Após o depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, senadores da oposição decidiram ingressar com um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer.

Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a base do pedido será o depoimento à Polícia Federal do ex-ministro.

Calero afirmou à PF, segundo informações do jornal “Folha de S.Paulo”, que Temer o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para a obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). “Temer usou o cargo e agiu como sócio de Geddel. Esse fato desmoraliza mais ainda o presidente ilegítimo. Não há outro caminho, ele vai ter que responder pelo crime de responsabilidade”, disse Lindemberg ao jornal.

Na Câmara dos Deputados, o deputado Jorge Solla (PT-BA), autor de requerimentos derrotados para convocar Geddel Vieira Lima e convidar Marcelo Calero a prestarem depoimentos, disse que vai acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República).

"É um presidente da República pressionando um ministro para atender interesses patrimoniais de outro ministro. É muito grave", afirmou Solla. "Se já era uma coisa complicada, não só ilegal, mas escandalosa a postura de Geddel, isso partindo de um presidente, mesmo sendo golpista, tem que ser rechaçado", disse o deputado.

Pegos de surpresa, integrantes da oposição ao governo na Câmara evitaram comentar a denúncia de Calero contra Temer. "Preciso de mais informação porque o tema é muito delicado", disse Orlando Silva (PC do B-SP), vice-líder da Minoria.

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