Um total de 1.029 espécies de animais já foram catalogadas nas reservas florestais da Agropalma, no Pará, nos últimos 13 anos. Deste total, 40 estão na lista de espécies ameaçadas de extinção, como a onça pintada e o tamanduá bandeira. Além disso, foram identificadas onze espécies consideradas endêmicas – que são aquelas que só existem nesta região do planeta. As florestas da Agropalma totalizam 64 mil hectares e abrangem os municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu. Além dos animais, estas reservas mantêm ainda espécies de vegetais que, em outras áreas, costumam ser alvo de atividades irregulares, como a extração ilegal de madeiras. Angelim, paricá e sapucaia estão entre as espécies que recebem vigilância e proteção.
Desde a fundação da empresa, as florestas da Agropalma receberam atenção especial, com a criação do Programa de Proteção de Reservas Florestais. Hoje, a companhia conta com cerca de 30 profissionais que trabalham para manter essas áreas protegidas de possíveis ameaças de invasão, caçadores, madeireiros ilegais, entre outros. Além disso, há mais de uma década, a empresa estabeleceu parceria com a ONG Conservação Internacional (CI-Brasil), para ajudar a desenvolver o Programa de Monitoramento da Biodiversidade, que atualmente também conta com o apoio de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O diretor de Sustentabilidade do Grupo Agropalma, Túlio Dias Brito, destaca que o modelo de gestão do projeto atende a legislação brasileira. “A lei exige que as propriedades rurais na Amazônia tenham pelo menos 50% de área de reserva florestal preservada, podendo chegar a até 80%”, ressalta.
A empresa é atualmente a maior produtora de óleo de palma sustentável da América Latina e possui 107 mil hectares de terras, dos quais aproximadamente 39 mil hectares são destinados à produção agrícola e cerca de 4 mil hectares são áreas de infraestrutura, como estradas, agrovilas, indústria, entre outros. Desta forma, os 64 mil hectares restantes são áreas de reserva florestal.
Os projetos de proteção e monitoramento ajudam a preservar um pedaço da Amazônia, em uma região que tem sofrido historicamente com elevadas taxas de desmatamento ilegal. “A implantação do programa de reservas em si não teve grandes dificuldades. As florestas estão lá desde sempre e o primeiro passo foi mantê-las em pé”, disse Túlio.
“O passo seguinte é proteger essas matas. Como a região alí, de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açu, historicamente foi muito ligada à atividade madeireira, e muito dessa atividade era ilegal, então sempre necessitou de proteção”, lembra o diretor de Sustentabilidade. Segundo ele, cerca de 70% da vegetação nativa da região nordeste do Pará já não existe mais.
A empresa protege diariamente as áreas de reserva para evitar qualquer dano à biodiversidade existente. Equipes de vigias florestais fazem rondas diárias. A tecnologia também auxilia na vigilância e no monitoramento da floresta. Os trabalhos ocorrem para evitar que haja extração de madeira, queimadas e caça, retirada de cipó e pesca predatória.
“Nós temos um problema, a caça. Se a floresta não tem um sistema de proteção, muita gente vai caçar – inclusive caçadores que vêm de longe. Então, nós montamos um sistema de vigilância florestal com aproximadamente 30 profissionais que percorrem diariamente essas florestas. Quando um caçador entra e instala uma armadilha, o nosso vigilante vai lá e recolhe essa armadilha”, explicou Túlio Dias Brito, sobre o trabalho de proteção das reservas.
VIGILÂNCIA
José Braz Pereira, 63, é o inspetor florestal mais antigo da Agropalma. Nos últimos 30 anos se dedica a observar, vigiar e proteger a floresta. Ele conhece bem as trilhas e estradas que cortam e cercam as reservas da empresa. “Aqui tem de tudo. Tem jabuti, paca, tatu, cutia, veado vermelho, veado branco, onça, anta”, diz, ao listar as espécies que já viu em campo. “De aves eu já vi gavião, coruja, papagaio e arara”, prossegue.
A fala dele é dita enquanto conduz a equipe de reportagem até uma árvore de angelim vermelho, no centro de uma das reservas. Faz isso mostrando o orgulho que tem de ajudar a proteger toda aquela área. O acesso foi primeiro de carro, depois a equipe seguiu a pé pela mata. Orquídeas dão outros tons no verde que cerca a trilha. Os sons que se escuta por ali são só os de pássaros e do vento balançando as folhas das árvores.
Na trilha, José Braz aponta ainda para uma árvore sapucaia e para outra de paricá. Questionado sobre o motivo de querer levar os jornalistas até a árvore de angelim especificamente, responde que é para que a equipe conheça de perto uma das espécies mais cobiçadas por madeireiros. “O metro cúbico custa em torno de R$ 4 mil, isso sem ser serrada ou laminada. Se tiver corte, o valor triplica. Esta, que apresento a vocês, tem pelo menos 45 metros de altura”, aponta.
“Tenho orgulho de proteger, não somente esta, e sim todas as espécies que existem aqui. Nós sem a floresta sofreríamos muito”, disse o inspetor, declarando o amor que sente pela natureza. “A vida aqui no meio da floresta é melhor e mais bonita e a sociedade precisa entender o valor, a importância que as florestas têm para a manutenção da vida no planeta”.
Tulio Dias Brito lembra que todo o trabalho de proteção e monitoramento das reservas deixa uma herança para as futuras gerações. “O legado que a empresa protege é muito importante. Essas reservas florestais estão localizadas numa área da Amazônia que se chama Centro de Endemismo Belém, que é essa região do nordeste do Estado do Pará mais próxima da capital e também é a região onde a ocupação humana é mais antiga”, enfatiza.
“Você ter uma amostra de 64 mil hectares de reserva florestal, com 40 espécies ameaçadas de extinção é muito importante porque a gente está promovendo a longevidade dessas espécies. Se os habitats acabarem, essas espécies acabam também. E várias delas são endêmicas, só ocorrem nessa região do Centro de Endemismo Belém”, destaca o diretor de Sustentabilidade.
O diretor sênior de Programas da Conservação Internacional, Miguel Moraes, destaca que a parceria da ONG com a Agropalma ocorreu em um momento em que se discutia o desmatamento na Amazônia. “A empresa (Agropalma) nos procurou para pensar junto com ela um modelo de negócios que fosse inovador, que trouxesse a preservação e a conservação da biodiversidade efetivamente para o modelo de negócios”, ressalta.
“A parceria deu super certo e a gente vem trabalhando no monitoramento da fauna, do olhar para a população das espécies que ocorrem ali dentro, para entender como essa produção de óleo de palma impacta na população dessas espécies, ou seja, na conservação dessas espécies”, acrescenta.
Ações para conservar a fauna e a flora
Os dados obtidos nestes 13 anos do programa de monitoramento da biodiversidade nas reservas florestais têm gerado informações que vêm sendo adotadas tanto pelo campo científico (no caso, pelas universidades) como pela própria Agropalma e CI, a fim de melhorar e propor ações que ajudem a conservar a fauna e a flora. “Existe um investimento e um cuidado muito grande para assegurar que aquilo que está ali seja efetivamente preservado, ou seja, não basta dizer que estou conservando e largo aquilo ali de lado. É importante monitorar, é importante entender essas espécies que continuam usando aquele ecossistema - e como (o fazem)? Proteger e afastar todas as ameaças que podem prejudicar essa dinâmica de funcionamento. A Agropalma tem sido muito séria nesse trabalho”, pontua Miguel.
“A gente tem registrado os resultados a partir desse monitoramento junto com a universidade”, acrescenta. “Existem diferentes grupos de pesquisa acompanhando o que está acontecendo com essas populações. Todos os resultados estão sendo transformados pelas universidades, principalmente pela UFPA, em artigos científicos e novas peças do quebra-cabeça para a gente conservar melhor essas espécies e as reservas florestais”, explica.
O assessor de Responsabilidade Socioambiental da Agropalma, Wander Antunes, relembra que parte do sucesso do Programa de Proteção das Reservas Florestais se deve ao trabalho desenvolvido no decorrer dos anos junto às comunidades locais. “É um trabalho conjunto que é muito necessário. A Agropalma, sozinha, não consegue preservar totalmente. Precisa dessa cooperação mútua entre empresa e comunidades”, destaca. “Hoje, nós desenvolvemos trabalhos de conscientização com as comunidades do entorno sobre vários temas, como combate a incêndios, caça, retirada ilegal de madeira, entre outros. E isso é muito importante para o sucesso do trabalho. Se a comunidade não participar, não tem como você preservar 100%”.
Wander monitora juntamente com a área responsável os resultados dos programas socioambientais do Grupo Agropalma, como o Programa de Proteção das Reservas Florestais, bem como os resultados de outras áreas de produção da empresa, e garante que é possível sim aumentar produtividade sem destruir ecossistemas, mantendo protegidas as florestas, os rios e a biodiversidade. “A Agropalma, em seus 39 anos, vem realizando vários esforços nesse tema da preservação da Amazônia. Para cada 1 hectare de palma plantada, preservamos 1,6 hectares de florestas nativas”, diz.
“Hoje temos a satisfação de mostrar que possuímos certificações internacionais de sustentabilidade e cumprimos centenas de indicadores relacionados a preservação do meio ambiente e responsabilidade social e econômica para produzirmos óleo de palma de forma sustentável”, afirma Wander.
64 mil ha
A empresa é atualmente a maior produtora de óleo de palma sustentável da América Latina e possui 107 mil hectares de terras, sendo 64 mil ha destinados às reservas florestais
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