A Suécia não terá mais a chamada diplomacia feminista nem um ministério do meio ambiente, apontou o novo governo do país na terça-feira (18). Um dia antes, o moderado Ulf Kristersson foi oficializado como primeiro-ministro do país nórdico, após formar uma coalizão com outros três partidos, incluindo o Democratas Suecos, de ultradireita.
O status diplomático da nação nórdica foi estabelecido em 2014 pela então ministra das Relações Exteriores, Margot Wallström, e tinha o objetivo de abarcar globalmente a promoção da emancipação econômica, o combate à violência sexual e o aumento da participação política das mulheres.
Desde que entrou em vigor, a medida foi elogiada por ativistas feministas, apesar de aflorar tensões com países do Oriente Médio. Em 2015, por exemplo, observações críticas de Wallström sobre os direitos das mulheres na Arábia Saudita levaram a nação do Golfo a chamar de volta seu embaixador em Estocolmo.
Na prática, é difícil mensurar os frutos do status no período em que ele vigorou. Em um documento de 2018, a Suécia apontou que leis na Moldova e na Somália sobre a representação de mulheres na política foram frutos da diplomacia feminista, assim como a inclusão dos princípios de igualdade de gênero no acordo de paz firmado entre o o governo da Colômbia e as Farc em 2016.
A política também teria contribuído para novas legislações em cerca de 20 países, muitas vezes relacionadas à violência de gênero, mutilação genital feminina e casamento infantil.
Embora não haja uma definição consensual do que constitui uma política externa feminista, a ONU estipula que ao menos outros sete países tem ações semelhantes: Canadá, França, México, Espanha, Luxemburgo, Alemanha e Chile. Holanda e Bélgica, segundo as Nações Unidas, estão em processo para reorientar sua diplomacia. Paralelamente, o último governo sueco havia anunciado, em janeiro, a criação de um grupo de 16 países com diplomacias feministas.
Nesta terça, coube ao atual chanceler sueco, Tobias Billström, anunciar o fim do título. Segundo ele, "rótulos têm o mau hábito de prevaleceram sobre o conteúdo", ainda que tenha frisado que "a igualdade de gênero é um valor fundamental na Suécia e para este governo". Com 13 homens e 11 mulheres, o novo governo sueco já não é mais paritário.
A influência da ultradireita no poder sueco também pode ter reverberado na condução das históricas políticas climáticas do país. Ainda nesta terça, Kristersson anunciou que o Ministério do Meio Ambiente deixaria de ser uma pasta independente para ser vinculada ao Ministério de Economia e Energia, comandado pelo Partido Democrata-Cristão.
A pasta ambiental, de qualquer forma, será liderada por Romina Pourmokhtari, 26, a titular ministerial mais jovem da história do país, segundo o jornal britânico The Guardian. De origem iraniana, ela dirigia até agora a Juventude do Partido Liberal, de centro-direita e, em 2020, propôs um imposto sobre a carne para ajudar a combater as mudanças climáticas.
Nas últimas semanas, Pourmokhtari criticou abertamente a aproximação dos Liberais com os Democratas Suecos, defensores de causas anti-imigratórias e contrários a várias políticas verdes anunciadas pelo governo anterior.
Ao todo, o novo governo será composto por 12 ministros moderados -além do próprio premiê -, seis democratas-cristãos e cinco liberais. Já a extrema direita não liderará ministérios, embora os democratas suecos estarão presentes em todas as pastas.
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