![A China está desenvolvendo um trem voador de 1.000 km/h com tecnologia maglev. Imagem ilustrativa da notícia Após trem-bala, China quer agora 'trem voador' de 1.000 km/h](https://cdn.dol.com.br/img/Artigo-Destaque/890000/640x360/imagemotimizada-3_00893832_0_-3.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dol.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F890000%2Fimagemotimizada-3_00893832_0_.jpg%3Fxid%3D3004617&xid=3004617)
A tecnologia maglev, de levitação magnética, tem mais de um século. Dezenas de iniciativas comerciais foram lançadas e abandonadas desde então, da Europa à Ásia. A mais bem-sucedida e persistente, uma linha entre o centro de Xangai e o aeroporto de Pudong, completou 20 anos em 2024, porém sua ampliação até Hangzhou veio sendo adiada pelo avanço do trem-bala.
As pesquisas não pararam, desenvolvendo e integrando duas outras tecnologias-chave para viabilizar o que Wang Peng, da Academia de Ciências Sociais de Pequim, chama de "trem de ultra-alta velocidade" --e vem sendo popularizado como "trem voador". Outro nome é "hyperloop", lançado por Elon Musk num estudo da Tesla em 2013, para um trem semelhante, hoje abandonado.
Os testes realizados com o "trem voador" ao longo do ano passado pelos engenheiros da Casic (Corporação de Ciência e Indústria Aeroespacial da China) "causaram sensação em escala global por causa das inovações", segundo Wang --destacando que seus direitos de propriedade intelectual estão vinculados ao país.
VEJA TAMBÉM
- EUA enfrenta terceiro acidente aéreo fatal em dez dias
- Cientista afirma que pika é resistente a mudança climática
- Após pressão dos EUA, Panamá sairá da 'Nova Rota da Seda'
São duas: a tecnologia supercondutora de alta temperatura, não baixa como buscada até então, e a tecnologia de tubulação a quase vácuo.
Após o teste mais recente, num túnel de dois quilômetros completado no final de 2023 em Datong, na província de Shanxi, a Casic evitou divulgar a velocidade atingida. Anunciou apenas que havia superado os 623 km/h de fevereiro passado e que tem capacidade para 1.000 km/h, equivalente ou pouco acima da velocidade na aviação comercial.
A estatal acrescentou que, com o tempo, ele pode chegar a 4.000 km/h. "Imagine viajar do Rio de Janeiro a Salvador em meia hora!", escreveu a conta de Instagram da Embaixada da China no Brasil, no final do ano.
Em parte pela trajetória de altos e baixos da tecnologia maglev, há dúvidas quanto ao prazo para o projeto da Casic sair dos testes. O especialista David Feng, que acompanhou a ascensão ferroviária da China nas últimas décadas, prevê a entrada em operação comercial só daqui a dez anos e com velocidade limitada.
"Ainda está em estágio muito, muito inicial", diz ele. Mas salienta que o projeto levará adiante uma "revolução urgentemente necessária nesta era de crise climática: se você pode chegar lá de trem, acabam-se os voos poluidores".
O engenheiro brasileiro Daniel Xie, diretor de uma empresa criada em Zhongguancun, o distrito tecnológico de Pequim, também avalia que, "na prática, por custo e segurança, haverá limite na velocidade", como aconteceu com o trem-bala.
Diz já ter ouvido fontes oficiais falando em lançamento comercial em 2035 e 2037 --e, anteriormente, até mesmo em 2025. "Mas tudo com termos como planejamento, possibilidade, então, nada concreto", diz.
"Não vai virar operação tão rápido, até pelo ponto de vista de engenharia e custo. É muito difícil colocar em prática, por ser um trem em movimento quase no vácuo. E a manutenção, custo de passagem, segurança, questões geológicas. É super desafiador."
Também duvida do impacto sobre a aviação comercial. "Não acredito que vá afetar", diz. "Pelo grande investimento em infraestrutura e manutenção e pela dificuldade de engenharia, é para interligar as cidades grandes da China, formando o que eles chamam de círculo de economia de uma hora", referência ao tempo de transporte.
O Conselho de Estado, equivalente ao ministério na China, e o Comitê Central do Partido Comunista aprovaram em setembro de 2019 o "Esboço para a Construção de uma Potência de Transporte", que passou a fortalecer a pesquisa em eventuais tecnologias disruptivas no setor.
Quer mais notícias do Mundo? Acesse nosso canal no WhatsApp
Investiu desde então não só no desenvolvimento da "ferrovia de ultra-alta velocidade em tubo de baixo vácuo", para 1.000 km/h, como em levar o trem-bala atual a uma velocidade de 400 km/h. Também voltou a insistir na tecnologia maglev tradicional, para alcançar 600 km/h.
O trem-bala mais veloz é que o está mais avançado. Foram apresentados em dezembro os protótipos do CR450, que alcançam 450 km/h, mas devem ter velocidade operacional restrita a 400 km/h. "Este será o novo carro-chefe", diz Feng. "Seus novos recursos são incríveis. Espero embarcar no primeiro, se puder."
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar