No momento em que o tema mais importante no Brasil, e talvez no mundo, seja a preservação da floresta amazônica, a Agropalma, situada no município de Tailândia, a 270 quilômetros de Belém, dá um exemplo de processo agroindustrial com preservação ambiental.

A Agropalma possui 107 mil hectares de terras e – destes - 40 mil são de plantações de palma com certificação Roundtable and Sustainable Palm Oil (RSPO), a mais importante do mundo nessa área, que atesta que a produção é feita de acordo com os oito princípios, 39 critérios e mais de 120 indicadores de sustentabilidade.

Não bastasse isso, a Agropalma é responsável também pela proteção de 64 mil hectares de reservas ambientais na Amazônia. Engenheiro de alimentos, CEO da Agropalma e Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito diz que a empresa se preocupa com o meio ambiente.

“Temos 64 mil hectares de área de reserva florestal. Que possui mata primária e secundária, que é um extrato da Amazônia original. Temos uma equipe de Vigilância Patrimonial composta por agrônomos e fiscais que visitam todas as áreas de campo. Mantemos, monitoramos e conservamos todos esses 64 mil hectares diuturnamente”, explica Marcello.

Monitoramento e e vigilância garantem a conservação da floresta, destaca Marcello Brito, CEO da Agropalma
📷 Monitoramento e e vigilância garantem a conservação da floresta, destaca Marcello Brito, CEO da Agropalma |(Divulgação)

Parceria

Em recente entrevista à Rádio Bandeirantes, Marcello Brito explicou também que - em relação a discussão internacional sobre interesses que vão além da preservação ambiental - o agronegócio brasileiro precisa se preocupar em combater o desmatamento em parceria com o governo. “90% do desmatamento brasileiro é ilegal, advindo basicamente de grilagem de terras e de obtenção de madeiras ilegais, mas isso cola no agronegócio. Então o agronegócio nacional tem todo o interesse em colaborar com as entidades governamentais no combate efetivo do desmatamento ilegal do Brasil”.

Desde 2001 a Agropalma adotou a política de desmatamento zero, assegurando assim o sucesso absoluto dos programas de proteção das reservas florestais e do monitoramento da biodiversidade.

O programa de proteção das reservas conta com uma equipe especializada para tratar desses assuntos. Cerca de 30 vigilantes florestais, equipados em motocicletas, bicicletas, barcos e até mesmo a pé, por meio de trilhas, ruas e rios, dentro da propriedade da empresa, fazem diariamente o monitoramento dessas áreas. No intuito de combater as atividades ilegais de desmatamento, retirada de vegetais, pesca e caça ilegais dentro da área de abrangência da empresa, na região do Baixo Tocantins. César Abreu, gerente geral da Agropalma, revela que essas ações não são permitidas nas terras da Agropalma. “A pesca, a caça e a derrubada de madeira são totalmente proibidas.

Por isso que temos a certificação RSPO, que atesta a sustentabilidade dos nossos plantios e que também preservamos e conservamos as reversas florestais”.

Invasão 

Cada vigilante da Agropalma é responsável por monitorar cerca de 2 mil hectares da reserva florestal da empresa. E mesmo possuindo uma equipe de profissionais competentes para supervisionar as áreas em proteção, a Agropalma não escapou da ação de madeireiros ilegais.

“Infelizmente ainda existe essa chaga do madeireiro ilegal, que em alguns momentos invade as áreas da empresa e faz a retirada de árvores nobres de forma ilegal. Mantemos a vigilância e toda vez que isso ocorre, procuramos imediatamente os órgãos competentes, registramos boletim de ocorrência na delegacia do município, na Secretaria de Meio Ambiente, na Delegacia do Meio Ambiente e exigimos o devido acompanhamento das investigações das autoridades nesses casos”, ressaltou Abreu.

Embora a Agropalma seja uma empresa privada e que mantém um forte esquema de monitoramento e segurança, os madeireiros ilegais ainda conseguem invadir e agir nas áreas protegidas, como aconteceu no mês de julho.

“Recentemente tivemos pouco mais de 20 árvores derrubadas na área de nossa reserva florestal, apesar de atuarmos prontamente, ainda não conseguimos identificar os autores, mas as autoridades estão em busca dessa identificação, prisão e punição dos responsáveis”, contou César Abreu.

Empresa trabalha em parceria com as autoridades na busca de identificar e prender madeireiros ilegais que atuam na região
📷 Empresa trabalha em parceria com as autoridades na busca de identificar e prender madeireiros ilegais que atuam na região |(Olga Leiria/Diário do Pará)

Reserva é alvo de madeireiros ilegais

Paulo Gaia, segurança patrimonial e florestal da Agropalma, explica que madeireiros ilegais costumam agir durante a madrugada, na surdina, sem que sejam percebidos e de forma muito rápida. “Primeiro vem uma pessoa para entrar na mata e marcar com um “X” os vegetais que vão ser derrubados, depois vem outra equipe com os equipamentos pesados para abrir caminhos, derrubar e já levar as árvores. É tudo muito rápido, em uma noite eles fazem isso”, disse Paulo.

📷 Paulo Gaia explica que madeireiros ilegais costumam agir durante a madrugada. |(Olga Leiria/Diário do Pará)

Madeiras centenárias do tipo Maçaranduba, Ipê, Angelin-Vermelho e Bacurizeiro, que demoram décadas para atingir a vida adulta e uma boa altura, foram derrubadas em poucas horas, durante a ação criminosa dos madeireiros. Eles conseguiram derrubar vinte e uma árvores, em uma noite, da área de reserva legal da fazenda Amapalma, de propriedade da empresa. No entanto, deixaram outras quatro para trás.

Reservas - ONG monitora  Biodiversidade de áreas protegidas

As reservas florestais da Agropalma passam por monitoramento realizado em parceria com a Organização Não Governamental Conservação Internacional Brasil. O monitoramento serve para identificar o desempenho ambiental de toda a área da empresa. Desde 2004 já foram identificadas 449 espécies de aves, 62 de mamíferos e 57 de anfíbios. Sendo 6 espécies de aves e outras 6 de mamíferos ameaçadas de extinção. Além do monitoramento e controle das áreas, o projeto fornece dados relativos aos serviços ecossistêmicos fornecidos por essa região. Assim como identifica espécies da fauna e flora nas reservas protegidas.

Maior empresa no ramo do agronegócio no Pará

A Agropalma hoje é a maior produtora de óleos e gorduras vegetais da América Latina e a principal empresa no ramo da agroindústria no Pará. Ela injeta R$ 400 milhões, sendo R$ 200 milhões em impostos municipais, estatuais e federais e outros R$ 200 milhões em pagamentos de salários, gerando 5 mil empregos diretos e outros 15 mil indiretos. A implementação da empresa em Tailândia - além de ter influenciado no crescimento econômico da região - ajudou na melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos habitantes dos municípios do entorno do projeto. Para se implantar no Pará, a empresa investiu R$ 1,3 bilhão.

“Na época da safra geramos aproximadamente 5 mil empregos diretos. Isso dá uma ideia da movimentação econômica de nossas atividades. São mais de R$ 195 milhões de salários injetados na economia por ano. Também pagamos aproximadamente R$ 200 milhões de impostos federais, estaduais e municipais”, contabiliza Marcello Brito, CEO da Agropalma.

O grupo Agropalma tem hoje um faturamento anual de R$ 1,3 bilhão, sendo que destes, R$ 850 milhões são gerados no Pará. De acordo com Marcello Brito, não há como negar que a atuação da empresa desde a sua implementação foi um indutor de riqueza na região. “O IDH dos quatro municípios onde a Agropalma está instalada teve um salto significativo; subindo mais de 150 posições. Isso mostra que essa atividade econômica é uma atividade geradora de emprego e renda e também de fixação do homem ao campo”.

Hoje, dos aproximadamente 5 mil empregados da Agropalma, 76% são naturais do Estado do Pará e dos municípios próximos à região.

Programas

Com os programas de agricultura familiar e as parcerias com agricultores independentes, a empresa consegue produzir pouco mais de 760 mil toneladas de frutos de dendê, o que vai gerar 160 mil toneladas de óleo. Desse volume de 760 mil toneladas, 160 mil toneladas virão da agricultura familiar e dos produtores integrados. A produção é vendida no Brasil e também exportada para os Estados Unidos e países da Europa. César Abreu explica que graças ao programa de proteção ambiental a empresa consegue atingir esses números sem agredir o meio ambiente. “A Agropalma plantou já em áreas degradadas ou de pastagens até o ano de 2001, depois não plantou mais”, afirmou.

Agropalma é premiada pelo Greenpeace

Além da RSPO, a Agropalma possui mais nove títulos, entre prêmios, certificações e selos que qualificam a Agropalma como a principal empresa na produção de óleos e gorduras vegetais na América do Sul.

Entre esses se destacam o Certificado Kosher, que define que a produção dos alimentos seja feita de acordo com as leis judaicas de alimentação, encontradas na Bíblia Sagrada ou no Torá.

Desde 2008 os produtos do grupo atendem aos requisitos da comunidade judaica. Além de possuir os selos IBD Certificações, de produção orgânica emitido pelo IBD Certificações, entidade credenciada pela International Federantion of Organic Agriculture Movements (IFOAM), que regulamenta a agricultura orgânica, a empresa também é detentora do Bio Suisse Organic, que possui diretrizes de direito privado, excedendo os requisitos legais mínimos em aspectos essenciais.

Outro selo importante é o National Organic Program of United States, selo americano concedido pelo De partamento de Agricultura dos Estados Unidos. Além disso a empresa possui também o Japan Agricutural Standart (JAS), garantido pelo Departamento de Agricultura Japonês.

Por fim, a certificação IBD Fair Trade, que se aplica a empresas, propriedades e grupos de produtores que visam desencadear um processo interno de desenvolvimento humano, social e ambiental estimulado por relações comerciais baseadas nos princípios do Comércio Justo. Em 2012, a Agropalma foi agraciada pelo Greenpeace como Empresa de Palma Mais Sustentável do Mundo.

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