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BOMBA NOS TRÊS PODERES

PF investiga celulares, trajeto até STF e outros extremistas

Investigação do atentado na Praça dos Três Poderes foca em possíveis conexões de Francisco Wanderley Luiz com grupos radicais e financiamento do ato.

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Imagem ilustrativa da notícia PF investiga celulares, trajeto até STF e outros extremistas camera Agência Brasil

Os investigadores do atentado a bomba na praça dos Três Poderes na noite de quarta-feira (14) se debruçam sobre informações que possam confirmar se Francisco Wanderley Luiz agiu sozinho, se houve financiamento a seu ato e se há relação dele com algum radical organizado.

A análise do conteúdo do celular do autor, que foi encontrado junto a seu corpo, e o trajeto dele até o momento em que se explodiu estão entre os focos da Polícia Federal. A corporação está com o aparelho e busca informações das câmeras de segurança da Esplanada dos Ministérios.

Também tenta localizar detalhes sobre a compra de itens para a fabricação dos explosivos, incluindo um extintor de incêndio que estava com ele e poderia funcionar como um lança-chamas.

Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, há indícios de que o atentado foi planejado. Francisco estava em Brasília desde 27 de julho e tinha alugado um imóvel em Ceilândia, região administrativa do DF, e um trailer, estacionado próximo ao anexo 4 da Câmara dos Deputados.

Por volta das 19h30, depois de duas explosões na praça dos Três Poderes, viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal começaram a chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal). O chaveiro se explodiu em frente ao prédio da corte.

A cerca de 300 metros dali, o seu carro Kia Shuma 1999/2000, carregado de explosivos, pegava fogo —ao lado do trailer alugado por ele.

A PF investiga se há relação de Francisco com algum grupo radical, se ele participou dos atos golpistas de 8 de janeiro ou esteve nos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército. Um irmão dele afirmou à Folha de S.Paulo que o chaveiro esteve no acampamento, mas não assegurou que ele tenha participado dos ataques.

Os investigadores vasculharão o celular de Francisco em busca de possíveis elos com pessoas que tenham incentivado ou financiado o atentado.

Nas imagens das câmeras de segurança do STF, é possível ver que ele joga um explosivo e, em seguida, mostra que tinha artefatos no corpo a um guarda. Logo depois, deita-se no chão e aciona o explosiva na nuca.

Segundo os investigadores, Francisco portava quatro explosivos contendo parafusos dentro. Ele lançou dois, mas apenas um foi acionado. O outro ficou preso com fita na cintura dele, e mais um teria usado para se matar.

A Esplanada dos Ministérios foi bloqueada pouco tempo depois do atentado. A PM acionou a operação Petardo, procedimento usado em ocorrências envolvendo artefatos explosivos. Já o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) reforçou a segurança nas residências oficiais e realizou uma varredura na área externa ao Palácio do Planalto em busca de mais explosivos.

O cadáver de Francisco foi retirado pelo IML (Instituto Médico Legal) no início da manhã desta quinta-feira (14) após checagem se ele não tinha mais explosivos. Todo o local da explosão foi lavado depois da desmobilização dos policiais do esquadrão anti-bomba.

Ainda durante a noite de quarta, equipes da PF e da PM foram a Ceilândia. O imóvel foi cercado, e os agentes encontraram mais explosivos —usaram um robô para vasculhar o local.

Segundo o diretor-geral da PF, duas explosões ocorreram após os investigadores ingressarem no imóvel.

Os investigadores também encontraram uma mensagem no espelho do banheiro com referência a uma pessoa presa nos ataques de 8 de janeiro após ser flagrada ao pichar a estátua A Justiça, que fica em frente à sede do STF.

A mensagem, escrita com batom vermelho, cita o nome de Débora Rodrigues, autora da pichação. Mais abaixo, aparece o seguinte texto: "Por favor, não desperdice batom! Isso é para deixar as mulheres bonitas. Estátua de merda se usa TNT".

A frase pichada na escultura ("perdeu, mané") é uma referência à resposta do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a eleição de 2022. "Perdeu, mané. Não amola!", disse o ministro a um homem que o abordara em Nova York.

O esquadrão anti-bomba da PF também foi até o trailer alugado por Francisco e encontrou outro celular dele que, segundo os investigadores, é importante para as apurações.

Também localizaram mais explosivos, que foram desativados, e um boné com slogan de campanha de Bolsonaro, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Buscas e apreensões também foram realizadas em Rio do Sul (SC), cidade natal de Francisco. Os agentes da PF colheram depoimentos de pessoas próximas ao autor do atentado e apreenderam alguns aparelhos eletrônicos. A ex-mulher de Francisco afirmou aos investigadores que ele teria intenção de matar o ministro Alexandre Moraes.

Todas as buscas e apreensões foram autorizadas por Moraes antes mesmo de o inquérito ter sido designado para seu gabinete.

As primeiras páginas dos autos foram enviadas ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que, por sua vez, identificou que as explosões teriam relação com as investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro e, por isso, caberia a Moraes relatar o inquérito do atentado.

O diretor da PF diz que a corporação trata o caso a partir das linhas de investigação de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e de terrorismo. O inquérito corre em sigilo na divisão de antiterrorismo, vinculada à DIP (Diretoria de Inteligência Policial).

Na coletiva, o diretor-geral afirmou ter ressalvas sobre a declaração de que Francisco seria um "lobo solitário", como disseram bolsonaristas e um integrante do governo, o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Amaro.

Para Andrei, a ação do homem pode ter sido individual, no entanto, há sempre um grupo ou ideais de um grupo radical e extremista.

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