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Paraenses buscam nova vida em Santa Catarina e relatam desafios

Acidente com ônibus no Paraná também mostra a situação de paraenses que vão tentar a vida em Santa Catarina. Mas por que procuram esse estado do Sul? DIÁRIO ouviu quem vive lá e também quem não se adaptou. Confira!

Imagem ilustrativa da notícia Paraenses buscam nova vida em Santa Catarina e relatam desafios camera Leandro Müller de Carvalho se mudou em busca de uma vida nova. | Ricardo Amanajás

Atragédia do acidente com o ônibus que saiu de Ananindeua com destino ao município catarinense de São José e que resultou na morte de 19 pessoas deixando mais de 30 feridos na última segunda-feira trouxe à tona uma realidade cada vez mais presente na vida de muitos paraenses: a busca por uma oportunidade de trabalho fora do seu estado de origem rumo ao Sul do país, principalmente para Santa Catarina, que nos últimos anos se tornou uma espécie de “Eldorado paraoara”.

Uma das vítimas fatais foi o jovem paraense José Renan da Silva Souza, de apenas 18 anos. Ele viajava para Santa Catarina na esperança de arranjar um emprego conseguido pela irmã, que já reside no Estado. O ônibus caiu numa ribanceira da BR-376, em Guaratuba, litoral do Paraná, interrompendo seu sonho de uma vida melhor.

O DIÁRIO ouviu relatos de paraenses que se aventuraram em terras catarinenses na busca de uma vida melhor. O analista de suporte Thiago Dayvid Martins da Silva, 36, mora há 5 anos em Santa Catarina. “O que me levou a sair de Belém foi a falta de segurança e a questão profissional. Ocorre que a remuneração para quem trabalha com tecnologia da informação em Belém não é atrativa”, conta.

Thiago Dayvid
📷 Thiago Dayvid |Acervo Pessoal

A adaptação no Estado do Sul, segundo ele, foi tranquila. “As pessoas aqui são bastante hospitaleiras. Tem a questão do frio que muitos reclamam, já eu por outro lado gosto bastante. Gosto muito da minha cidade mas não me arrependo de ter saído. Uma vez por ano visito meus parentes e amigos e matar a saudade daquele açaí com farinha”, brinca.

O mesmo não ocorreu com o jornalista Leandro Müller de Carvalho, 25. Ele se mudou para Joinville, também em Santa Catarina, em 2017, após enfrentar problemas familiares por aqui. “Fui buscar novos caminhos mas infelizmente meus planos lá não deram certo. Fiquei por 6 meses e voltei. Trabalhei como atendente numa loja de chocolates e com telemarketing. Quando voltei para Belém consegui estágios na minha área e acabei me formando em jornalismo com a ajuda da minha mãe, que me incentivou a voltar”.

Leandro conta que não conseguiu conciliar a faculdade com os horários do emprego (que não era na área de jornalismo) em Joinville. “Quando percebi que não estava conseguindo um emprego que não prejudicasse meus estudos, a situação ficou pior. Sem falar que a cultura sulista é muito diferente da nossa. Eles são muito fechados e xenofóbicos”, diz.

O advogado trabalhista Phillimy Cardoso, 31, conta que sempre quis a experiência de viver em um lugar que ele acredita ter mais oportunidades, não tão violento e que trouxesse perspectiva de crescimento profissional e pessoal. “Era advogado recém-formado e, infelizmente, o campo profissional em Belém é saturado e nada valorizado para a minha área. No final de 2014 arrisquei tudo, com apenas uma reserva financeira para me manter por uns 3 meses, mudei para Blumenau. Graças a Deus deu tudo certo”, lembra.

Phillimy Cardoso
📷 Phillimy Cardoso |Acervo Pessoal

O fato de ser do Norte, diz o advogado, não lhe trouxe maiores dificuldades de adaptação, pelo contrário. “As pessoas são curiosas com o sotaque, a cultura e tudo mais. Já existe até restaurante de comida típica em Santa Catarina dada a quantidade de paraenses que vivem aqui”.

A pior parte da mudança radical foi e continua sendo a saudade dos amigos e da família. “Mas não me arrependo de ter arriscado tudo e tentado a vida fora do Pará, faria tudo de novo. Sempre me perguntam se penso em voltar a morar em Belém e a resposta é: não pretendo”, diz Phillimy, que vem pelo menos duas vezes por ano ao Pará visitar parentes.

Robson Ribeiro Nylander Silva, 35, é formado em publicidade e propaganda, mora há 5 anos em Florianópolis e atua como líder trainee numa empresa. “Optei por sair de Belém em razão do aumento da violência, da precariedade na saúde pública e pela falta de oportunidade nas áreas em que atuava. Queria buscar qualidade de vida e realização profissional”.

Robson Ribeiro
📷 Robson Ribeiro |Acervo Pessoal

Em Santa Catarina, segundo ele, os índices de criminalidade são mais baixos e há boas opções de trabalho em diversos setores da economia. “Está entre as melhores cidades (Florianópolis) do país para se viver quando se tratade qualidade de vida”.

A recepção e adaptação foram bem tranquilas, diz, superaram suas expectativas. “Com uma semana morando aqui já comecei a trabalhar na empresa na qual estou até hoje. Paraense tem fama de trabalhador por aqui. A saudade da família e amigos e da nossa culinária são minhas principais dificuldades... Mas não me arrependo de ter vindo e nem me imagino voltando. Com um ano morando aqui, já realizei o sonho da casa própria e estou prestes a me realizar profissionalmente”, comemora.

Grande oferta de ônibus e vans em redes sociais

Além das empresas regulares que fazem a linha Belém-Florianópolis, muitas empresas que se identificam como de turismo e até vans oferecem o mesmo serviço por um preço mais barato. Estão antenadas no “boom” de paraenses que vão para Santa Catarina em busca de emprego e faturam alto em cima do sonho de milhares de pessoas.

Acidente com o ônibus ocorreu na segunda-feira
📷 Acidente com o ônibus ocorreu na segunda-feira |Juliano Neitzke/ Arquivo Pessoal

No Facebook foi criada a página “Paraenses em Santa Catarina” (grupo público) onde estão postadas propagandas de várias empresas que realizam a viagem de ida e volta para o Estado sulista. Uma delas oferecia viagens de Belém para Santa Catarina a R$ 450,00, enquanto que numa empresa regular do Terminal Rodoviário de Belém esse preço pode chegara até R$ 700,00.

O percurso dura 3 dias e, em fevereiro, as saídas, em ônibus fretados, ocorrerão às segundas, terças e quartas-feiras de Belém. A empresa oferece ônibus com ar-condicionado, frigobar, bebedouro, TV e DVD, banheiro e poltrona semileito. As viagens de Florianópolis a Belém ocorrem aos sábadose domingos.

Segundo a atendente de uma empresa que conversou com a reportagem por um aplicativo de mensagens, o ônibus que sai de Belém deixa os passageiros não em Florianópolis, mas na cidade de São José, que fica próxima do centro da capital catarinense numa corrida de aplicativo, de acordo com cálculo da atendente, que é paraense e mora na cidade catarinense de Palhoça.

Ela garante que a empresa é legalizada. Outro anúncio, postado por um particular, oferecia viagens para Florianópolis em vans executivas de 17 lugares ao preço de R$ 400,00, com ar-condicionado, frigobar e TV.

Educação e inserção dos jovens no mercado de trabalho são prioridades do Governo

Mesmo em meio à pandemia, o Governo do Pará manteve resultados positivos na geração de vagas de empregos no Pará. Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), o Pará fechou o ano de 2020 como o maior gerador de empregos formais entre todos os estados da Região Norte, e o quarto maior do país.

Com o saldo positivo de cerca de 6.215 postos de trabalhos formais gerados no mês de novembro/2020, foi alcançado no ano (Jan-Nov/2020) pelo Estado um total de 38.234 postos de trabalhos formais, a maioria no setor de serviços, seguidos da construção, comércio eindústria em geral.

Com o retorno das atividades econômicas e sociais, através do Programa Retoma Pará, a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) conseguiu dar suporte para a intermediação de mão de obra realizada nos 31 postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em diversos municípios paraenses. “A rede Sine tem sido uma das principais ferramentas no encaminhamento de trabalhadores a ofertas de trabalho, em especial de jovens”, afirma Inocêncio Gasparim, titular da secretaria.

A educação e a inserção dos jovens no mercado de trabalho têm sido as prioridades do governo. Por este motivo, a Seaster tem trabalhado através do programa “Primeiro Ofício”, que articula e une esforços de 24 instituições integradas ao Fórum Paraense de Aprendizagem Profissional (Fopap) e busca oportunizar aos jovens aprendizes residentes no Pará à experiência profissional no mercado do trabalho e, ao mesmo tempo, proporcionar o exercício da cidadania.

“Aproximadamente mil jovens já estão inseridos no programa. Destaca-se que esses jovens devem ter de 14 a 24 anos, devem estar inseridos na rede pública de ensino e no cadastro único. A adesão ao programa é feita por parte da empresa, que se compromete em destinar 30% das vagas voltadas à jovens aprendizes ao Primeiro Oficio”, explica Gasparim.

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