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CRESCIMENTO

Interior concentra 70% dos empregos formais gerados no Pará

Estado registrou saldo positivo de quase 15 mil postos de trabalho em municípios fora da Região de Integração Metropolitana nos cinco primeiros meses do ano, aponta o Dieese

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Imagem ilustrativa da notícia Interior concentra 70% dos empregos formais gerados no Pará camera Canaã dos Carajás é o segundo município que mais gerou empregos formais no Estado, atrás apenas da capital | Rodrigo Pinheiro/Agência Pará

O saldo positivo de mais de 21 mil postos de trabalho formais acumulados no Pará em 2023 aponta não apenas o bom momento do estado no que se refere à geração de emprego, mas também o papel que os municípios do interior têm exercido neste cenário. Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), com base nos dados do Ministério do Trabalho, apontam que 70% dos empregos gerados no Pará, no período de janeiro a maio deste ano, se concentraram nos municípios fora da Região de Integração Metropolitana. Somente nos cinco primeiros meses do ano, o interior foi responsável por quase 15 mil postos do saldo total de empregos.

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Quando se analisa a geração de empregos considerando as 12 Regiões de Integração do Estado, o que se observa é que a Região de Integração Metropolitana, que compreende cinco municípios, incluindo a capital paraense, foi responsável por 29,8% do total de postos de trabalho que o Pará gerou neste ano, até maio. Todo o restante ficou concentrado no interior, em diferentes atividades, de acordo com a vocação econômica de cada região.

O supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, destaca que, a partir da análise dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), se observa que a vocação econômica do estado se concentra no extrativismo, cenário que vem se modificando ao longo dos anos, mas que ainda é muito presente. “Esse mapa do emprego dentro do Estado do Pará ainda segue a nossa vocação econômica e, dependendo da região do estado, a gente vai ter municípios que vão se sobressair nessa geração de empregos em três áreas, fundamentalmente: a extração mineral, a extração animal e a extração vegetal”, aponta. “O Pará vem em um bom momento de geração de empregos formais. Isso não resolve completamente o problema do desemprego, mas é bom reforçar que dos 144 municípios pesquisados até aqui, 60% deles apresentou saldo positivo na geração de empregos”.

MUNICÍPIOS

Depois de Belém, capital do estado, Canaã dos Carajás é o município que mais gera emprego no Estado, atualmente. O saldo positivo registrado pelo município que é apontado como um grande polo de produção mineral do Estado foi de mais de 3.200 postos de trabalho. Em seguida, vem o município de Parauapebas, terceiro maior gerador de empregos no Pará neste ano, também caracterizado pela vocação da extração mineral, mas com um comércio e um setor de serviços que crescem consideravelmente. “Belém ainda lidera a geração de empregos por todo o Pará, mas não reina sozinha mais do ponto de vista dessa economia que possa atrair pessoas e criar empregos, tanto que depois dela se tem Canaã dos Carajás, que está há mais de 700 km da capital, liderando o saldo positivo de empregos”, avalia Everson Costa.

Seguindo a sequência dos maiores geradores de postos de trabalho, surgem os municípios de Tomé-Açu, Itaituba, Ananindeua, Marabá, Conceição do Araguaia, Santana do Araguaia e Paragominas. Este último, no Nordeste do Estado, representando um grande polo da produção agropecuária paraense. “A movimentação da geração de empregos no nosso estado está se dando para além das fronteiras da Região de Integração Metropolitana, ela se solidifica nos municípios na medida em que eles têm um potencial mais forte para o agronegócio, ou para o comércio, ou por serviço, ou para a própria indústria”, aponta Everson. “E isso é importante porque você fixa as pessoas no interior, dá condição daquela região se desenvolver e aí a gente vê as faculdades chegando em nosso interior, shoppings, grandes clínicas, grandes empreendimentos voltados para o fornecimento de varejo e comércio. Então, se percebe que as estruturas desses municípios, que agora são concentradores de geração de emprego no Estado, estão sentindo esses bons reflexos da economia paraense”.

De uma maneira geral, o setor de serviços ainda é o principal empregador no Pará, hoje. Porém, o supervisor técnico do Dieese-PA reforça que ele não é unânime quando se considera as diferentes regiões. “Belém ainda é essencialmente comércio e serviços, mas em Marabá se tem uma indústria forte; em Parauapebas se tem o comércio, a indústria e depois serviços, já em Paragominas se tem o agronegócio gerando riqueza, renda, empregos, e outros setores”, contextualiza. “É essa diversidade e essa economia que gira nos municípios do interior do Estado que estão puxando 70% dos empregos gerados por todo o Pará. Agora, a qualificação profissional precisa vir”.

Diante da demanda, Everson aponta que não é raro que os empregadores apontem a necessidade de maior qualificação da mão de obra para inserção no mercado. E essa qualificação se refere a funções técnicas como, por exemplo, a de operadores de máquinas agrícolas, montadores, mecânicos industriais, operadores de caldeira. “Para colocar mais paraenses em postos de trabalho chave, que remunerem melhor, a qualificação profissional é fundamental. Mas não uma qualificação qualquer, uma qualificação técnica, com o timming certo, voltada para os investimentos e para a riqueza que o Estado está gerando neste momento”.

Seguindo essa tendência, a expectativa é de que o cenário de oportunidades de emprego se mantenha no segundo semestre. “A gente tem um segundo semestre recheado de mais oportunidades e esses municípios paraenses vão ajudar o estado a chegar no final de 2023 ultrapassando a marca das mais de 420 mil pessoas admitidas em todo o Pará”, acredita Everson Costa. “A gente só não sabe, ainda, de quanto será o saldo, mas pelo movimento que se vê hoje, pelos municípios que geram empregos e pela riqueza que está indo para além da Região Metropolitana, com certeza vamos ultrapassar as mais de 420 mil oportunidades de emprego geradas por todo o Pará. Pelo menos nos três últimos anos a gente já vem ultrapassando essa barreira dos 400 mil, então, vamos ver como isso se comporta este ano. A expectativa é boa”.

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