Poucas coisas são mais injustas do que ser acusado de um crime não cometido. No caso do artesão Júnior Gomes dos Santos, isso se tornou um calvário ainda mais penoso: ele ficou preso três anos acusado de um assassinato do qual ele não tem nenhum envolvimento.

O caso foi mostrado no Fantástico de domingo (3). Ele foi encarcerado em 2014, em Pedra Branca (CE). “Chegou a viatura. Perguntaram se eu já havia sido preso. Eu disse que nunca. ‘Aqui está dizendo que você é foragido e cometeu um homicídio'”, lembrou. O verdadeiro acusado tinha o mesmo nome, havia nascido na mesma cidade (Patos, na Paraíba) e, como o inocente, não tinha documentos.

Porém, o suspeito, que cometeu o crime em Jucás (CE) dois anos antes, estava preso em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza e nunca tinha fugido. O Júnior que não era criminoso acabou na prisão com uma ficha policial de mesmo número daquele que estava na cadeia e com o nome da mãe também errado. “O nome da minha mãe é Rosinete, não Luzinete”, algo que ele não percebeu por ser analfabeto.

A história começou a mudar quando Evelyne Viviane, advogada da Comissão de Direito Penitenciário da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), ouviu de outro detendo que Júnior era inocente. “Pedi o nome da mãe e ele me deu os dados, que anotei em um bilhete. Quando vi que havia duas pessoas presas com o mesmo mandado de prisão, percebi que uma delas estava sofrendo injustiça”.

Erros

Vários erros permitiram que tal arbitrariedade pudesse se estender por tanto tempo. Primeiro, com a polícia. Como Júnior não tinha documentos, deveria ter passado por uma perícia que coletaria suas digitais e checaria o nome dos pais. Depois, não houve checagem de fuga: o verdadeiro criminoso estava detido.

Além disso, o advogado do acusado nunca foi informado de que houve uma nova prisão. Após a ajuda da comissão, um inocente voltou às ruas no dia 7 de novembro. Em uma ironia da vida, ele encontrou o ex-cunhado na mesma cadeia. Júnior estava longe da família há 10 anos e, por meio disso, reencontrou os quatro filhos.

(Fonte: O Povo)

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