A fragilidade e a delicadeza são características da nova espécie de orquídea encontrada no Parque Estadual do Utinga pela primeira vez. Com cerca de cinco centrímetros, a espécie, classificada como Vanilla labellopapillata, reforça a riqueza da biodiversidade encontrada nas Unidades de Conservação do Estado, bem perto da população.
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"É uma grande satisfação, através de um projeto como esse, identificar uma espécie de tão rara beleza e importância para o Estado. Essa descoberta ressalta o inesgotável potencial científico que existe dentro das nossas Unidades de Conservação, além de produzir um acervo de conhecimento que nos ajudam a subsidiar decisões, implementar ações e executar projetos, auxiliando na gestão da área de desenvolvimento florestal do Pará", afirmou a presidente do Ideflor-bio, Karla Bengtson.
Segundo o pesquisador doutor Leandro Ferreira, coordenador do Projeto "Flora do Parque do Utinga", descobertas como essa resgatam a rica flora da Região Metropolitana de Belém (RMB), perdida com o crescimento urbano desordenado da cidade. O cientista alerta a população que frequenta o Parque do Utinga sobre os cuidados com a vegetação local.
"Orquídeas como essas são visadas por colecionadores e pessoas em geral, que acham bonitas e querem ter uma espécie em sua casa, mas nós reforçamos o trabalho de conscientização para que não arranquem as orquídeas ou outros elementos da flora, só quem pode fazer coleta são pesquisadores devidamente autorizados", enfatizou o pesquisador Leandro Ferreira.
As orquídeas são monitoradas diariamente e requerem cuidados para a floração e frutificação. O pesquisador Leandro Ferreira afirma que elas já estão se reproduzindo, o que indica que as interações da flora e da fauna do Parque estão satisfatórias.
Segundo Socorro Almeida, diretora de gestão e monitoramento de unidade de conservação do Ideflor-Bio, a descoberta é um exemplar da Floresta Amazônica bem perto da população. "Em um espaço tão antropizado, como é o entorno do Parque do Utinga, conseguimos presenciar descobertas e redescobrir espécies que muitos julgavam que não teriam mais vaga para elas aqui, em um ambiente transformado pelo ser humano".
Projeto "Flora do Parque do Utinga"
Desenvolvido desde 2018, o projeto "Flora do Parque do Utinga" é um dos grandes exemplos da geração de conhecimento científico dentro das Unidades de Conservação. Os pesquisadores atuam nas quatro unidades de conservação da Região Metropolitana de Belém: Parque Estadual do Utinga, Áreas de Proteção Ambiental de Belém e da Ilha do Combú e no Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.
As Unidades de Conservação, que funcionam como laboratórios de pesquisa, onde são mapeados recursos naturais, fauna, flora e inventários botânicos, são de responsabilidade do Ideflor-bio, que faz a gestão e o monitoramento das 26 Unidades do Pará.
O Projeto já registrou mais de 650 espécies de plantas e fungos em diversas formas de vida em diferentes tipos de vegetações nessas unidades de conservação. Segundo o pesquisador Leandro Ferreira, havia apenas o registro de uma espécie de orquídea no Parque do Utinga no início do projeto.
"Com o decorrer das nossas pesquisas já são 25 espécies identificadas, muitas delas são registros novos e raros para a ciência", ressaltou o doutor.
Em 2019, o projeto realizou o primeiro registro da espécie de uma orquídea classificada como Vanilla pompona, na Região Metropolitana de Belém. É possível extrair aromatizante de baunilha da espécie, muito utilizado na culinária.
De acordo com o pesquisador, a parceria com o Ideflor-bio para o projeto é fundamental, especialmente, na área dos recursos humanos. "Esse projeto ajuda a formar alunos que desenvolvem seus projetos de pesquisa e extensão aqui. Já estamos transformando o Parque em um centro de pesquisa, informação e disseminação da flora de Belém e da Amazônia", explica.
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