
Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21), o Vaticano inicia uma série de procedimentos. O "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis" (ritos funerais para um pontífice romano) contém indicações para a liturgia e as orações das cerimônias que envolvem o sepultamento. Quase 25 anos depois de sua primeira edição, uma nova versão foi publicada em novembro de 2024, após aprovação de Francisco, com a intenção de simplificar alguns processos.
Entre as mudanças, a morte do papa passou a ser constatada em sua capela privada, e não mais no quarto do pontífice. É considerado um mito o suposto gesto do camerlengo de bater gentilmente com um martelo de prata sobre a testa do papa, para atestar a morte.
Leia também:
- Votos e fumaça: entenda o conclave, que elegerá novo papa
- Relembre os fatos marcantes da história do Papa Francisco
- Helder e Hana Ghassan lamentam morte do papa Francisco
- Profecia sobre Francisco prevê "fim dos papas e desolação do mundo"
As normas do Vaticano não previam, porém, a hipótese de morte do pontífice em um hospital, o que jamais havia ocorrido antes de Francisco, segundo os registros históricos. Depois que o Vaticano surgiu como cidade-Estado, em 1929, todos os papas haviam morrido em propriedades da Igreja, incluindo a casa de veraneio, em Castel Gandolfo.
A pedido de Francisco, foram eliminados os três tradicionais caixões de cipreste, chumbo e carvalho (um era colocado dentro do outro) por apenas um, simples, de madeira revestido de zinco.
Já a Constituição "Universi Dominici Gregis" (todo o rebanho do Senhor), publicada em 1996 por João Paulo 2o(1920-2005), reúne, em mais de 90 artigos, as regras de como proceder desde quando o posto do papa fica vago até a posse do substituto. Em 2013, Bento 16 (1927-2022) publicou uma carta com uma dúzia de mudanças pouco antes de renunciar ao cargo.
Quando o papa morre, o Colégio Cardinalício, o grupo de cardeais, assume as funções de Estado e de governo do Vaticano, sob autoridade do camerlengo, um cargo nomeado pelo papa. Desde 2019, o irlandês naturalizado norte-americano Kevin Joseph Farrell ocupa a vaga, escolhido por Francisco.
Nos dias sem papa, é o camerlengo quem fica responsável pelos bens da Santa Sé e estabelece o cronograma das reuniões preparatórias para o conclave, como é chamada a assembleia de cardeais que elege o próximo pontífice. Também cabe a ele, auxiliado por cardeais, definir os detalhes das cerimônias fúnebres.
O camerlengo, tão logo saiba da morte do pontífice, tem a tarefa de verificar o óbito e lacrar o quarto e o escritório papais. Em seguida, os cardeais espalhados pelo mundo são avisados, assim como os chefes de Estado internacionais. O período de cerimônias fúnebres deve durar nove dias, e o sepultamento precisa ocorrer entre o quarto e o sexto dia após a morte.
Em 2005, João Paulo 2o, o último papa a morrer no cargo, foi enterrado seis dias após a morte, aos 84 anos. Depois de exposto na Sala Clementina para funcionários do Vaticano, o corpo foi para a Basílica São Pedro, para ser homenageado pelos fiéis.
Pontífice por 26 anos, João Paulo 2o atraiu uma multidão - cerca de 3 milhões de pessoas passaram pelo Vaticano durante os seis dias. Em média, foi preciso esperar 13 horas para entrar na basílica, que registrou fluxo de 21 mil pessoas por hora. No dia do funeral, 500 mil acompanharam a missa na praça São Pedro.
Foi também um dos eventos mais midiáticos do Vaticano, com 6.000 jornalistas credenciados. Ao menos 130 redes de televisão de quase uma centena de países transmitiram o funeral. O polonês foi enterrado em uma cripta sob a basílica, onde ficou até 2011, quando foi transferido para uma capela dentro da igreja.
As proporções que cercaram a morte de Bento 16, em 2022, foram muito mais modestas. Seja porque seu papado foi menos duradouro (sete anos) e popular do que o de seu antecessor, seja porque Joseph Ratzinger não estava mais no poder -sua renúncia, em 2013, fez dele um papa emérito. Cerca de 200 mil pessoas passaram pelo Vaticano durante o velório, e a missa do funeral foi acompanhada por 50 mil.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar