A cada 4 dias, a comerciante Heliete Souza, de 47 anos, precisa comprar um botijão de gás para preparar as refeições diárias em um dos boxes em que trabalha no Ver-o-Peso. Ela conta que passou a pagar R$ 80 pelo produto de 13 kg desde o mês passado e já sente pesar no bolso. “Não dá para aumentar o preço da refeição porque senão, não tenho clientela. O jeito é segurar ao máximo, pois o meu sustento vem daqui”, comenta.

Heliete não é a única que passa por dificuldades. Aida Gomes, 47, é proprietária de um restaurante no centro comercial de Belém há 10 anos. Ela conta que atualmente paga R$ 69 pelo gás de cozinha e gasta, em média, 4 botijões por mês. Ao colocar na ponta do lápis, ela opta por diminuir os desperdícios para não sair ainda mais no prejuízo. “A gente orienta o funcionário a economizar, exatamente da mesma forma que a gente tenta fazer em casa: evitar o consumo desnecessário, utilizar o fogo baixo em alguns casos. Mas é difícil. A população final é a que paga o resultado desses aumentos”, opina.

Aida tenta reduzir desperdício dentro da cozinha do restaurante
📷 Aida tenta reduzir desperdício dentro da cozinha do restaurante |Olga Leiria

As realidades são o reflexo do aumento do gás de cozinha mais recente, registrado em novembro do ano passado. De acordo com o último balanço realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do botijão de gás de cozinha de 13 kg foi comercializado, no Pará, a R$ 75,46, sendo encontrado por, no mínimo R$ 65, e até R$ 100. Já na capital paraense, esses preços variam, na média de R$ 69,44, no menor preço R$ 68 e o maior R$ 82.

LENHA

Já Núbia Araújo, vendedora de comidas típicas no comércio da capital, diz que o preço de R$ 70 no gás a estimula adotar novas práticas para não repassar o aumento ao cliente. “Vou tentando segurar ao máximo, mas se houver novo reajuste, o jeito vai ser diminuir a porção para manter o preço”, revela.

E para driblar os gastos, a dona de casa Malena Prado, moradora no bairro do Tapanã, em Belém, afirma que uma das opções tem sido a utilização do fogão à lenha. “Mesmo assim, a gente ainda compra um botijão por mês. Se não fosse isso, os gastos seriam ainda maiores”, acrescenta a dona de casa.

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