A professora Sandra Guimarães, 58, que levou sete tiros no ataque a duas escolas em Aracruz (ES), recebeu alta nesta sexta-feira (2), uma semana após o episódio de violência que deixou quatro mortos.
Sandra dá aula de história na escola estadual Primo Bitti, a primeira a ser alvo de atentados e onde três professoras morreram. O atirador, um adolescente de 16 anos, atacou em seguida o Centro Educacional Praia de Coqueiro, um colégio particular onde uma estudante de 12 anos morreu.
A professora estava internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas, em Vitória, e gravou uma mensagem de agradecimento à equipe de saúde.
Na gravação, ela conta que levou cinco tiros na perna esquerda e dois na direita. As balas não atingiram os nervos e, depois de passar por duas cirurgias, ela poderá continuará o tratamento em casa.
"Eu queria agradecer muito. Desde o primeiro momento eu tive um suporte muito bom, maravilhoso", diz no vídeo divulgado pela Secretaria da Saúde do Espírito Santo. Ela definiu os ataques como o "dia do terror".
De acordo com a pasta, quatro vítimas do ataque permanecem internadas e estão sendo atendidas no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, no município de Serra (a 30 km de Vitória), e no Hospital Estadual N.Sra. da Glória "Infantil de Vitória".
No primeiro, estão uma mulher de 51 anos com quadro de saúde estável, que está sendo atendida na enfermaria, e outra de 37 anos que segue intubada na UTI em estado grave.
Já no hospital infantil estão um menino de 11 anos, com quadro estável em enfermaria, e uma garota de 14 anos que está na UTI e que, desde esta quinta (1º), está sem intubação.
Nesta sexta, a Secretaria da Educação do Espírito Santo informou que as atividades restantes para a conclusão do ano letivo na escola Primo Bitti serão realizadas de forma online.
"Após entender que todos ainda estão muito abalados com o ocorrido e, portanto, sem condições de retornar ao local para exercer a atividade fim, optamos por abrir a escola para os que quiserem ir ao local, mas a oferta das atividades pedagógicas será de forma não presencial, em respeito aos que não querem retornar", informou o secretário Vitor de Angelo em nota.
"Ainda estamos definindo o dia, mas, a partir da próxima semana, as portas da unidade estarão abertas", acrescentou. A equipe da secretaria informou que está elaborando ações de acolhimento para quem desejar ir ao local para finalizar o planejamento das atividades pedagógicas e disse que em breve os estudantes serão informados sobre as atividades remotas.
ATAQUES
Por volta das 9h da última sexta (25), um adolescente de 16 anos arrombou um cadeado para entrar na escola Primo Bitti, onde ocorreu o primeiro ataque. Os tiros foram disparados dentro da sala dos professores e resultaram na morte de três professoras -duas morreram ainda naquele dia e uma terceira professora, que estava internada em estado gravíssimo, morreu no sábado (26).
Segundo a investigação, para cortar o cadeado, o adolescente usou um alicate especial, do mesmo tipo usado pela polícia em operações. Ele portava uma pistola automática e um revólver calibre 38, que pertenciam ao pai dele, um tenente da Polícia Militar.
Após o primeiro ataque, o adolescente entrou em um carro e foi até o Centro Educacional Praia de Coqueiro. Ali, ele abriu fogo contra três estudantes. Uma aluna de 12 anos morreu no segundo ataque. O atirador foi detido por policiais no início da tarde.
Durante os atentados o adolescente utilizava uma roupa camuflada e uma braçadeira com a suástica, símbolo nazista. Na casa da família também foi encontrado o livro "Minha Luta", autobiografia de Adolf Hitler.
De acordo com a polícia, o adolescente disse em depoimento que manuseava a arma do pai escondido e se preparou para o ataque assistindo a vídeos na internet.
Apesar dessa informação, a Polícia Civil investiga se o pai, em algum momento, ensinou o filho a manusear armas e atirar. O tenente foi afastado dos trabalhos operacionais e a Corregedoria da Polícia Militar instaurou um processo administrativo para apurar em quais circunstâncias o jovem teve acesso às armas.
O adolescente havia abandonado a escola em junho deste ano, com o aval dos pais, sem terminar o ensino médio. Ele estudava na escola Primo Bitti, a primeira atacada durante a ação. Segundo os pais, passava por tratamento psicológico.
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