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SUCESSO NAS URNAS

Entrevista: Bob Fllay, “sua excelência”, o vereador!

Humorista eleito como o segundo mais votado para a Câmara Municipal de Ananindeua rebate críticas, afirma que trabalha desde criança e avalia que conquistou o cargo pela identificação com o povo

Imagem ilustrativa da notícia Entrevista: Bob
Fllay, “sua excelência”, o vereador! camera Wagner Santana/Diário do Pará

A partir de 1º de janeiro de 2021, a Câmara Municipal de Ananindeua vai ganhar um vereador cheio de bom humor e aclamado nas urnas com 4.798 votos, a segunda melhor performance entre os eleitos.

O novo político é Flavio Higor Pantoja, 35 anos, filiado ao PDT, ou simplesmente Bob Fllay, como prefere ser chamado e ficou conhecido nas redes sociais, graças a um humor apurado que o levou ao estrelato.

Somente no canal Pavulagem, que mantém no YouTube, os vídeos divertidos já somam mais de 15 milhões de visualizações.

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Feitos admiráveis para um morador da periferia, o bairro do Curuçambá, e que começou a trabalhar aos 7 anos de idade como vendedor de picolé para ajudar a mãe, solteira, com outros dois irmãos mais novos.

A eleição do humorista foi uma das mais comentadas e dividiu opiniões. Enquanto muitos criticaram a escolha dos eleitores, e chegaram a comparar com a aclamação de Tiririca para ser deputado federal em eleições passadas, em São Paulo; outros defenderam Bob Fllay como uma resposta à política tradicional.

O novo vereador, pelo visto, está longe de se preocupar. Gravou um vídeo em que comemora a eleição, diz que agora é “sua excelência Bob Fllay” e ironiza que não gastou nada para se eleger (exatos R$ 400, segundo o Tribunal Superior Eleitoral e sem bens declarados).

A seguir, ele se “apresenta” para quem ainda não o conhece, fala de suas origens, o que se pode esperar do mandato e até o que significa o slogan de sua campanha: “Por uma Ananindeua mais foda!”.

Fale um pouco sobre sua trajetória de vida

Primeiramente, muito obrigado. Tô tendo a oportunidade de falar nesse canal de tanto alcance, coisa que eu preciso nesse momento, depois de tanto ataque, preciso ter mais espaço pra falar. Cheguei a iniciar duas faculdades, Marketing e Administração, mas parei na metade, tenho o ensino médio completo. Nasci em Belém do Pará, mas vim muito novo para Ananindeua, onde eu morei a minha vida inteira. Sou mais velho de três filhos da dona Rosa, que é mãe solteira, que trabalhou muito pra não deixar a gente passar fome. Infelizmente um dos meus irmãos faleceu quando eu tinha 18 e ele 17. A gente trabalhava junto, pintava muro, inclusive pra político. Foi o primeiro contato que a gente teve com a política, pintando o muro pra candidato, ele era pintor e eu ajudava ele. Mas eu trabalhava muito antes, trabalhava desde os 7 anos de idade, eu vendia picolé no final da linha do Distrito (Industrial), aos 9, comecei a vender tapioca na rua. Trabalhei como feirante também, vendendo frutas lá no centro de Ananindeua. Ingressei no mercado de trabalho através da venda externa, eu trabalhava no Armazém Paraíba, vendendo colchão de porta em porta... colchão, guarda-roupa, daí o trabalho como vendedor externo me trouxe todo conhecimento geográfico de Ananindeua. Não tem nenhuma rua em Ananindeua que eu não conheça, nenhum bairro, nenhuma alameda que eu não conheça. E daí veio a habilidade na comunicação também. Eu trabalhei também na Visão, City Lar. Na Novo Mundo eu fui gerente e comecei a fazer humor. Quando eu comecei a ganhar muito mais como humorista, entreguei o lugar na Novo Mundo e foquei só no humor, onde eu ganho muito mais. Eu nunca concorri a nenhum cargo público, foi a primeira vez.

O que você acha que o levou a ser eleito como o segundo mais votado?

Não quero parecer um cara muito arrogante, mas eu sei que sou muito querido pelo meu público. Acho que as pessoas enxergam em mim a imagem do cara da periferia, o cara que fala as coisas simples, do Pará, do cotidiano, do dia a dia, da culinária, do palavreado paraense... Eu sempre fui a voz do povo. Algumas pessoas me enxergam assim. Mas eu acho que só a mídia, só a fama não seria o suficiente pra me eleger. Porque temos exemplos aí de amigos, DJs que são muito famosos, muito populares, jornalistas, que já foram candidatos e não conseguiram se eleger. Então, só a fama não seria suficiente, tive que mostrar o conteúdo, eu fiz um vídeo falando sobre o papel do vereador e esfreguei na cara de todo mundo qual o papel de verdade do vereador. E pra que a pessoa não se iludisse com proposta mirabolante. Então, quem viu aquele vídeo, viu que eu tinha conteúdo e não tinha como descolar o que tava falando. Não é só a fama, mas o conteúdo que eles observaram em mim, viram que eu tinha, sim, condições de ser vereador e por isso eu fui eleito.

Como pretende conciliar o trabalho que já desenvolve com o que terá na câmara de vereadores?

Bom, eu não vou ter problema pra conciliar meu trabalho de humor com o trabalho de vereador, porque na verdade eu sempre trabalhei muito mais do que trabalha um vereador. E eu sempre fiz os meus vídeos de madrugada, no final de semana, nas horas vagas. Sempre foi assim, eu nunca vou deixar de fazer humor porque o humor mudou a minha vida. Depois que o meu irmão morreu, aos 17 anos, quando eu tinha 18, eu tentei levantar a cabeça e foi no humor que eu encontrei uma forma de sair da tristeza. Então, eu faço tudo com humor, porque eu amo e jamais quero abandonar esse trabalho.

Por que decidiu ser candidato?

Eu tinha o pensamento de ser vereador há mais de 15 anos. Quando adolescente eu fazia teatro na escola, depois eu expandi e comecei a ensinar teatro em uma comunidade carente do Pau Te Acha (invasão). Eu sempre tive o pensamento que o cara que já pensou em ser artista, é muito difícil virar bandido. Então, eu tinha o sonho de poder colocar os barracões da cultura dos bairros mais pobres, mas eu vi que era um sonho um pouco distante. Depois que eu fiquei famoso, sobretudo com o vídeo do Candidato Sincero, as pessoas começaram a dizer assim, ‘Bob, te candidata de verdade, que eu vou votar em ti’, daí eu vi uma chance eminente de vitória. E aí eu decidi aproveitar minhas mídias sociais, que são muito fortes, e juntando com o conteúdo que eu tinha pra passar à população, falando aquilo que o povo quer falar, mas não tem voz. Decidi falar essas coisas, da situação precária da periferia, do poder público que é centralizado, comecei a falar sobre isso e o pessoal aceitou a ideia e me elegeu.

Entrevista: Bob
Fllay, “sua excelência”, o vereador!
📷 |Wagner Santana/Diário do Pará

Quais as suas bandeiras de luta e projeto para o mandato?

Minha primeira luta é pra descentralizar o trabalho do poder público, porque a gente vê nos centros grandes investimentos e acaba não chegando à periferia. A periferia de Ananindeua é esquecida. Até pelo crescimento, que foi desordenado, tem lugares que não tem pavimentação, não tem saneamento básico, não tem iluminação pública... Então quero levar o poder público pra periferia. Eu acho que o papel do vereador, quando não está na Câmara, é estar na rua, estar na comunidade, sabendo o que precisa ser feito. Levar ao conhecimento do prefeito. Como eu falei, uma vez, o vereador tem que ser os olhos do prefeito na comunidade e tem que ser a voz da comunidade na prefeitura.

Esperava essa vitória incontestável nas urnas?

Eu não quero parecer um cara arrogante, mas eu tinha convicção absoluta da minha vitória. Não só pelo engajamento nas redes sociais, que é muito grande, por ser um cara querido, mas porque eu levantei a bandeira da periferia, eu falei das carências que a gente passa aqui na periferia, coisa que poucos falam. Então, eu sabia que juntando o fato de o povo gostar de mim, com o conteúdo que eu apresentei, eu sabia que ia estourar, tinha certeza disso. Confesso até que eu fiquei um pouco desapontado, porque eu achei que eu seria mais votado, eu cheguei a cogitar 17 mil votos. Infelizmente não foi possível porque esbarrei em dois problemas: eu tinha que primeiro convencer o eleitor de que não era uma piada, que era uma coisa séria. É que há um tempo atrás eu fiz um vídeo do Candidato Sincero, parecia uma campanha real, mas era só uma brincadeira. Então, desta vez, eu tinha que convencer o cara que não era uma brincadeira, que era verdade mesmo. E depois convencê-los a votar em mim.

Outro humorista famoso, o Tiririca, chegou a ser deputado federal. De alguma forma ele te inspira?

O fato de o Tiririca ser deputado não me influenciou nem um pouco a me candidatar. Eu já havia decidido me candidatar há muitos anos e, segundo, porque o Tiririca, apesar de comprometido, é uma pessoa que não representou muita força, ele cedeu a muitas pressões, se queixava das coisas que ele passava lá dentro. Então, nunca teve um psicológico muito forte pra isso. Eu me sinto forte psicologicamente, não pra ceder à pressão, mas pra botar pressão se for preciso.

Pretende alçar voos mais altos na política?

Não, sinceramente ainda não penso em outro cargo público, primeiro eu tenho que fazer o meu trabalho como vereador. Quando eu perceber que eu fiz, que consegui executar as ideias que eu tinha, que eu conseguir fazer um bom trabalho pela periferia, aí, se eu me sentir apto, vou me sentir outorgado pela comunidade a galgar melhores degraus na política.

Que recado deixa para a população de Ananindeua?

Muito obrigado a todas as pessoas que confiaram seu voto em mim. Eu vou pra Câmara com o peso de quem despertou a esperança na periferia... Descentralizar o poder público, levar o poder à administração pública onde não chega a periferia, geralmente só fica no centro, mas não vai pra periferia. E pra quem não votou em mim, eu quero dizer que eu sou vereador de Ananindeua, independente de quem votou, quem não votou, estou pra representar todos vocês. E eu peço a vocês, antes de me crucificar, ou achar que eu não tenho capacidade sem mesmo ter o trabalho de olhar meus vídeos, vocês aguardem o trabalho ser feito pra poder ter uma opinião. Porque a maneira como eu tô sendo cobrado, eu nunca vi ninguém cobrar quem foi eleito, nunca vi nem cobrar o prefeito com essa força toda. Então, se você quer cobrar, com toda a razão, você tem que esperar pelo meu trabalho, Ok?

Pra encerrar, o que significa “uma Ananindeua mais foda”?

(Risos) ‘É foda!’ é um bordão que me acompanha há alguns anos. Inclusive meus fãs falam isso: ‘Fodaaa!’ Significa que está tudo certo, está tudo bom. Está tudo maravilhoso. Que está dando certo. Então, assim que eu imagino Ananindeua daqui a alguns anos, dando certo, tendo assistência pra pobre, que as obras que estejam paradas andem e assim como a gente, melhor, ainda mais foda.

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