A guerra entre Rússia e Ucrânia ainda está longe de acabar, com a região vivendo dias de muita dor, sofrimento e angústia. Segundo dados da ONU, o conflito já causou a perda de 364 vidas de civis, deixando outras 759 feridas desde primeiro ataque, em 24 de fevereiro.

Mais de 500 brasileiros viviam na Ucrânia antes da guerra, segundo dados do Itamaraty, pelo menos 80 pessoas já haviam cruzado as fronteiras ucranianas. Mas eles representam apenas uma pequena parcela dos afetados pela guerra. A estimativa é de que mais de 1,5 milhão de pessoas tiveram que deixar sua vida no país e buscar abrigos em outras nações, contando apenas com a sorte e a solidariedade de quem pode ajudar.

A paraense Letícia de Castro Lemos, que desde 2017 mora com o marido e dois gatos em Cracóvia, no sul da  Polônia, é uma dessas pessoas que decidiu abrir abrir a porta de sua casa para abrigar refugiados da guerra que chegaram ao país. Saindo do Rio de Janeiro em busca de qualidade de vida e para fugir da "guerra diária" na capital carioca, Letícia conta que foi bem acolhida na Polônia, decidindo retribuir a boa recepção que teve agora que o país vizinho entrou em um momento delicado.

"Ajudar os outros sempre foi algo que me tocou. Minha avó sempre foi ligada a questões humanitárias, estando ao auxílio das pessoas que estão precisando, então isso fez parte da minha educação e da minha formação como ser humano", afirma Letícia. "Assim que a gente teve a segurança de que a Polônia não está em guerra, no sentido bélico, meu marido e eu tivemos uma angústia muito grande, de estarmos tão próximos do conflito, e ao mesmo tempo, tão confortáveis". 

Fazendo parte de uma rede de apoio formada por brasileiros, ela conta que começou a receber mensagens perguntando por pessoas disponíveis para receber por períodos prolongados famílias refugiadas, de pessoas com crianças. "Eu e meu marido temos o privilégio de termos um segundo quarto e resolvemos reorganizar esse quarto a médio prazo, oferecendo por 2 a 3 meses para uma família, para que tenham estabilidade para chegar e sair do choque, o que leva um tempo, processar o que está acontecendo, o ambiente que estão se inserindo, e decidor como que elas querem seguir", continua a paraense. 

"Eu pensei: 'onde comem dois, comem quatro'. Mas eu não pensei no resto. Não pensei que a pessoa pode vir com toda a vida dela em uma mochila. Ela precisa de muito mais asssistência que apenas comida e um teto, isso é o emergencial. Imagina você olhar para todas as suas coisas hoje e falar 'vou colocar minha vida inteira em uma mochila e vou me mudar para um lugar onde não conheço ninguém e vou me reconstruir'. É bem desafiador", segue Letícia.

Letícia ainda ressalta ainda a imensidão dos desafios vividos por que deixa a Ucrânia, com experiências inexplicáveis para quem não vivenciou o desespero da guerra. "Essas pessoas são refugiados de guerra. Não sabemos o que viram, o que vivenciaram, quem e o que deixaram na Ucrânia, não sabemos o que estão sentindo. Temos uma rede de apoio para tentar auxiliar, mas é uma situação ainda complexa", continua.

A paraense compartilhou a decisão em sua página do Instagram, onde tem compartilhado a rotina para receber a família refugiada e também onde pede ajuda de doações, já que como ela ressalta, a família que vai receber também precisa de auxílio financeiro, já que os gastos com água, energia elétrica, comida e outros também aumenta, ressaltanto apenas os itens mais básicos.

"Quando decidimos receber a família, sabendo que a gente talvez não tenha as condições financeiras de auxiliar como a gente gostaria, pedimos ajuda aos nossos familiares, se poderiam ajudar essa família a se reconstruir aqui. E ai virou uma corrente de amor, estendida da Polônia para o Brasil", completa Letícia, afirmando que aproveitou o apoio para ampliar a rede de apoio, ajudando outras famílias além da que ela conseguiu abrigar em sua casa. "Acabamos virando esse ponto de apoio, e virou um projeto. Já tinha a intenção de trabalhar com isso antes, no sentido de apoiar com impacto positivo na sociedade e com responsabilidade social, e de repente, a vida chamou".

Desde a manhã de segunda-feira (7) ela e o maridao abrigam uma família composta por 2 mulheres e 2 crianças, e deve seguir compartilhando mais novidades em suas redes sociais

Dados para quem quiser ajudar 

Nome: Letícia Friole / Brasil - pix: (21) 99987-7054

Exterior €/£/$ - Revolut do Felipe seu marido:

IBAN: LT60 3250 0209 7833 6332

BIC: REVOLT21

Beneficiary: Luiz Felipe Mouzer De Castro Lemos

PayPal: felipelemos@gmail.com

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