A boliviana Célia Castedo Monasterio, apontada como responsável por ter autorizado o plano de voo do avião da Lamia que levava a delegação da Chapecoense e partiu de Santa Cruz de la Sierra entrou com um pedido de refúgio no Brasil. A solicitação foi feita na segunda-feira na sede da Polícia Federal em Corumbá (MS).
De acordo com o delegado Sergio Luis Macedo, a solicitação já foi encaminhada ao Ministério da Justiça, que tem até um ano para avaliar o pedido. Durante este período, Célia pode permanecer legalmente em território brasileiro.

"Ela alegou que está sendo perseguida e tida como um bode expiatório, a única culpada pelo Ministério Público Boliviano neste acidente. Ela diz que não tinha autoridade para impedir que o avião decolasse. Então foi feito o pedido de refúgio aqui na delegacia, que é enviado automaticamente ao Ministério da Justiça por meio de um sistema computadorizado. Mas a partir de agora, ela já pode ir para onde quiser aqui no Brasil", disse Macedo.

Célia também prestou depoimento ao Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul, mas o delegado disse que não teve acesso a ele. O órgão publicou uma nota oficial.

"A boliviana C.C.M foi atendida na Procuradoria da República no município de Corumbá/MS. A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro", diz o comunicado oficial do MPF.

Célia é funcionária da AASANA (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) e revisou os planos de voo do avião da Lamia antes do embarque. Um documento mostra a assinatura da funcionária, que chegou questionar o plano e apontar diversas falhas para Álex Quispe, um dos tripulantes da aeronave que caiu e uma das vítimas fatais do acidente.

O plano de voo foi apresentado à funcionária 1h antes do avião decolar. Castedo afirma ter questionado o tripulante sobre cinco tópicos, entre eles o tempo de voo previsto de Santa Cruz de la Sierra até o aeroporto de Medellín - que era exatamente igual à quantidade de combustível da aeronave, não prevendo possíveis atrasos. Apesar dos questionamentos, porém, o avião foi autorizado e decolou do aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Veja a nota completa do MPF

A boliviana C.C.M foi atendida na Procuradoria da República no município de Corumbá/MS. A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro.

C.C.M. trabalha na Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasaana) e teria apontado problemas no plano do voo que transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes para a cidade de Medellín, na Colômbia, em 28 de novembro.

A Aasaana teria enviado ao Ministério Público boliviano notícia-crime por "não cumprimento de deveres" e "atentado contra a segurança dos transportes" e estaria suspensa de suas funções por suspeita de negligência.

Na quarta-feira, dia 7, dois procuradores brasileiros participarão de reunião de trabalho com membros dos Ministérios Públicos boliviano e colombiano, para participar dos trabalhos de investigação sobre o acidente do voo CP2933 da Lamia. 

As informações são do UOL Esporte. 

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