Uma investigação da Polícia Civil apontou que estagiários e servidores públicos do setor jurídico vazaram informações sigilosas sobre operações contra organizações envolvidas no tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. 

Com isso, a polícia realizou ações em cinco cidades do estado para prender os estagiários e servidores envolvidos no esquema que passava informações para a facção criminosa. 

As informações vazadas iam de mandados de prisão a operações de busca e apreensão contra os traficantes, segundo as investigações. 

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"Eles recebiam informações consecutivas sobre quando seriam cumpridos os mandados, quem seriam os alvos. Em quais casas a polícia entraria", contou a delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Fernanda Amorim, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

A polícia descobriu que os estagiários cobravam a mais dependendo do investigado, quando maior e mais importante fosse o alvo do mandado, mais caro ficava. 

"Os valores variam e variam de acordo com essa importância, com o grau hierárquico que eles ocupam na organização", afirmou a delegada. 

A facção criminosa envolvida nas investigações é responsável pelo tráfico de drogas em um condomínio em Porto Alegre, afirmou o diretor do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), Alencar Carraro. Ele disse que as informações externas vazadas permitiram que eles conseguissem retirar material ilícito do local, como drogas, armas e dinheiro.

Cinco dias depois, quando a polícia preparava outra investida contra a quadrilha, um bandido avisou ao outro, por mensagem: "A mulher do foro diz que tem uma mega operação sigilosa". Ela seria uma estagiária do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que forneceu informações para a quadrilha.

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Em Santa Maria, policiais da delegacia de homicídios não conseguiram prender um gerente do tráfico de drogas porque as casas estavam vazias. Ex-estagiários do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul também estão entre os acusados.

"Nós temos cerca de 4.400 estagiários, cerca de 8.500 servidores e cerca de 1.000 magistrados. Houve algo próximo a 500 senhas que foram identificadas como já de ser estagiários que já não estavam mais, mas foi rapidamente resolvido isto", diz o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira.

O Tribunal de Justiça já afastou 14 estagiários e investiga a utilização indevida das senhas de outros sete servidores. Eles podem responder por violação de sigilo funcional e associação criminosa, com pena que pode chegar a sete anos.

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