plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 25°
cotação atual R$


home
CRUZEIRO DO SUL

Bairro com 350 casas é devastado por inundação no RS

O município fica localizado a 124 km de Porto Alegre. Ao todo, a cheia deixou 5.722 desalojados. Segundo a prefeitura do município, 12 pessoas morreram e outras 16 pessoas estão desaparecidas.

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Bairro com 350 casas é devastado por inundação no RS camera O município fica localizado a 124 km de Porto Alegre. | Reprodução/@marcio.steiner

Durante os dias 30 de abril e 1º de maio, o fisioterapeuta Glaucio Coutinho, 53, sua mulher, a veterinária Luciani Maria da Silva, 43, e os três filhos, de 16, 14 e 13 anos, que estavam em Goiás, ligaram incansavelmente para os pais dela, o comerciante Orlando Silva, 76, e Gladis Elisabethe, 65, tentando convencê-los a abandonar sua casa, ameaçada pelas águas do rio Taquari, que subiam rapidamente. Localizada no bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul (RS), a 124 km de Porto Alegre, no dia 2 ela foi levada pela força da enchente, com o casal e dois filhos dentro.

Eles fazem parte do grupo de 12 moradores da cidade que perderam a vida na maior enchente da história da região. Segundo a prefeitura do município, outras 16 pessoas estão desaparecidas. Ainda de acordo com o governo municipal, 70% dos habitantes foram afetados pela cheia, que deixou 5.722 desalojados. Foram cerca de 2.000 casas atingidas, das quais 1.262 foram completamente destruídas.

CONTEÚDO RELACIONADO

Alguns bairros foram varridos do mapa, como é o caso de Passo de Estrela, onde morava a família Silva. Das mais de 350 casas que havia ali, sobraram apenas os alicerces e os escombros.

Coutinho conta que o imóvel em que a família do sogro morava tinha dois pisos --no primeiro funcionava a clínica veterinária da esposa, e no segundo ficava a residência.

"Ligamos uma 200 vezes para a casa do meu sogro, a ponto de nossas baterias acabarem e terem de ser recarregadas, pedindo para eles saírem para um lugar seguro", conta. "Mas eles decidiram ficar, tentando salvar cada vez mais coisas. Conseguiram retirar muitos móveis e os carros, colocando em lugar seguro. Menos a vida deles, que não tem preço."

Há outro fator ao qual Coutinho atribui a decisão do sogro de não deixar a casa.

"Ele costumava dizer que morava ali havia 240 anos, pois somava os 80 anos de vida de seu avô, os 80 de seu pai e os 76 dele", conta. "É difícil entender por que meu sogro não quis abandonar a casa. Talvez, psicologicamente, ele não pudesse suportar a devastação que viria. E ele sabia que haveria devastação se a água chegasse ao nível previsto. Essa casa foi construída em 1940. Foi a segunda erguida naquela região. Entre 9h30 e 10h do dia 2, ela se foi, junto aos meus sogros e meus cunhados."

Chefe de produção de uma empresa de material de limpeza, Carlos Alexandre Muller, outro morador do bairro Passo de Estrela, também perdeu a casa e muito do que havia nela, mas conseguiu se salvar com a mulher e os dois filhos, um menino de 1 ano e 10 meses e uma menina recém-nascida, de 15 dias. Isso foi possível, ele diz, porque acompanha os avisos e alertas da Defesa Civil.

Quer ver mais notícias? Acesse nosso canal no WhatsApp

Quando Muller ouviu o alerta de que a enchente seria maior do que a anterior, arranjou um caminhão-baú com uns parentes e retirou tudo o que podia de sua residência. "Fomos para a casa de uma tia da minha mulher, que fica na parte mais alta aqui do Passo de Estrela", lembra. "Mas aí veio outro alerta de que a água também chegaria lá. Então pegamos o caminhão e fomos para a casa de parentes, em Mato Leitão, um município vizinho, onde a cheia não chega."

Dono de uma empresa de produtos de limpeza, José Macedo mora no centro de Cruzeiro do Sul e afirma que também costuma seguir os alertas da Defesa Civil. "Aqui sempre vem enchente, tanto que o imóvel onde fica nossa casa e a empresa é adaptado para essas situações", conta. "Quando os avisos disseram que a cheia seria maior que a anterior, começamos a levar o que era possível para o piso superior."

De nada adiantou. A água chegou até o telhado, e Macedo e a esposa tiveram que ser resgatados de barco. Isso salvou suas vidas. O que não deu para salvar foi o imóvel, que ficou com as estruturas comprometidas. "Isso foi agravado pelas embalagens vazias, no caso tambores para materiais de limpeza. Eles flutuaram e a água os forçou contra o teto, partindo-o em dois. Ainda não consegui contabilizar os prejuízos materiais."

Isso Coutinho já conseguiu fazer. "Tínhamos uma clínica com cerca de R$ 1 milhão em equipamentos. Não posso refazê-la com menos que esse valor", diz. "Na frente da clínica meu sogro tinha um mercado e um açougue. Algum tempo atrás, ofereceram R$ 1,2 milhão por eles, mas ele não queria vendê-los. Hoje tudo está perdido, o mercado caiu e a casa e a clínica foram destruídas com tudo que havia dentro."

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Brasil

    Leia mais notícias de Notícias Brasil. Clique aqui!

    Últimas Notícias