeita de assédio eleitoral  camera Caco tenta questionar prefeito de Coronel Sapucaia | Foto: Profissão Repórter

A menos de 48 horas do segundo turno das eleições 2022, o jornalista Caco Barcellos e Chico Bahia identificaram um esquema de assédio eleitoral na cidade de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com Paraguai.

A principio, o jornalista foi ate o local para fazer uma reportagem sobre o perfil de eleitores da cidade onde houve empate entre Lula e Bolsonaro e acabou flagrando uma suspeita de assédio eleitoral no local.

Enquanto andava pela cidade, a dupla viu em frente ao centro cultural do local uma grande quantidade de concentração de pessoas.

Diante da situação, o repórter decidiu se aproximar. Os convocados para a reunião, sobre a qual ninguém queria falar ou sabia dizer o que era, eram beneficiários do Auxílio Brasil.

Ao ver o jornalista entrando no local, a assessora da secretária que falava veio a seu encontro e, ao ser questionada se a reunião teria a ver com a votação, afirmou hesitante: “Tem a ver de demonstrar o que o presidente e o governador estão fazendo pelas pessoas”.

Na cidade as pessoas recebiam R$ 50 para votar em Bolsonaro.
📷 Na cidade as pessoas recebiam R$ 50 para votar em Bolsonaro. |Foto: Profissão Repórter

Após a resposta, todas as pessoas que estavam no local se levantaram para ir embora. Quando Caco tentou entrevistá-las, um homem tentou impedi-lo dizendo: “É melhor vocês ficarem na sua!”

A reunião era promovida pela prefeitura local e comanda pelo medebista Rudi Paetzold, em que seriam pagos R$ 50 a beneficiários do Auxílio Brasil, que deixavam nome e eram coagidos a votarem em Bolsonaro.

Diante da situação chocante, Caco e a equipe do profissão repórter revelaram na noite da última terça-feira (1°) que a vitória de Lula (PT) para presidência no ultimo domingo (31) foi um milagre em meio ao esquema de corrupção eleitoral montado por Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores para compra de votos na reta final da campanha.

O repórter também encontrou mesas onde mulheres tinham planilhas com dados pessoais de pessoas que compareceram. Ao tentar abordar, uma dessas mulheres se recusou a falar e saiu andando: "Eu não posso responder nada". Disse.

Planilhas com nomes e dados
📷 Planilhas com nomes e dados |Foto: Profissão Repórter

Caco, ao encontrar a secretária que estava falando quando ele chegou ao local, também só teve respostas curtas e evasivas.

Confira a conversa:

Caco: Por que essa reunião?

Secretária: Sobre o Auxílio Brasil e Mais Social.

Caco: E por que a senhora faz essa reunião na semana das eleições?

Secretária: Porque nós temos que mandar as listas... Entende?

Caco: Por que mandar listas?

Secretária: Nós mandamos a lista para o MDS. Tchau!

De acordo com uma senhora que mora ao lado do local onde aconteceria a reunião, revelou que ela ocorria há três dias.

“Antes não tinha essa reunião não. Disse que era para assinar o negócio do Bolsa Família. Aí ontem que eu ouvi falando que, quando acaba a reunião, o Rudi dá R$ 50 para cada um. Rudi é o prefeito daqui”, contou.

Após encontrar o prefeito, Rudi Paetzold, em uma gincana entre escolas promovida pela Secretaria Municipal de Educação. Caco chegou a fazer as perguntas que também não foram bem recebidas.

Confira a conversa:

Caco: A gente esteve no centro cultural e tinha uma fila grande de pessoas tendo que deixar o nome... Pessoas que recebem o auxílio.

Assessora 1: Aqui nós não estamos para falar de política. Aqui nós estamos...

Caco: Mas lá estavam falando sobre política. Por isso que estou perguntando.

Assessora 1: Mas aqui não estamos falando de política.

Caco: Mas estou falando de lá para o prefeito.

Assessora 1: O prefeito não tem que responder.

Prefeito: Inclusive eu estava... Não estava nem... Passei por passar. Nós estávamos fazendo campanha política, não estávamos nem na cidade. Eu estava na aldeia indígena agora.

Caco: Eu sei, mas todas as pessoas estão dizendo lá que o senhor que organizou essa...

Prefeito: Não, eu não.

Caco: Mas como é que tem tanta gente lá?

Assessora 2: A gente tem horário para terminar.

Prefeito: Quem organizou foi a Secretaria de, de...

Assessora 2: Isso aqui é um evento que temos horário para terminar, gente.

Na gincana, outra moradora da cidade falou sobre a suspeita de assédio eleitoral: “Eu fui. Chegamos lá; eles, sinceramente, falaram sobre o Auxílio Brasil, porém a parte foi só sobre política. Que teria que votar no 22, porque se não, no caso, não teria mais verba para vir para cá, né? Aí pararia com tudo: pararia de fazer o asfalto, as escolas. Você chega lá, se você está precisando... Vamos supor: você precisa para sobreviver o auxílio e o vale renda, você muda seu voto na hora com medo de perder o benefício. Pediram para colocar o nome, colocar o documento, o número de celular. Porque, no caso, esses nomes iriam lá não sei para onde. Para mim, aquilo foi uma pressão sobre as pessoas. Isso é promoção do prefeito, né?”. Contou.

Horas depois, uma pessoa da cidade ligou para Caco e para dizer que era perigoso continuar a reportagem na região: “Fiquei preocupado, extremamente preocupado. Eu sugeriria para vocês terminar a pauta o quanto antes. Se você quiser continuar aqui na cidade trabalhando, é o teu trabalho. É assim: sua conta e risco. Mas eu conheço bem aqui a cidade. É complicado”. Contou na ligação.

Confira a reportagem:

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