O anúncio do cancelamento das procissões do Círio 2020, feito pelo Arcebispo Dom Alberto Taveira Corrêa, na noite da última quinta-feira (6), causou preocupação para diversos setores da economia paraense que apresentam um crescimento durante o período da festividade. Entre eles, o setor hoteleiro. 

A temporada do Círio é esperada com entusiasmo pelos donos de hotéis, pousadas e hostels durante o mês de outubro. Porém, neste ano, com a pandemia do novo coronavírus, o cenário de oportunidades acabou dando lugar a dor de cabeça. O impacto para o setor tem sido tão grande, que cerca de 10 empresas já fecharam as portas durante o primeiro semestre deste ano. Com o cancelamento do Círio, o número de fechamentos tende a aumentar ao longo do segundo semestre de 2020. 

Para o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS-PA), Fernando Soares, a não realização do evento da forma convencional vai provocar uma grande quebra no setor. "O nosso turismo é um turismo religioso. Tirando a religiosidade, existe uma quebra muito grande no setor hoteleiro e de alimentação. A gente entende a importância das medidas preventivas para combater esse vírus que acabou nos atingindo, mas a nossa expectativa é que haja, infelizmente, alguns fechamentos ao longo do 2º semestre", ressaltou. 

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O impacto econômico também será sentido pelos pequenos negócios do ramo alimentício. Sem a grande movimentação gerada pelo Círio, os pequenos comerciantes, como tacacazeiras, vendedores de bebidas, entre outros, deverão ser diretamente afetados.

"Essas mudanças na celebração são muito ruins para os setores, principalmente ao que está relacionado à alimentação fora do lar. As pequenas e médias empresas vão sentir na pele o impacto desse cancelamento. Para se ter uma ideia, tanto no setor hoteleiro quanto na alimentação, o que era arrecadado durante um Círio, era suficiente para suprir as necessidades desses negócios durante vários meses posteriores à celebração. Infelizmente, com a falta desse dinheiro entrando em caixa, muitas empresas não vão aguentar se manter", destacou Fernando. 

Quanto as reservas de hospedagens, o assessor também afirma que, atualmente, os hotéis estão completamente zerados. "As que tinham sido feitas durante o ano passado, garantindo hospedagem para este ano, como é de praxe acontecer, já foram canceladas", explica Fernando. 

Sem qualquer previsão de retorno e melhora para o setor, a única esperança é que a vacina contra o coronavírus chegue o quanto antes.

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