Novos aplicativos inspirados em Facebook, Instagram e Pinterest estimulam papos picantes e paqueras sem intermediários. Três mulheres relatam como Fuckbook, Uplust e Pinsex mudaram suas vidas.
FUCKBOOK
O que é? É um Facebook apimentado. Só que aqui, diferentemente da rede criada por Mark Zuckerberg, um like é sinônimo de tesão – e não mais uma curtida amigável em um post. Criado em 2009, popularizou-se no ano passado e hoje tem mais de 7 milhões de seguidores.
Vânia* 36 anos, professora de pilates
"Mal acreditei quando li o primeiro comentário: ‘Gostosa!’. Fazia menos de um minuto que eu havia aberto minha conta no Fuckbook e já tive essa recepção quente. No post de estreia, publiquei uma selfie erótica: com a câmera do celular, fiz um close dos meus seios escapando do sutiã meia-taça vermelho, que não usava desde a lua de mel.
‘Delícia!’, ‘Você deve ser um furacão da cama!’, ‘Quero te devorar inteira!’ foram algumas das mensagens que surgiram antes que a imagem completasse dez minutos no ar. A cada elogio, ganhava mais confiança. E, pela primeira vez desde meu divórcio, dois anos antes, voltei a me sentir sexy.
Descobri o Fuckbook seis meses depois de me separar do Rogério*, com quem fui casada por quatro anos e tive dois filhos. Algumas amigas perceberam minha carência e sabiam que eu estava sem disposição para me jogar na balada e paquerar. Então sempre me mandavam links de sites de namoros, tipo Par Perfeito. Até que uma delas, em tom de brincadeira, me enviou o endereço do Fuckbook. Fiquei encantada!
Nessa rede social do sexo, os posts são superquentes e, nos chats, os usuários vão direto ao ponto. E as fotos, então? Gente comum, sem medo de exibir o corpo, em imagens sacanas. Naquele momento da minha vida, o site era uma possibilidade de paquera e diversão sexual anônima, sem precisar ir a bares.
Foi estranho ficar na frente da câmera para a minha primeira selfie sensual, usando aquela lingerie de quando ainda era casada. Tirei a foto sem o rosto e postei no site rapidamente, antes que tivesse tempo de pensar duas vezes. Mas qualquer possível arrependimento sumiu quando aqueles desconhecidos começaram a elogiar meu corpo. Já faz um ano e meio que estou cadastrada no Fuckbook e, de lá para cá, postei centenas de imagens e atualizações de status
provocadoras.
Entro no site diariamente e planejo cada foto, aperfeiçoando as poses ou encontrando um ângulo novo para exibir detalhes do meu corpo. Adoro deixar mensagens eróticas para meus seguidores. Muitas vezes, levo algum deles para uma conversa reservada no chat e acabamos fazendo um delicioso sexo virtual. Sempre gostei de me masturbar, mas com uma companhia online fica muito mais gostoso.
Tenho uma vida profissional corrida e ainda tomo conta das crianças sozinha depois da separação. Minhas necessidades sexuais não desapareceram e eu ainda quero encontrar alguém bacana. No entanto, não me sinto à vontade para uma relação.O Fuckbook é uma válvula de escape para o meu tesão.
Com o site, passei a falar de sexo de um jeito mais aberto. Com o benefício do anonimato, me conectei com vários homens e mulheres, de diferentes orientações sexuais, e nem sempre o papo fica só na sacanagem. Conversamos sobre encontros desastrosos, divórcio, educação dos filhos e trabalho. Fiz amizades em um site erótico. Dá para acreditar?
Recentemente,um flerte online passou para a vida real. Conheci um rapaz, marcamos um encontro em um motel e foi ótimo. Mas não passou disso e eu nem dei meu nome verdadeiro a ele. Ainda não quero ter um caso. Para mim, a função do Fuckbook é me sentir poderosa e livre sexualmente.”
PINSEX
O que é? É a versão hot do Pinterest, em que é possível compartilhar e visualizar fotos e vídeos proibidos para menores. Os usuários dividem as imagens por categorias como “sexo explícito”, “orgia” ou “nudez”.
"O Pinsex deu um upgrade no meu casamento de 15 anos", conta a bancária Fátima*, 43 anos (Foto: Think Stock)
Fátima*, 43, bancária
"Depois de 15 anos de casamento, as coisas começaram a ficar meio sem graça na cama. Amo o Elias*, mas ultimamente, sempre que transávamos, já sabíamos como seria o começo, o meio e o fim daquele filme. Fora que temos uma rotina intensa de trabalho, contas a pagar e dois filhos adolescentes nos enchendo de preocupação.
Para piorar, como passar dos anos, percebi que meu corpo não era mais o mesmo de quando nos casamos. Sexo, só com luz apagada. O máximo que eu tinha feito para animar a nossa vida sexual foi comprar algumas lingeries novas, o que não ajudou a reacender o fogo.
Numa conversa em tom de desabafo com uma amiga, a Susana*, ela me contou que tinha se inscrito em alguns sites de mídia social erótica. No começo, fiquei chocada. Nunca tinha usado a internet para ver pornografia e o computador lá de casa era cheio de restrições para impedir que nossos filhos acessassem conteúdo impróprio. Mas a Susana me deixou curiosa. Como eu, ela e o marido estavam meio desanimados na cama, mas recuperaram a energia com essa brincadeira nas redes.
Uma semana depois, me permiti vasculhar sites de pornografia. Mas não achei a menor graça naquelas mulheres siliconadas fingindo orgasmos em transas com homens saradões. Uma dessas páginas oferecia um link para o Pinsex, uma rede social de compartilhamento de fotos e vídeos eróticos. Como já tinha conta no Pinterest, achei fácil usar o formato, e logo me acostumei com o conteúdo totalmente sexual.
Olhando fotos amadoras de mulheres reais de lingerie e casais transando, fiquei excitada. Pela primeira vez em muito tempo, estava excitada de verdade e, naquela noite, o Elias não conseguiu entender o que estava acontecendo. Praticamente caí em cima dele quando chegou do trabalho.
Nos três meses seguintes, sempre que estava sozinha em casa pegava o laptop e ia para o Pinsex. Havia muitas mulheres no site e isso fez com que não me sentisse mal. Não tinha coragemde contar nada para meu marido, tive medo que ele se considerasse traído pelo fato de eu estar vendo fotos de outros homens ou casais transando.
Até por isso levou um ano para que eu tomasse coragem para, de fato, participar daquela ‘festa’ virtual. Postei algumas fotos minhas no meu perfil, vestida só com lingerie, sentada com as pernas abertas em um sofá. Fiquei surpresa: eu estava sexy! Recebi vários elogios dos meus seguidores e isso me deu ânimo para contar sobre meu pequeno segredo ao Elias.
Para minha surpresa, ele ficou tão excitado quanto eu! E aliviado também, porque estava pensando que aquele meu fogo todo na cama era dor na consciência, como se quisesse disfarçar um caso extraconjugal. Rimos muito disso...
Dar uma espiada no Pinsex e postar fotos juntos se tornou parte regular da nossa vida sexual. Claro que nunca mostramos nosso rosto, mas o fato de termos seguidores acompanhando nossas imagens e vídeos picantes nos inspirou a experimentar coisas novas. Antes do Pinsex, nunca tínhamos nem usado um vibrador juntos! E não foi só o sexo que melhorou: agora nós conversamos mais sobre tudo e, se tem algo que me incomoda, não fico com vergonha de falar.
Por causa do Pinsex, me tornei uma pessoa mais aberta commeu marido. Ah, e o fato de ganhar tantos seguidores e bons comentários também trouxe uma regra nova: sexo, só coma luz acesa!”
UPLUST
O que é? Lançado originalmente como Pornostagram, em 2013, temmais de 100 mil seguidores e recebe 800 mil acessos diários. Como no Instagram, os usuários podemtirar fotos (eróticas, neste caso), aplicar filtros e compartilhar em suas contas.
Natália*, 25, tradutora
"Namoro o Bruno* há dois anos e sempre tivemos uma vida sexual animada. Adoramos assistir juntos a filmes pornôs, transar ao ar livre e até já fomos a uma casa de suingue. Foi ele quem descobriu o Uplust e nós adoramos brincar por lá. Quando criamos nossa conta como casal no aplicativo, que temuma forma de cadastro bem parecida com a do Instagram, começamos a fazer buscas nas hashtags mais populares: #sex, #oralsex e #treesome.
O Bruno não queria postar imagens nossas. Sua intenção era apenas bisbilhotar fotos sensuais alheias. Para surpreendê-lo, cadastrei um perfil só meu. A primeira foto: eu nua, ajoelhada na cama de frente para a parede e de costas para a câmera. Meu cabelo estava molhado e colado nas minhas costas, o bumbum empinado e refletido no espelho.
Apesar de não aparecer meu rosto na foto, fiquei nervosa. E se alguém reconhecesse minha silhueta? Também fiquei excitada, ainda mais quando desconhecidos começaram a dar curtidas depois de dois minutos que eu tinha postado a imagem, com um filtro meio avermelhado. Mostrei a foto ao Bruno naquela noite, já com mais de cem curtidas e alguns comentários bem indecentes...
Meu namorado achou a coisa toda um tesão! Saber que outros homens me desejavam o deixou louco... Recriei a pose que fiz no Uplust para o Bruno ao vivo e ficamos superexcitados, tivemos uma transa incrível. Na hora senti que o Uplust iria ‘participar’ de nossa vida sexual dali para a frente. E foi o que aconteceu: já faz um ano que postamos fotos quase diariamente.
Algumas são só insinuantes, como um close de minhas pernas com uma meia-arrastão ou um colar passando pelos meus seios. Já outras são bem mais explícitas, como eu e o Bruno transando. Nosso único cuidado é nunca mostrar o rosto, para preservar nossas identidades.
Claro que nem sempre os comentários dos seguidores sobre nossas fotos são positivos. Alguns são bem cruéis, com críticas ao meu corpo, ao tamanho do pênis do meu namorado ou me xingando de prostituta. Mas nunca levo para o lado pessoal nem me ofendo, pois sei que os haters [que odeiam] estão em todas as redes sociais. Simplesmente ignoro.
Sei que algumas pessoas de fato usam o Uplust para sexo sem compromisso, mas, para mim, só a foto importa: meu objetivo é me excitar e deixar o Bruno excitado. Às vezes olhamos fotos dos outros usuários como parte de nossas preliminares, para deixar a nossa transa mais quente. Tenho mais de 3 mil seguidores no Uplust. No mês passado, postei uma foto minha nua, usando apenas uma máscara para esconder o rosto, e recebi mais de mil curtidas. Ganhei meu dia!”
*Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas
(DOL com informações são da Revista MarieClarie)
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