“No veganismo, existe uma tríade motivadora que embasa a escolha por esta mudança de vida, é a busca por uma saúde melhor, o respeito pela vida dos animais e a preservação da natureza. Esses pilares estão intimamente ligados, e não há como falar de uma coisa sem pensar na outra”.
É assim que Petra Marron, de 29 anos, empresária e fundadora da primeira padaria vegana do Pará, a “Verderosa”, compreende ser o veganismo. Não apenas um estilo de vida individual, mas, através de seu empreendimento, fazer crescer um movimento na capital paraense que pretende popularizar experiências culinárias mais conscientes, reduzindo o impacto humano na natureza por meio de hábitos alimentares mais sustentáveis e construtivos. “Nosso slogan é: comida vegana carinhosa. Não precisa ser vegano para fazer uma escolha de vida mais consciente”, afirmou.
Situada no bairro do Umarizal, em Belém, a Verderosa foi criada em 2018 por Petra – que é entusiasta da cozinha vegana há 14 anos – a partir da necessidade de encontrar lugares que atendessem seus anseios desde então. “Sempre fui amante de cafés, padarias e experiências de encontro em torno da comida. Por isso, quando me tornei vegana, passei a sentir falta de lugares que me proporcionam isso. ‘Belém merecia uma padaria vegana’, eu pensava. E foi assim que criei a Verderosa!”, conta Petra.
Vegano ou não, quem passa por lá encontra pães, bolos, biscoitos, esfihas, pastas, milk-shakes, sucos, vitaminas, refeições e outra série de alimentos que não são de origem animal. Mas a padaria Verderosa também oferece atendimento on-line. Os produtos são entregues diariamente para um público que cresce cada vez mais.
Através da cozinha vegana, Petra entende que a Verderosa contribui, tanto no sentido de derrubar barreiras da desinformação sobre a prática veganista, quanto com o compartilhamento de boas práticas alimentares e conscientização de responsabilidade socioambiental, apresentando essas alternativas alimentícias. Tudo isso sem culpabilizar as pessoas que ainda consomem produtos de origem animal, por exemplo.
“Aqui na Verderosa, não acreditamos em uma postura agressiva no que diz respeito ao consumo de animais. Cada pessoa tem seu tempo e sua forma de olhar o mundo, de basear suas escolhas. Nosso papel é apresentar alternativas mais sustentáveis e respeitosas à natureza e aos animais. Penso que é quase como se disséssemos através da nossa comida: ‘prova aqui esse bolo, é muito gostoso. Viu só? Dá para fazer escolhas mais sustentáveis sem sofrimento’”, explicou.
A empresária entende que empreender já é um desafio enorme por si só e, quando se trata de empreendimentos do nicho, as coisas estão apenas começando. No entanto, o bom mesmo tem sido oferecer um espaço que “fura a bolha” dos veganos da cidade e acolhe a todos que se interessam.
“Quando se trata de um negócio vegano, fica mais desafiador por conta da especificidade de alguns insumos, e certa resistência por parte de pessoas não veganas que muitas vezes tem uma ideia formada de que alimentos veganos são sem graça, ou “comida de dieta”. Mas essas questões são apenas detalhes quando comparados com a enorme felicidade que é oferecer um espaço inclusivo para todos aqueles que se interessam por uma alimentação baseada em plantas. É uma alegria sem tamanho ouvir coisas como ‘esse bolo de chocolate é um dos melhores que já comi na vida’ ou ainda “nossa, não acredito que isso é vegano” e até mesmo ‘obrigada por proporcionar esses alimentos para nós que fizemos essa escolha de vida’”, afirmou.
TERRITÓRIO
A empresária acredita que, uma alimentação sustentável e livre de sofrimento animal, também representa esse cuidado com o próprio território.
“Costumo brincar que o morador de uma casa é o responsável por manter o asseio dos cômodos, os reparos periódicos nas deteriorações causadas pelo uso e pelo tempo. Não é razoável que o vizinho tenha que cuidar. Na Amazônia deveria ser a mesma lógica! Nós amazônidas somos os responsáveis pela preservação da nossa floresta, da nossa casa. Nós temos a obrigação de refletir e buscar mudanças que ao menos diminuam o problema. E a mudança começa dentro de cada um”, comentou.
A partir disso, Petra avalia que alguns desafios ainda precisam ser superados, principalmente no que diz respeito às ideias sobre veganismo que ainda vagam por aí. “Não queremos que somente veganos experimentem nossa comida. Queremos que todos possam experimentar e perceber que dá sim pra ser enormemente feliz com os vegetais. Dá pra comer bolo, brigadeiro, queijo, sorvete, pães fabuloso e etc. É por isso que estamos com assiduidade fazendo nosso trabalho. De segunda a sábado estamos com nossas portas abertas”, completou.
Para Petra Marron, o objetivo agora é buscar ainda mais melhorias para seguir com a proposta. “Nós queremos muitas coisas. Ao longo desse tempo aprendendo na prática sobre empreendedorismo, percebemos que a teoria também é importante. Então queremos buscar cada vez mais conhecimento. Queremos continuar no exercício de nossa especialidade, mas cada vez melhores. E que venham todos os interessados, a Verderosa acolhe veganos, alérgicos e todas as pessoas que de alguma maneira se interessam por este ideal”.
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