O ex-guerrilheiro e ex-senador Gustavo Petro, 62, tomou posse neste domingo (7) como presidente da Colômbia, o primeiro nome da esquerda a chegar ao poder no país sul-americano.

Ele assumiu o cargo em uma grande cerimônia na capital Bogotá, na qual se reuniram 150 mil pessoas, segundo a organização. Um forte esquema de segurança foi montado ao redor da praça Bolívar, que às 14h30 no horário local (16h30 em Brasília) já estava lotada, depois de filas se formarem na região em torno da Casa de Nariño desde a manhã.

Petro subiu ao palco destinado ao juramento presidencial às 15h15 (17h15 em Brasília). Chegou acompanhado da mulher e dos filhos e embalado pelos gritos de "Sim, se pode" e "O povo, unido, jamais será vencido". Antes, o político cumprimentou alguns dos convidados, como o rei da Espanha, Felipe 6º, o presidente do Chile, Gabriel Boric, e os ex-presidentes Juan Manuel Santos e Cesar Gavíria.

Como ocorre tradicionalmente, o novo presidente caminha do palácio de San Carlos, sede da chancelaria, até a praça Bolívar. Petro inovou ao pedir que não fosse estendido no local um tapete vermelho, como também é tradição. O juramento foi rápido: "Juro a Deus e prometo ao povo cumprir com a Constituição e as leis da Colômbia". Na sequência, a vice-presidente, Francia Márquez, também fez o seu: "Juro diante de meus ancestrais, até que a dignidade passe a ser um costume".

A dupla foi muito aplaudida, enquanto se escutavam rojões pelo centro da cidade. A praça Bolívar estava repleta de jovens e indígenas que, pela primeira vez na história do país, tiveram papel central, ocupando filas na frente da plateia -um pedido da vice, que também carrega o ineditismo de ser a primeira mulher negra no posto.

Representantes de distintas etnias -da floresta, das montanhas e da região do Caribe- andavam em grupos e eram surpreendidos por curiosos, jornalistas ou turistas para tirar fotos. Como as ruas do centro estavam bloqueadas, impedindo a circulação de carros, era preciso caminhar até as barreiras de controle, onde muitos na fila tiravam instrumentos musicais das bolsas e tocavam um pouco até que a polícia revistasse cada um.

Muitos jovens chegavam enrolados em bandeiras da Colômbia, mas também era possível ver símbolos comunistas e do M-19, guerrilha da qual Petro foi integrante até o acordo de paz que promoveu a desmobilização do grupo, em 1990.

Na frente do palco, foram reservados espaços para líderes estrangeiros e ao menos dez chefes de Estado presentes, ex-presidentes da Colômbia, militares, representantes da Igreja e políticos como o populista Rodolfo Hernández, derrotado por Petro no segundo turno, em junho. O Brasil se fez representar pelo chanceler Carlos França.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, não foi convidado, embora tenha enviado representantes. Como a prioridade das relações exteriores de Petro é reabrir as fronteiras e restabelecer as relações com Caracas, deixando de reconhecer Juan Guaidó como presidente, a nova gestão afirma que as coisas serão feitas de modo ordenado.

Primeiro, se organizará a reabertura de embaixadas e pontos fronteiriços; depois, seria promovido um encontro entre Petro e Maduro. Havia rumores de que este ocorreria já nesta segunda-feira (8), mas o governo nega que as condições estejam dadas agora para isso, segundo uma fonte próxima a Petro disse à Folha de S.Paulo.

Depois da passagem da faixa presidencial de Iván Duque a Petro, estão previstos shows de artistas, incluindo nomes regionais, até o final da noite. Há palcos montados em diversas cidades do país. Antes da posse, Petro anunciou dois novos ministros, Nestor Osuña (Justiça), próximo ao ex-presidente Juan Manuel Santos, e Catalina Velasco Campuzano (Habitação), secretária na gestão de Petrona Prefeitura de Bogotá.

Cerca de 150 mil pessoas compareceram à posse de Gustavo Petro, em Bogotá. Foto: Reprodução/Facebook

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