Muitas conquistas foram realizadas, mas a tão sonhada igualdade racial ainda está longe de ser alcançada. Hoje, 20 de novembro, é comemorado o Dia da Consciência Negra no Brasil.

Discriminação, racismo e desrespeito com a raça negra. É na escola que os conflitam são ainda maiores. Pensando nisso, dois professores da Escola Municpal Alfredo Chaves, no distrito de Icoaraci, em Belém, criaram o livro "Valeu, Zumbi!". 

Doze crianças construíram narrativas a respeito do tema liberdade.
📷 Doze crianças construíram narrativas a respeito do tema liberdade. |Arquivo Pessoal

A proposta feita por Elayne Oliveira e Asarias Favacho, que teve a participação de 12 crianças, na faixa dos 10 anos, era construir narrativas a respeito do tema liberdade, nas quais cada autor deu sua contribuição social e humana para a temática. 

Segundo Elayne, o objetivo foi socializar histórias e reflexões sobre a temática da consciência negra.

"Isso nos permite viajar ao passado, desde o momento em que os africanos estiveram em nossas terras para serem escravizados até os dias atuais em que ainda há muita discriminação, racismo e desrespeito para com a raça negra", destaca a professora. 

Valeu, Zumbi!

O livro destaca a escravidão, a luta contra o preconceito e a liberdade dos escravos. O Dia da Consciência Negra coincide com a morte de Zumbi, um líder bom e justo do quilombo Palmares, que sempre ajuda o próximo, mesmo em péssimas condições. 

Zumbi era um negro de família nobre na África, mas foi capturado pelos portugueses quando estava caçando sua comida. 

Depois de libertar os outros escravos, Zumbi morreu dia 20 de novembro de 1695 para salvar os outros negros da morte, falando: "Em troca da liberdade de todos os escravos eu entrego a minha vida". Por isso, dia 20 de novembro é um dia de reflexão não só sobre a morte de Zumbi, mas também a liberdade de todos os escravos. 

"A ideia do livro é manter viva essa reflexão, além de incentivar nossos pequenos escritores a continuarem no caminho da escrita, na trilha do conhecimento e principalmente na luta por um mundo mais justo e fraterno", destaca a professora Elayne. 

COMBATE AO RACISMO

O advogado e ativista do movimento negro, Paulo Victor Squires, destaca a importância do racismo ser combatido já nos primeiros anos de vida, nas primeiras séries escolares.

"O ambiente escolar é o primeiro contato da criança em sociedade, o primeiro contato coletivo, de integração. É o momento que ela absorve todos os conceitos e pré conceitos  da estrutura social. É importantíssimo que desde cedo já sejam desenvolvidas atividades lúdicas e não lúdicas, em diversas vertentes pedagógicas, introduzindo história da África, a cultura africana, todo o histórico do continente africano que influenciou fortemente a nossa formação, tanto na música, quanto na língua, na dança, na culinária e toda nossa estrutura social", explica Squires.

Advogado e ativista destaca a importância da abordagem do tema desde os primeiros anos de vida.
📷 Advogado e ativista destaca a importância da abordagem do tema desde os primeiros anos de vida. |Arquivo Pessoal

Para o ativista é importante o incentivo do conhecimento da história e da cultura africana e negra para as crianças, como uma forma de quebrar o preconceito, a discriminação e do racismo desde cedo. 

"Existe a lei 10639 de 2003, que introduziu no currículo escolar o estudo afro-brasileiro, justamente com esse objetivo, mas infelizmente a lei é de 2003, mas está sendo implementada de forma lenta. Infelizmente as escolas públicas e particulares nas séries iniciais, fundamental e médio, ainda não tem essa lei sendo aplicada efetivamente", lamentou Squires.

Segundo a lei, em todas as escolas do país, os alunos devem estudar a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.

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