Desde as primeiras escavações no Egito em busca de ouro, muito artefatos históricos foram roubados, outros vendidos sob condições obscuras ou simplesmente dados como presente a outros países. Porém, alguns desses objetos resolveram ressurgir dos esconderijos e surpreender o mundo.

Essa semana, uma cabeça de uma múmia egípcia separada de seu corpo, foi encontrada no Reino Unido, ela já passou por exames de tomografia computadorizada para que os cientistas coletassem dados sobre sua história. O crânio foi encontrado escondido no sótão de uma residência em Ramsgate, no condado de Kent, no sudeste da Inglaterra, pelo irmão do proprietário já falecido, e entregue ao Museu de Canterbury.

Até o momento não há detalhes sobre a múmia, acredita-se que ela chegou à Inglaterra no século 19, como lembrança de uma viagem ao Egito, e passou de geração a geração na mesma família.

Cabeça de múmia egípcia é achada em sótão no Reino Unido
📷 |Crédito: cortesia Maidstone and Tunbridge Wells NHS Trust

O primeiro exame de raio X da cabeça, realizado na Canterbury Christ Church University, sugeriu que ela pertencia a uma mulher adulta. Uma tomografia computadorizada mais detalhada foi organizada por uma equipe liderada por James Elliot, radiologista sênior do Maidstone and Tunbridge Wells NHS Trust para descobrir novos detalhes sobre essa pessoa.

“A varredura fornece uma enorme quantidade de informações – tudo, desde status dentário, patologias, método de preservação, bem como estimativas de idade e sexo”, disse Elliot em comunicado. “Planejamos usar os dados de escaneamento para criar uma réplica tridimensional da cabeça e uma possível reconstrução facial a fim de permitir um estudo mais intensivo sem expor o artefato real. Reconstruções semelhantes foram feitas com Ta Kush, a múmia do Museu Maidstone.”

Cabeça de múmia egípcia é achada em sótão no Reino Unido
📷 |Crédito: cortesia Maidstone and Tunbridge Wells NHS Trust

De acordo com os cientistas, os resultados indicam que o cérebro da mulher foi removido, os dentes estavam bem desgastados e a língua mostrava ótima preservação. Novas descobertas são aguardadas com o aprofundamento da análise e a reconstituição da cabeça em 3D.

“A partir de 3500 a.C., a mumificação era vista como uma forma de salvaguardar o espírito em sua jornada para a vida após a morte”, observou Elliot. “A mumificação era uma prática comum no antigo Egito tanto para as pessoas comuns quanto para a realeza, mas a complexidade e os níveis associados de riqueza eram diferentes. (...) Ironicamente, os antigos egípcios acreditavam que a mente de uma pessoa era mantida em seu coração e tinham pouca consideração pelo cérebro. Independentemente disso, o cérebro foi removido para ajudar na preservação do indivíduo.”

Ele prosseguiu: “Embora relatos tradicionais afirmem que o cérebro foi removido exclusivamente pelo nariz, pesquisas usando tomografia computadorizada mostraram grande variabilidade. Até recentemente, os relatos históricos eram aceitos como evangelho, mas a digitalização de múmias egípcias desafiou essas ideias”.

Atualmente, a cabeça está sendo analizada por uma arqueológica profissional, Dana Goodburn-Brown. Ela está coordenando a pesquisa em curso, que reúne a Canterbury Christ Church University, a Universidade de Kent e a Universidade de Oxford. O plano é revelar as descobertas ao público no Museu Beaney, em Canterbury.

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