A descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões na Americanas, que levou a empresa à recuperação judicial em caráter de urgência, deixa consumidores apreensivos com relação à capacidade da companhia de honrar seus compromissos. Uma das dúvidas que pairam é se a varejista é considerada segura para a realização de compras, seja pelo site ou loja física.
Em nota divulgada ontem, a Americanas afirma que “seguirá operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial”. Segundo a varejista, o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas. Veja a seguir as principais orientações de especialistas:
É seguro comprar na Americanas?
A economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), recomenda cautela aos consumidores diante do pedido de recuperação judicial. Na avaliação da economista, o clima de insegurança criado na última semana afeta da mesma forma consumidores e fornecedores: “Os fornecedores temem não receber pela mercadoria entregue a Americanas e o consumidor que os produtos comprados não cheguem as suas casas. Esse clima é ruim, inclusive para a recuperação da empresa. Então é hora do consumidor que conhece e confiava na marca se informar e analisar os riscos que quer correr, como a empresa vai se posicionar.
Vale mais a pena comprar presencial ou dá para confiar na entrega pela internet?
Na loja, o consumidor já sai com a mercadoria. No entanto, na venda on-line, há uma preocupação com a capacidade da empresa em cumprir a entrega, pondera Ione.
O fato de a empresa entrar em recuperação judicial desobriga a cumprir as entregas ou alguma outra obrigação?
Os direitos dos consumidores não são extintos pela recuperação judicial. Os especialistas admitem no entanto, que se a situação se complicar pode ser mais complicado exercê-los.
Comprei na Americanas, mas o pedido ainda não chegou. Devo cancelar ou espero chegar?
Cancelar uma compra que ainda está no prazo de entrega pode ser exagero. Ione lembra que a crise tem apenas uma semana e pondera que o estoque para as compras já feitas não devem ter sido alterados nesse curto espaço de tempo.
No caso do prazo já ter expirado ou do consumidor que está inseguro e prefere cancelar, Ione pondera que nas compras feitas no cartão de crédito o ressarcimento costuma vir em forma de crédito na fatura, o que pode ser um problema para quem de fato vai precisar do item que havia comprado. Quem pagou à vista, com boleto ou Pix, pode ter ainda mais dificuldade no ressarcimento.
Desisti da compra, posso não receber o ressarcimento?
A princípio, o ressarcimento deve ser feito, pois todos os direitos do consumidor estão preservados, não são alterados pela recuperação judicial. No entanto, nesse tipo de processo todos os créditos da empresa ficam congelados e o consumidor assim como os demais credores receberá de acordo com uma lista de prioridades de pagamento estabelecidas pelo juiz.
Comprei de uma empresa parceria que usa o marketplace da Americanas para vender, e agora?
Ione lembra que, no caso dessas empresas, elas usam apenas a plataforma para a venda, sendo a relação com fornecedores completamente diferentes da Americanas.
Já recebi o produto, mas veio com defeito. O que devo fazer?
Nesse caso, o consumidor pode tanto acionar quem vendeu ou o produto como quem produziu para a solução do problema.
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