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SUSTENTABILIDADE

Projeto leva água potável à comunidade do Furo Grande, em Barcarena

O sistema desenvolvido desde 2012 e aperfeiçoado ao longo dos anos é relativamente simples e de fácil instalação.

Imagem ilustrativa da notícia Projeto leva água potável à comunidade do Furo Grande, em Barcarena camera Ao todo, 80 pessoas são beneficiadas com o tratamento de água | Ricardo Amanajás

Embora grande parte da água doce do mundo esteja na Bacia Amazônica, uma previsão feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que 40 milhões de pessoas até 2025 devem sofrer com a escassez de água na região. Mas antes disso, grande parte delas já padece de um problema bem comum: a falta de água tratada para consumos básicos, como beber e fazer comida. Foi a partir dessa observação que surgiu o projeto Segurança Hídrica e Saneamento na Região Insular de Belém, de captação e tratamento de água da chuva, abundante na região, e que já beneficia famílias da comunidade do Furo Grande, na Ilha da Onças, no município de Barcarena, nordeste do Pará.

Coordenado pela pesquisadora Vania Neu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), via Laboratório de Hidrobiogeoquímica, o projeto tem como foco contribuir com famílias de comunidades que não têm acesso à água potável. “Iniciamos na Comunidade do Furo Grande por um acaso porque estávamos desenvolvendo outro projeto lá com abelhas, com o objetivo de aumentar a produtividade do açaí, que tem na venda o principal meio de sobrevivência da comunidade, mas quando chegamos nos deparamos com um outro problema ainda maior, a falta de água potável e de saneamentobásico”, conta a bióloga.

A partir daí, ela e um grupo de alunos de vários cursos da Ufra começaram a estudar uma forma sustentável de oferecer água potável à comunidade a custo mais baixo. “Eles usavam a água do rio que está bastante contaminada para praticamente tudo, porque nem sempre conseguem comprar água potável em Belém, principalmente pelo custo do transporte, e a quantidade recebida por um barco que leva água até a ilha é insuficiente”, atesta.

Além disso, uma pesquisa concluiu que a água que a comunidade recebe da gestão municipal não é potável. “A situação acaba acarretando vários problemas de saúde aos moradores como coceiras, diarreias e verminoses”, destaca.

Atualmente, 15 famílias, num total de 80 pessoas, são beneficiadas pelo sistema de captação e tratamento de água na comunidade. “Mas indiretamente outras pessoas estão sendo beneficiadas porque um acaba cedendo água para aquele que não tem acesso”, conta.

O sistema desenvolvido desde 2012 e aperfeiçoado ao longo dos anos é relativamente simples e de fácil instalação. Funciona sem a necessidade de bomba d’água e energia elétrica e garante acesso à água totalmente potável a partir da captação da água da chuva.

A captação da água é feita por meio de uma calha instalada no telhado que desce por um tubo até um primeiro depósito. Por meio de uma conexão de tubos, a parte de cima da água é levada para a caixa d’água e dela é depositada em um filtro de barro com uma vela tripla ação esterilizante com prata coloidal e carvão ativado e cerâmica. “Para se ter uma ideia, depois desse processo, a água alcança PH 7, enquanto que água de garrafão comprada em supermercado tem PH 4. Quanto mais próximode dez é melhor”, ressalta.

PH

Entre os materiais necessários para construir o sistema com caixa d’água de dois mil litros, além da caixa, estão tubos, conexões e adaptadores, entre outros, que atualmente chegam ao custo total de R$ 2.200. “Conseguimos levantar recursos por meio do projeto para a compra do material usado na instalação dos 15 sistemas na comunidade e a instalação foi feita junto com os moradores para que eles se empoderassem do sistema e aprendessem a lidar com ele, semdepender de nós”, explica.

Para facilitar a compreensão do sistema, ela ressalta que foi criada uma cartilha que traz em detalhes cada fase do projeto, inclusive com os custos de cada peça utilizada nele. “Tivemos o cuidado de fazer um material acessível e de fácil compreensão, usando inclusive ilustrações e personagens tirados da própria comunidade”, destaca Vania.

PANDEMIA

Com a necessidade do isolamento social, a pesquisadora conta que optou por instalar um sistema menor em casa e fazer novas experiências. A ideia era conseguir uma água mais potável e ainda assim manter um baixo custo. “Consegui fazer algumas mudanças. Uma delas foi a substituição de tubos por um depósito mais simples com a mesma finalidade e o filtro de carvão foi substituído pelo filtro de cerâmica, que garante uma pureza ainda maior à água, juntamente com a vela”, diz.

Nesse período de pandemia, segundo a pesquisadora, o sistema se mostrou ainda mais necessário, já que permitiu que os beneficiados por ele não precisassem se deslocar até a capital para comprar água. “Além disso, possibilita que elas possam lavar as mãos várias vezes com uma água de qualidade”, completa.

Em agosto de 2020, três sistemas instalados na ilha já receberam as adaptações com resultados positivos. A meta agora é fazer o mesmo nas demais residências. “Para implantar esta nova adaptação, são necessários apenas mais R$ 220 por sistema, para que todas as 15 famílias possam ter este sistema, totalmente seguro.”

Como parte do projeto, a pesquisadora conta que também foi estabelecida uma parceria com o Instituto Evandro Chagas para que os benefícios na área da saúde possam ser comprovados. “Recebemos muitos relatos de moradores que nos falam sobre as melhorias proporcionadas pelo sistema, como a diminuição dos casos de diarreias e verminoses, mas queremos comprovar issoefetivamente com essa parceria”, ressalta a docente.

Entre os relatos trazidos na cartilha sobre o projeto está o da dona Rosilda do Nascimento, moradora do Furo Grande. “Antes da cisterna, a gente vivia com muitos problemas de diarreia e verminose, agora não. Tinha muita coceira quando a gente tomava banho no rio. Agora usamos a água do rio apenas para a limpeza da casa lavar roupa”, revela.

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