Com uma participação significativa para a economia do país, o setor agropecuário caminha em direção a um cenário positivo para o ano que virá. Uma projeção realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê um aumento de 10,9% no Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário para 2023, crescimento que pode representar boas oportunidades também para quem deseja iniciar um negócio próprio.
Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o zootecnista e doutor em nutrição e produção de ruminantes, Cristian Faturi, considera que alguns fatores já observados no país propiciam o surgimento de empreendimentos na área agropecuária.
“A valorização das comodites nos últimos anos, seja pelo cenário interno ou pelo aumento das exportações, possibilitou e incentivou os produtores rurais a investir mais na intensificação dos sistemas de produção, seguindo no caminho da agricultura e zootecnia de precisão. E estas áreas promoveram novos conhecimentos e a adoção de novas tecnologias para o campo, permitindo o surgimento de novas startups e empresas de consultoria técnica, exigindo ação de mão de obra técnica”, avalia.
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“Além disso, a FAO prevê a necessidade de aumento na produção agropecuária na ordem de 50% até 2050, visando atender a demanda provocada pelo aumento populacional até lá, e as novas tecnologias serão fundamentais para isso. A expectativa é que o Brasil se torne responsável por 40% da produção agrícola mundial”.
Dentro dessa perspectiva, o professor considera que as novas tecnologias para o agronegócio não se restringem somente ao campo, mas a todos os elos que fazem parte do setor. Assim como já se observa em outras áreas, a participação das tecnologias digitais também está fortalecida no agronegócio e, naturalmente, gera uma demanda por novas soluções e serviços. “Assim como na indústria, a agricultura passa por uma revolução, a Agricultura 4.0 que compreende tecnologias digitais, internet das coisas, equipamentos comandados e conectados à rede, entre outros. E nesse sentido, a criação de novos softwares de gerenciamento de todas as etapas da produção, de controle de uso dos recursos naturais, uso de imagens de satélite, uso de drones, equipamentos autônomos representam uma grande demanda do setor”.
Particularmente para a pecuária, o zootecnista destaca a grande demanda por empresas de consultoria que levem a intensificação para o campo, sobretudo em estados como o Pará, em que se observa uma pecuária em crescimento de rebanho e de produtividade. No cenário nacional, ele ainda evidencia o interesse por negócios envolvendo o mercado de créditos de carbono. Cristian Faturi considera, ainda, outras áreas de atuação que guardam boas oportunidades para o empreendedorismo no agronegócio.
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“Softwares que permitem uma condução mais correta da lavoura já são uma realidade, mas que podem ser aprimorados, no entanto, na pecuária existe uma carência maior de aplicação destes produtos. Nos últimos anos, alguns protótipos vêm sendo lançados por novas startups para permitir o gerenciamento da fazenda, controle do rebanho, da nutrição dos animais e até mesmo para controlar o manejo do pasto”, aponta. “O uso de drones na agropecuária já vem sendo utilizado, mas deve ganhar cada vez mais espaço com o aumento do leque de possibilidades de uso dessa tecnologia”.
Outra área que também deve ser muito exigida, na percepção do professor, é a ambiental. Os destaques são para soluções para o monitoramento e controle do uso dos recursos naturais, principalmente em relação ao uso da água e da preservação das florestas, já que o mundo encara o desafio de aumentar a produção de alimentos, mantendo a conservação ambiental.
“Empresas que trabalham com assessoria técnica na agropecuária serão cada vez mais exigidas, principalmente em nosso estado, assim como a possibilidade de investimento em representações de grandes empresas nacionais e multinacionais que desenvolvem produtos para o setor. Nos últimos anos tem havido um grande movimento neste sentido no Estado, frente ao elevado crescimento do setor e o aumento na demanda por insumos, aí entram principalmente as áreas fertilização do solo, de nutrição e de reprodução animal, com a implantação de tecnologias como a inseminação artificial em tempo fixo, transferência de embriões e fertilização in vitro”.
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