Crianças brincando, casais namorando, jovens interagindo e diversas pessoas de todas as idades praticando exercício físico ao ar livre. Esse era o cenário em plena terça-feira (23), durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus, em duas das principais praças de Belém, Batista Campos e Brasil. A nova realidade se deu por conta do decreto municipal publicado na sexta-feira passada (19) que liberou as atividades físicas individuais praticadas em locais públicos e abertos.

As duas praças visitadas pelo DIÁRIO na noite de ontem (23), estavam lotadas. A maioria das pessoas estava de máscara no rosto cobrindo o nariz e a boca, enquanto outras caminhavam, corriam, conversavam e brincavam sem nenhum cuidado. Segundo a Prefeitura, as atividades como corrida de rua, bicicletas, patinação, tênis e outras estão liberadas, desde que os praticantes mantenham o distanciamento mínimo exigido entre outras regras. No entanto, não havia fiscalização dos órgãos municipais para que as medidas sejam cumpridas, resultando em um cenário de aglomerações como em dias sem pandemia.

Na Praça Brasil, parecia um dia comum, com muitas crianças brincando e praticantes de esportes sem cumprir distanciamento social, e sem fiscalização da Prefeitura
📷 Na Praça Brasil, parecia um dia comum, com muitas crianças brincando e praticantes de esportes sem cumprir distanciamento social, e sem fiscalização da Prefeitura |Antônio Melo

O casal Luana Oliveira, de 28 anos, e Silvio Amaral, de 31 anos, estava há mais de um mês sem praticar exercícios na rua e, viu no afrouxamento das restrições, uma oportunidade de voltar a cuidar da saúde. “A gente sabe que o vírus não foi embora, mas a gente percebe que as autoridades estão de olho e tentando relaxar aos poucos”, comenta ele. “Sempre caminhamos e corremos, estava bastante difícil ficar parados. A gente voltou hoje [ontem] até para sentir como está esse mundo aqui fora sem se descuidar”, diz ela.

VENDAS

A dona de casa Ilane Valente, de 54 anos, também saiu pela primeira vez de casa depois de quase dois meses em isolamento social. Ela aproveitou para levar a filha, netos e netas que tanto pediam para passear. “Eles estavam chorando para querer sair de casa. Durante o dia, eles ficam conectadas nas aulas virtuais, mas ao final do dia é mais complicado. Estamos todos nos cuidando, com máscara e álcool gel. Acredito que as pessoas precisam se educar: limpar sempre as mãos, ficar distantes uma das outras. Se a gente conseguir ter esse cuidado, conseguimos levar até tudo isso acabar”, aposta.

Quem gostou do movimento foi a vendedora de água de coco Maria Lúcia da Silva, de 59 anos. Com marido desempregado, a ambulante na praça Batista Campos há 27 anos agora depende totalmente da renda do lugar. Segundo ela, as vendas ainda não melhoraram como ela esperava. “Passei várias semanas sem vir pra cá porque não tinha cliente. Essa semana que o movimento tem sido maior, mas as vendas ainda não estão lá aquelas coisas. Isso também porque a gente não pode colocar as cadeiras. Então, as pessoas vêm para correr e logo vão embora. Mas, antes, paravam para descansar e tomavam água de coco”, conta.

Na Praça Batista Campos, movimento intenso, sem distanciamento e pessoas sem máscaras Foto: Antônio Melo

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