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ABSURDO

Metade dos LGBTQIAP+ sofrem preconceito no trabalho 

Segundo pesquisa, a discriminação ainda é presente no ambiente profissional e muitos funcionários não comentam sua orientação sexual com medo de prejudicar a própria carreira

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Imagem ilustrativa da notícia Metade dos LGBTQIAP+ sofrem preconceito no trabalho  camera De acordo com Marcos Melo, problema começa na capacitação e passa para o ambiente de trabalho | Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

Cerca de 50% dos colaboradores LGBTQIAP+ sofrem preconceito no trabalho frequentemente. O número é apontado por um estudo realizado pela plataforma especializada em recrutamento de empregos Catho, que revela, ainda, que 18% dos respondentes da pesquisa não falam sobre sua orientação sexual por receio de que isso possa influenciar sua carreira profissional.

Ouvindo 5.300 pessoas no mês de agosto deste ano, a Pesquisa de Profissionais Brasileiros, que busca traçar o perfil dos profissionais no Brasil, destaca a realidade de LGBTfobia ainda enfrentada por muitos profissionais, mesmo que hoje já existam iniciativas que busquem discutir e promover a diversidade no mercado de trabalho e nas empresas.

Presidente da ONG Olivia, que há oito anos atua em defesa dos direitos humanos para a população LGBTI+, Marcos Melo considera que quando a população LGBTI+ tenta ocupar qualquer lugar na sociedade, enfrenta sempre um desafio muito grande porque o conservadorismo e o machismo ainda são muito presentes e, muitas vezes, se manifestam de forma velada.

No caso da empregabilidade, embora a pauta da diversidade seja muito discutida atualmente, ela passa a ser um problema quando é vazia. “Quando a gente fala de empregar, de trazer a diversidade para a empresa, não é só contratar uma pessoa LGBTI+ como se isso fosse solucionar o problema, mas é saber se dentro da sua empresa você tem uma conjuntura confortável para a diversidade, para a pluralidade”, considera.

“E aí a gente não fala só de população LGBTI+, a gente fala de pluralidade como um todo. É entender que uma pessoa com deficiência deve fazer parte da minha equipe, que uma pessoa preta tem que fazer parte da minha equipe, que uma pessoa LGBT tem que fazer parte da minha equipe, então, é entender que o ambiente de trabalho tem que ser plural para a riqueza da própria empresa, no aspecto sociocultural, e para a riqueza do atendimento do público externo”.

Para que esse patamar seja alcançado, porém, existem fatores que precisam ser trabalhados tanto antes, quanto depois da oferta da vaga de emprego. Se por um lado há uma boa parte da população desempregada, por outro lado existem vagas que não conseguem ser preenchidas por falta de qualificação. No meio desse impasse, Marcos lembra que está a população LGBTI+, que historicamente sofre preconceito desde a infância, desde a educação básica e que, pelo preconceito, muitas vezes não consegue avançar na educação.

“Então, a gente tem essa problemática: tem empresas que estão abertas à pluralidade e à diversidade, mas quando se vai ler os requisitos da vaga, são vagas que exigem de uma pessoa uma realidade que não é a dela, muitas vezes”, avalia. “Nem todo mundo consegue chegar no ensino superior, nem todo mundo pode pensar em uma pós-graduação. Existem pessoas que não conseguem nem concluir o ensino médio devido o preconceito que elas sofrem na escola”.

Neste contexto, o desenvolvimento de políticas públicas assertivas e que funcionem no sentido de formar um quadro capacitado para preencher as vagas de trabalho é fundamental. O presidente da Olivia considera que, às vezes, até existem políticas públicas importantes, que defendem essa população, porém, elas acabam não se tornando efetivas.

De acordo com Marcos Melo, problema começa na capacitação e passa para o ambiente de trabalho
📷 De acordo com Marcos Melo, problema começa na capacitação e passa para o ambiente de trabalho |Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

“No Pará, por exemplo, a gente tem há mais de 10 anos a garantia do uso do nome social nas escolas de ensino fundamental, médio, na universidade, mas do que adianta eu ter o nome social se eu não consigo fazer com que essa pessoa trans saia do ensino básico, chegue no ensino médio, chegue na universidade?”, questiona.

“Então, quando a gente discute a questão da empregabilidade, a gente costuma olhar apenas para a empresa, mas o problema não está na empresa, está no que antecede a ela e que não faz com que o profissional chegue até essa empresa. E, aqui, a gente volta para o início de tudo: no Brasil o problema que a gente tem é o de educação”.

Apesar desse impasse, Marcos pontua que há um cenário possível, em que empresas se empenham em investir em qualificação para formar quadros e promover a diversidade de forma mais efetiva, iniciativa que já vem sendo adotada por algumas empresas no Brasil. Porém, outro ponto importante, além da capacitação e da contratação, é a permanência. É o que vem depois da vaga.

“Não adianta só abrir as portas para a pessoa, ela trabalhar e depois de um mês ela se sentir desconfortável no ambiente e pedir demissão. A gente tem conversado sobre consultoria especializada para as empresas para que elas sejam espaços onde se discute identidade de gênero, orientação sexual, porque a gente sabe que compreender esses temas não é a realidade de todo mundo”.

O que os dados da pesquisa divulgada pela Catho apontam, portanto, é uma realidade ainda muito frequente e conhecida por quem atua na defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+. Por necessidade de garantir o seu próprio sustento, muitos profissionais permanecem no emprego, mas não deixam de se sentir desconfortáveis e sofrer com o preconceito ainda presente.

“Os dados sobre preconceito no local de trabalho mostram que, não só a pessoa sofre preconceito, mas, mais do que isso, as pessoas nem conseguem discutir a sua sexualidade dentro do espaço de trabalho. Para a pessoa que trabalha oito horas por dia, que passa a maior parte do dia dela dentro daquele espaço, se ela se sente o tempo inteiro coagida, intimidada, se ela não consegue ser ela mesma, isso pode gerar um problema psicológico muito grande”, considera Marcos Melo.

“É uma violência que é diária, recorrente e que gera uma dependência porque a pessoa precisa trabalhar, precisa receber, no momento de crise que a gente está, perder o emprego não é uma opção. Então, falar de empregabilidade é falar antes de formação e capacitação, e depois de permanência. Existe um antes e um depois da contratação que também precisam ser pensados para a gente conseguir solucionar esse problema da empregabilidade LGBTI+”.

Quando a gente fala de empregar, de trazer a diversidade para a empresa, não é só contratar uma pessoa LGBTI+ como se isso fosse solucionar o problema, mas é saber se dentro da sua empresa você tem uma conjuntura confortável para a diversidade, para a pluralidade”, Marcos Melo, presidente da ONG Olivia

Em números

52% dos trabalhadores LGBTQIAP+ afirmam sofrer preconceito no trabalho.

45% afirmam que não falam sobre sua orientação sexual para ninguém para evitar situações discriminatórias. 23% falam apenas para alguns colegas.

Fonte: Pesquisa de Profissionais Brasileiros – Catho. Foram ouvidas 5.300 pessoas no período de agosto de 2022.

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