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GUERRA COM RÚSSIA

Ucrânia diz que negociação é difícil, mas deve ser retomada

Zelenski disse que Ucrânia e Rússia devem tomar a difícil decisão de prosseguir com as negociações, ainda que tenha sinalizado que só haverá avanços nesse sentido se Moscou reconhecer o que suas tropas fizeram com civis.

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Imagem ilustrativa da notícia Ucrânia diz que negociação é difícil, mas deve ser retomada camera Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky e o presidente russo Vladimir Putin | Reprodução

O presidente da Ucrânia disse nesta terça (5) que, embora o diálogo com a Rússia seja o único meio de encerrar a guerra que já dura 41 dias, uma conversa direta com Vladimir Putin estaria fora de cogitação.

Durante entrevista a jornalistas ucranianos, Volodimir Zelenski voltou a citar o que chamou de genocídio em Butcha como um obstáculo nas negociações de paz. Em visita à cidade onde centenas de corpos foram encontrados nas ruas e em valas comuns após a retirada de tropas russas, o líder ucraniano já havia dito que era "difícil conversar" depois de ver o cenário de massacre.

"Todos nós, inclusive eu, perceberemos até mesmo a possibilidade de negociações como um desafio", disse Zelenski. "O desafio é interno, antes de tudo, o próprio desafio humano. Então, quando você se recompõe e tem que fazer isso, acho que não temos outra escolha."

Mas depois de descrever os eventos de Butcha como imperdoáveis, Zelenski disse que Ucrânia e Rússia devem tomar a difícil decisão de prosseguir com as negociações, ainda que tenha sinalizado que só haverá avanços nesse sentido se Moscou reconhecer o que suas tropas fizeram.

Essa possível admissão por parte da Rússia é altamente improvável. Desde que as imagens dos cadáveres em Butcha começaram a circular no sábado (2), Moscou culpou "radicais ucranianos", chamou a divulgação de "provocação" e reforçou o discurso de que não atava civis de maneira deliberada.

A diplomacia russa afirmou ainda que encaminharia ao Conselho de Segurança das Nações Unidas evidências empíricas para comprovar "a farsa de Kiev e seus patrocinadores no Ocidente".

Nesta terça, Moscou fez novas investidas contra o que chama de "fake news" da Ucrânia. "Estas são falsificações maturadas na imaginação cínica da propaganda ucraniana", disse no Telegram Dmitri Medvedev, ex-presidente e atual vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia.

Segundo ele, Kiev teria recebido grandes quantias de dinheiro de empresas ocidentais de relações públicas e de organizações não governamentais para tentar incriminar Moscou.

"Para desumanizar a Rússia e para sua máxima difamação, as feras frenéticas dos batalhões nacionais e unidades de defesa territorial estão preparadas para matar até seus próprios civis", disse Medvedev, sem apresentar provas das afirmações.

Em um comunicado, o Ministério da Defesa russo disse ter evidências de que o Centro de Operações Psicológicas da Ucrânia "encenou uma filmagem de civis supostamente mortos pelas ações violentas das Forças Armadas russas". As evidências, no entanto, não foram divulgadas nem detalhadas.

Um dos argumentos do Kremlin se baseia no fato de que as forças russas se retiraram de Butcha em 30 de março. O prefeito declarou a cidade livre dos invasores no dia seguinte, mas os corpos de civis só foram mostrados no último fim de semana. Segundo Moscou, os cadáveres mostrados em algumas imagens não apresentavam sinais característicos da degradação que teriam sofrido depois de ficarem expostos por vários dias.

Uma análise independente feita pelo jornal americano The New York Times com base em imagens de satélite da empresa Maxar, porém, mostra que ao menos 11 dos corpos estariam nas ruas de Butcha já durante a ocupação russa.

A reportagem comparou um vídeo publicado por um ucraniano no último sábado, na rua Iablonska, com fotos de satélite do dia 11 de março -objetos compatíveis com o tamanho de uma pessoa podiam ser vistos nos mesmos locais em que o vídeo mostrava corpos. Ou seja, as vítimas teriam ficado expostas nas ruas por mais de três semanas.

Outra análise, comparando um vídeo com imagens de satélite captadas entre os dias 20 e 21, identificou três corpos próximos a uma bicicleta e um carro abandonado.

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