Garantir a qualidade do sistema de transporte público de Belém, proporcionando uma maior fluidez ao trânsito por facilitar o deslocamento dos usuários que utilizam o serviço e, também, reduzir o número de veículos nas ruas. O sistema BRT (Bus Rapid Transit) foi implantado para atender ao propósito de melhorar a mobilidade na cidade. Contudo, o projeto iniciado na capital paraense há quase dez anos, por gestões da Prefeitura de Belém, está longe de atender ao seu real objetivo.
A obra foi executada pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), criando um corredor de São Brás até o distrito de Icoaraci, com um investimento de centenas de milhões de reais. Fora dos corredores destinados ao sistema BRT, que opera ao longo das avenidas Almirante Barroso e Augusto Montenegro, os ônibus de linhas seguem circulando cheios pelas vias, visivelmente excedendo a capacidade de lotação. E, com isso, quem sofre é a população que depende do transporte público.
Morador de Outeiro, o coletor Jorge Santos, 50, gostaria que o BRT operasse com mais opções de ônibus, sobretudo para atender a quem reside no distrito. “A gente desce no terminal da Maracacuera e espera uns 20 minutos. Poderiam ter mais ônibus para que não demorasse tanto. Outeiro tem poucos ônibus e os que têm quebram toda hora. Então se tivesse mais ajudava”, disse.
Ao longo da avenida Augusto Montenegro, é possível observar carros e motocicletas circulando pelo BRT e utilizando o corredor para fazer retornos irregulares. Por outro lado, é muito comum observar pedestres fazendo travessias pelo local, o que aumenta o risco de acidentes. Um dos pontos mais críticos é ao final do elevado, a partir do cruzamento com a avenida Centenário até um shopping center no bairro Parque Verde. No local há pontos de ônibus, faculdades e o shopping. O semáforo e a faixa de pedestres ficam distantes, o que facilita as ocorrências.
Também morador de Outeiro, o divulgador João André Cavalcante, 24, acredita que poderia haver uma proteção maior e fiscalização para coibir os riscos de acidentes na pista do BRT. “Não tem uma grade de proteção. As pessoas entram e saem toda hora. Passa carro, moto, é um grande risco de acidente. Provavelmente não foi um projeto bem feito”, lamentou.
Morador do Tapanã, o autônomo Wanderson Santos, 33, atravessou a pista com a esposa e o filho para it até a parada de ônibus. Para ele, poderia ser instalada uma passarela no local. “Deveria ter uma passarela. Esse BRT veio mais para matar as pessoas. Essa descida (de veículos) do elevado é danada para ter acidentes. É um sistema que não funciona. Uma senhora morreu atropelada nessa pista há um mês”, disse.
COMÉRCIOS
Proprietário de um comércio na Almirante Barroso, próximo ao Entroncamento, Pedro Rodrigues, 58, disse que a implantação do sistema causou o fechamento de diversos comércios na região. “Isso aí acabou com a Almirante Barroso. Fechou muitos comércios, principalmente na Augusto Montenegro. Uma obra que durou quase 10 anos. Independente de ter me prejudicado e prejudicado muita gente, tem que funcionar”.
Para o autônomo Zoenio Fonseca, 65, que atua na região de São Brás há 30 anos, o sistema BRT não opera com eficiência. “Sou usuário do transporte. Foi um dinheiro jogado fora. Um sistema que vai do Mangueirão e do Mangueirão volta para cá e só. A gente percebe que até a divisão da pista foi mal projetada. Não melhorou em nada o sistema de transporte e já houve muito acidente e morte nesse BRT”, criticou.
RESPOSTA
Por meio de nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que, atualmente, estão circulando na faixa expressa 13 ônibus articulados BRT que fazem itinerário do Terminal Maracacuera ao Terminal São Brás. No Maracacuera também integram as linhas Paracuri I - Presidente Vargas, Paracuri II - Presidente Vargas, Outeiro/Fama - São Brás, Outeiro/Brasília - São Brás, Outeiro/Itaiteua - São Brás e Águas Negras/Paricás - São Brás, que depois de integrar seguem viagem pela pista comum.
De acordo com o órgão, a retomada total do serviço do BRT está atrelada à avaliação das autoridades de saúde, já que os veículos articulados são dotados de ar condicionado e possuem janelas sem possibilidade de abertura, assim como os terminais e estações também são ambientes fechados que, pela própria natureza do sistema de integração, geram acúmulo de passageiros nas áreas internas.
Sobre os riscos constatados na via expressa, a Semob disse que a avenida Augusto Montenegro “está dotada de sinalização completa quanto aos pontos de travessia segura. O trecho citado, em frente ao Parque Shopping, não é o local apropriado para realizar travessias por se localizar às proximidades das rampas de entrada e saída do elevado, oferecendo riscos de acidentes, por isso a travessia deve ocorrer às proximidades das estações do BRT, que possuem faixas de pedestres e semáforos”.
Por fim, a Semob informou que essas informações são reiteradamente repassadas à população por meio de ações educativas na área.
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