A taxa de ocupação de leitos de UTI dedicadas ao Covid-19 está atualmente em 91,01% na rede estadual, segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa). O reflexo disso é percebido nas UPAs da cidade. Na Marambaia, ontem (21) de tarde, havia muitas pessoas vindas de outras unidades. Ali elas eram atendidas, ainda que depois de muita espera. O motorista de aplicativo João Silva foi até lá para levar uma passageira com sintomas do Covid-19, e saiu de lá com boas notícias. “Ela entrou. Demorou bastante, mas foi atendida e graças a Deus está bem. Agora, muita gente reclama da demora no atendimento”, contou.

Já na Policlínica Metropolitana, que abriu as portas nesta terça-feira, para atender os pacientes com sintomas do novo coronavírus, o movimento foi intenso. Com pelo menos duas UPAs (Sacramenta e Terra Firme) sem atendimento por falta de profissionais, a estrutura mantida pelo Governo do Estado foi muito procurada por pessoas de todas as partes de Belém. Como resultado, filas enormes para o atendimento, que estava sendo feito normalmente. Vale ressaltar que a gestão das UPAs é de responsabilidade da Prefeitura de Belém.

No entanto, conforme explicou a Sespa, através de nota, o apoio da Policlínica para o sistema de saúde de Belém é apenas para os casos de suspeita de Covid-19. A Policlínica, informa a Sespa, não é um pronto-socorro e não está equipada para atuar como tal. Também não é um hospital de porta aberta. É uma estrutura do Estado que está sendo remanejada para apoiar a porta de entrada dos casos de Covid-19.

Por isso, pacientes com insuficiência respiratória - falta de ar - devem procurar unidades de urgência como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Prontos-Socorros.

Enquanto a Policlínica recebia pacientes oriundos de toda capital, nas UPAs o movimento, embora também intenso, refletia um outro panorama. Na Sacramenta, quem procurava atendimento saía desolado, sem perspectiva alguma de ser atendido, mesmo nos casos mais graves. A policial civil Sulamita Albuquerque bem que tentou, mas não conseguiu ser atendida. Ela, assim como milhares de pessoas, teme pela própria vida, sobretudo após o drama familiar enfrentado recentemente. Sulamita é irmã da escrivã Raquel Albuquerque, que morreu no último sábado (18), com sintomas do Covid-19, após rodar por várias unidades atrás de atendimento.

“Cheguei aqui e disseram que não era possível me atender. Perdi uma irmã para o vírus, as coisas não estão boas e quando você procura não acha atendimento. É muito triste”, desabafou a policial.

PRIORIDADE

No PSM do Guamá, tem gente reclamando da prioridade total dada à doença, enquanto outras enfermidades não recebem atendimento. A autônoma Vanda Santos é uma delas. “Meu pai estava fazendo um tratamento para curar uma bronquite. Com o coronavírus, o tratamento foi suspenso. Então ele piorou, mas apresentou sintomas semelhantes ao Covid-19, por isso conseguimos fazer um exame e estamos aguardando o retorno”, explica.

Outras unidades, como o PSM da 14 de Março, continuam realizando atendimento, mas a reclamação da população é sempre a mesma: falta estrutura para dar conta de todos os casos.

Quem procurou por atendimento na Sacramenta, não encontrou médico no plantão Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará

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