Os EUA seguem considerando o regime de Nicolás Maduro na Venezuela ilegítimo, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, nesta terça (3), dias após a oposição do país latino-americano deixar de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino.
Price falou a repórteres após divulgar comunicado no qual diz que Washington continua a reconhecer a Assembleia Nacional de 2015 a única instituição democrática remanescente na Venezuela.
O conjunto dos deputados eleitos naquele ano, na prática, teve o mandato encerrado em 2020, quando o regime de Maduro realizou um pleito boicotado por críticos e considerado fraudulento por boa parte da comunidade internacional, que não reconhece sua legitimidade.
"O padrão de repressão política e abusos cometidos contra os direitos humanos pelo regime de Maduro, assim como as severas restrições políticas a atores da sociedade civil e à liberdade de expressão, furtaram do povo venezuelano o direito democrático à autodeterminação", diz o comunicado.
O texto ainda insiste na importância de serem realizadas eleições livres em 2024 no país e que uma agenda para o pleito seja anunciada o mais rápido possível por Caracas. O assunto é um dos principais na mesa de diálogo retomada em novembro, na cidade do México, entre regime e oposição venezuelanos.
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No último ano, Washington aliviou sanções contra Caracas -em partes para promover reaproximação diplomática, em partes porque tem preocupações domésticas devido à Guerra da Ucrânia. Em novembro, por exemplo, foram atenuadas sanções no setor do petróleo, protagonista da economia venezuelana.
Naquele mês, os EUA anunciaram que voltarão a permitir que a petroleira Chevron importe petróleo e derivados produzidos em território venezuelano, desde que a gigante estatal do país de Maduro, a PDVSA, não se beneficie disso. A primeira exportação nestes moldes, relatou a agência Reuters, ocorreria neste mês.
Acenos têm sido dados por parte de Caracas também. Maduro afirmou, na segunda (2), que seu país está "totalmente preparado" para um "processo de normalização das relações diplomáticas, consulares e políticas com este governo dos EUA [de Joe Biden] e com os que vierem".
Com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência do Brasil, Washginton também tem manifestado interesse de usar as conexões do petista com líderes do regime venezuelano para facilitar as tratativas.
Nesta quarta (4), segundo fontes do governo americano ouvidas pela Reuters, o assunto foi um dos presentes nos 40 minutos de conversa entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Antes mesmo de assumir o cargo, ainda durante a transição de governos, Vieira informou que as relações entre Brasília e Caracas seriam prontamente retomadas. O diálogo com o país vizinho, origem do maior fluxo de migrantes e refugiados para o Brasil atualmente, havia sido interrompido pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).
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