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INCLUSÃO

Autistas chegam às universidades do Brasil

Apenas no campus Belém, a UFPA tem hoje 72 alunos autistas com matrículas ativas, já somando os calouros de 2023. Confira as histórias de alguns deles inclusão

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Imagem ilustrativa da notícia Autistas chegam às universidades do Brasil camera Igor Matthews Paixão Ferreira estudante da UFPA | : Mauro Ângelo / Diário do Pará

Os números registrados nos últimos anos pelo Censo da Educação Superior demonstram uma realidade que é vivenciada na prática nas universidades brasileiras, a presença cada vez maior de pessoas autistas no ensino superior. De acordo com a série histórica do levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as matrículas de alunos autistas em cursos de graduação presenciais e à distância no Brasil passaram de um total de 1.122 em 2018, para 1.501 em 2019 e para 2.974 em 2020.

Uma evolução que aponta a necessidade cada vez maior das universidades não apenas garantirem o acesso de pessoas autistas, mas, sobretudo, as condições necessárias para a permanência delas.

Somente no último processo seletivo da Universidade Federal do Pará (UFPA) ingressaram na instituição 22 pessoas autistas através das cotas PCD, sem contar os alunos autistas que podem ter ingressado na instituição pela ampla concorrência. No total, apenas no campus Belém, a instituição tem hoje 72 alunos autistas com matrículas ativas, já somando os calouros de 2023.

Mês de conscientização sobre o autismo terá ações em Belém

Há cinco anos, o estudante do curso de Ciência da Computação, Igor Matthews Paixão Ferreira, 22 anos, segue o caminho em busca da graduação. Ele conta que desde que ingressou na instituição é acompanhado pela COACESS, uma coordenadoria de acessibilidade vinculada à Superintendência de Assistência Estudantil da UFPA que auxilia os alunos com deficiência a superar possíveis barreiras que eles podem vir a enfrentar durante a graduação.

Informando sobre as disciplinas que está cursando no momento - projeto de algoritmos II, matemática computacional I e banco de dados I – Igor traduz em uma palavra a motivação que lhe fez ter vontade de ingressar na universidade e que lhe motiva a continuar o seu curso: sonho.

“Estou há cinco anos aqui devido ao sonho, apesar das dificuldades domésticas. Eu venho para cá pelo fato do sonho de seguir mais adiante”, conta, ao destacar a área que mais lhe agrada dentro do seu curso. “O que eu gosto mais é a parte de programação, por exemplo”.

JORNADA

Os interesses pelas particularidades de seu curso foram conhecidos pelo aluno de Biotecnologia, Pierre dos Reis, 23 anos, ao longo da jornada. Hoje, ele já está na fase de finalização do Trabalho de Conclusão de Curso e conta que se sente bem frequentando a universidade. “No início eu não sabia o que significava o curso, mas pesquisamos bem e era isso mesmo. Trabalha com plantas, com genética, área da ciência. É uma área que eu gosto”.

Diferente de Igor e Pierre, a estudante Yanne Antunes, 27 anos, ingressou na universidade sem saber que era uma pessoa autista. No caso dela, que é aluna do curso de Letras-Alemão, o diagnóstico veio já na fase adulta, durante a graduação, o que foi fundamental para que ela compreendesse de que forma algumas atividades ou avaliações funcionam melhor para ela.

“Em alguns momentos da minha vida eu percebia que tinha diferença, que eu não funcionava como as outras pessoas, para mim algumas coisas não eram tão naturais como são para outras pessoas, só que nunca ficou na minha cabeça que eu era autista. Foi quando eu conheci uma aluna que estudou comigo e que é autista e ela me falou ‘Yanne, autismo em mulheres é diferente’ e começou a me apresentar vários artigos falando de autismo em mulheres e ela falou que tudo o que eu descrevia para ela eram traços de autismo”, lembra.

Dois milhões de brasileiros estão dentro do espectro autista

A partir disso, Yanne buscou se informar mais sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e percebeu que, realmente, ela tinha muita identificação com algumas características do autismo. “Quando eu fui fazer a neuroavaliação eu já tinha certeza do diagnóstico. Eu fui mais por uma questão burocrática, para pegar o laudo e com isso pude dar entrada no COACESS”.

Mais do que o documento, a possibilidade de se entender enquanto uma pessoa autista fez uma grande diferença na vida da universitária. Ela considera que, a partir desse entendimento, a universidade ficou mais acessível para ela. “Hoje eu entendo como eu funciono, então, eu posso respeitar os meus limites, eu posso respeitar o meu funcional e posso adaptar as coisas para mim de acordo com a minha necessidade. Eu não preciso mais ficar me forçando a agir de uma forma que eu não vou conseguir porque não é do meu natural”, considera.

“Então, mudou bastante principalmente aqui na universidade porque antes eu achava que era incompetência minha, imaturidade, que eu que não sabia como fazer as coisas e hoje eu vejo que não, é só porque eu tenho funcionais diferentes. Hoje eu posso falar ‘professor, esse trabalho, desse jeito, não funciona para mim. O sr. tem como adaptar?’. Então, o diploma, hoje, para mim, pode ser real. Não é mais uma coisa distante por um problema meu porque eu não sou boa o suficiente. Hoje, eu já consigo sonhar com o diploma e com uma vida profissional, inclusive”.

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