Um peixe-boi, nomeado “Tico”, foi levado a um zoo na Venezuela, após percorrer mais de 5 mil km entre o litoral do Ceará, onde foi solto, e o Caribe. Os especialistas apontam que esse é o maior percurso feito por um animal dessa espécie. Agora, ambientalistas brasileiros tentam a extradição dele ao país.
O chip de rastreamento que o animal possui mostrou aos biólogos da Aquasis, ONG de preservação ambiental do Cerá, como as correntes marinhas o levaram por mais de 5 mil km, pelo Oceano Atlântico, até o Caribe.
Tico foi resgatado após encalhar em uma praia do Ceará há nove anos, quando ainda era filhote. No resgate, os biólogos fizeram todo um trabalho de recuperação com o animal, antes de devolvê-lo a natureza.
Ele foi solto em 2022, quando iniciou uma jornada ao alto mar, o que não é normal para a espécie. Os peixes-boi costumam viver em águas rasas, comendo algas e bebendo água doce.
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Vitor Luiz, gerente do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis, comentou o comportamento incomum para a espécie. “A partir do momento em que o animal vai para alto-mar, locais com até 3 mil metros de profundidade como ele o Tico foi, ele não encontra comida nem água doce”, explicou.
Ele acredita que Tico passou cerca de 45 dias sem se alimentar, sobrevivendo da reserva de energia do próprio organismo.
“A medida em que ele ia se deslocando, a gente ia fazendo contato com aeronaves e embarcações, e essa logística não foi suficiente para a gente alcançar o animal. Quando ele cruzou as fronteiras, as coisas ficaram ainda mais difíceis”, explicou Letícia Gonçalves Pereira, bióloga e coordenadora de resgates da Aquasis.
Zoológico na Venezuela
Tico foi resgatado por ambientalistas caribenhos que o levaram até a Venezuela, onde foi colocado em um zoológico. Agora, para retornar ao Ceará, é necessário um acordo entre os governos dos dois países.
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O Ministério do Meio Ambiente informou que cabe à Venezuela decidir sobre o destino do animal. Conforme as regras da convenção sobre comércio internacional das espécies silvestres ameaçadas de extinção, da qual o Brasil é signatário.
O órgão ministerial disse também que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ibama acompanham o caso desde o ano passado.
Já o Ibama disse que dialoga com autoridades da Venezuela e do Brasil para encontrar a melhor forma para o caso do peixe-boi.
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