Embora preveja resultados melhores que os obtidos no Dia das Mães, ocorrido em maio, quando todas as atividades não essenciais estavam restritas e/ou suspensas por causa do novo Coronavírus, o setor do Comércio já está antecipadamente ciente de que não deve ter expectativas muito altas para o Dia dos Pais. Os impactos da pandemia ainda são sentidos pela maior parte da população, e quem não perdeu emprego e renda, não está interessado em endividamento no momento.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomercio-PA), Sebastião de Oliveira Campos, lembra que mais de 72% dos consumidores estão inadimplentes, e 34% estão com dificuldades de manter os pagamentos em dia, de acordo com a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias, realizada pela entidade e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “Deve haver queda de 8% no índice que mede a intenção de compras para o mês de agosto deste ano em relação ao ano passado. Além disso, 47,1% dos consumidores pretendem comprar menos do que ano passado, só 21,1% mais do que ano passado e 28,7% igual ano passado”, detalha.

O Dia das Mães é uma das datas mais esperadas pelo Comércio, perdendo apenas para o Natal, mas como o de 2020 ocorreu em meio ao lockdown da capital e mais dez municípios paraenses, os resultados agora devem ser melhores. “Apesar dos recursos de comércio eletrônico, delivery e etc, não foram suficientes para alavancar as vendas”, confirma Sebastião.

LEMBRANÇAS

Com esse entendimento, os empresários preparam seus estabelecimentos para receber os consumidores de forma segura, e com promoções e preços mais atrativos, facilidades de pagamento, diversificação de produtos e serviços motivar os compradores. “Nós, lideranças e empresários, por natureza do empreendedorismo, somos otimistas, mas sem deixar de ser realistas. Estamos adotando diversas estratégias que atendam às necessidades dos clientes, e com isso esperamos aos poucos recuperar as vendas”, explica o presidente da Fecomércio.

Joy Colares, que preside o Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Belém (Sindilojas), vai além e diz que é impossível comparar esse Dia dos Pais com o do ano passado. “Nossa preocupação é que o movimento será menor por duas razões fortes: diminuição geral do poder aquisitivo, afinal, só quem é funcionário público que não teve renda afetada; e também com o vencimento das medidas provisórias 927 e 936 [que tratam de flexibilizações relacionadas a contratos de emprego] e se as empresas terão a capacidade de seguir sem demitir, o que também nos atinge”, avalia.

De uma maneira geral, o Dia dos Pais não é uma data tão esperada pelo setor, por ser um momento mais de “lembranças”, e não de compras grandes que de fato impactam nos caixas. “E quem tem salário está receoso em se comprometer com bens semiduráveis parcelados. O lado bom é que aos poucos está se retomando, se criando atratividade, a própria volta do mercado informal e de autônomos começa a gerar renda, mas não como era”, pondera Colares.

MAIS ACESSADAS