A promessa da Prefeitura de Belém era de realizar obras de revitalização dos principais pontos turísticos da orla de Icoaraci, como a própria orla, o trapiche e o mirante. Mas ao invés disso, o que se vê é um cenário de descaso e abandono, prejudicando moradores e comerciantes locais.

Na área onde está planejado para ser a Praça da Orla, na rua Siqueira Mendes, o que ainda se vê são empilhadeiras, concreto, tapumes e blocos de areia e de seixo espalhados, traduzindo uma realidade oposta ao que uma placa da Prefeitura informa, a de que o prazo para a conclusão da praça seria em outubro deste ano.

Próximo a esta área, o trapiche da “Vila Sorriso”, como é conhecido o distrito de Icoaraci, também é alvo do descaso, sendo a ponte uma das principais reclamações de moradores e trabalhadores. Segundo o motoboy Cristiano Pimenta, 49 anos, a impressão é a de que a obra nunca acaba. “É um investimento alto e nunca finaliza. À noite, esse local onde será a praça fica totalmente escuro e abandonado, sendo um perigo para os moradores. No trapiche a ponte está precária e com a madeira toda podre”, relatou.

A placa fixada pela Prefeitura informa que a construção metálica do trapiche iniciou em setembro de 2019 e não anuncia o prazo de finalização. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que o trapiche e a praça estão com serviços em andamento e a previsão de entrega é até o fim de dezembro.

Revitalização se arrasta em Icoaraci e gera prejuízos
📷 |Ricardo Amanajás

Ao longo da orla, a estrutura de uma ponte de madeira está bloqueada devido a precariedade das tábuas e as grades de apoio totalmente enferrujadas. O calçadão que era utilizado para corridas e caminhadas segue em partes interditado por conta da obra de reforço estrutural do muro de arrimo (conhecido como parede de contenção) e recuperação do calçamento e do guarda corpo.

Nesta área, além da morosidade, não há proteção e as pessoas conseguem acessar a parte da orla que está quebrada e deteriorada pela ação do tempo. O descaso mais uma vez se concretiza no local com o prazo expirado, segundo a placa fixada pelo poder executivo, indicando que as obras foram iniciadas em maio deste ano, com prazo de cinco meses para conclusão.

Somente uma parte da obra deve ser entregue este ano

Em um espaço da orla onde há ambulantes de coco, o vendedor Jorge Souza, 50 anos, lamenta o cenário de descaso somado aos prejuízos em decorrência da pandemia. Ao lado da barraca dele a calçada está toda quebrada e foram depositados entulhos de obra. “Infelizmente, em plena pandemia, colocaram um tapume que prejudicou vários trabalhadores, como pipoqueiros e vendedores de coco. Depois do feriado de Finados ficou mais abandonado. É uma vergonha, um descaso total. Ao lado da minha barraca abriram um buraco na calçada e não fecharam. Muitas pessoas tiverem suas vendas prejudicadas, há uma pandemia instalada e ainda temos que enfrentar uma situação de abandono. O meu faturamento, por exemplo, caiu em torno de 70%”.

O OUTRO LADO

Em nota, a Seurb informou que a obra na orla de Icoaraci encontra-se com mais de 60% de muro de arrimo construído e cerca de 50% das calçadas reconstruídas. A secretaria garante ainda que será recuperado calçamento em concreto armado.

A Seurb acrescentou que as escadarias de acesso a orla e o guarda corpo metálico também começarão a ser recuperados e que a orla vai receber também um novo sistema de drenagem. Somente uma parte será entregue até o fim do ano.

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