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OPINIÃO/NÉLIO PALHETA

O que em Vigia fizeram os jesuítas

Nesta terça-feira (11), completam-se 290 anos da resposta aos colonizadores.

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Imagem ilustrativa da notícia O que em Vigia fizeram os jesuítas camera Casa dos jesuítas na década de 1970. | Reprodução

Vigia de Nazaré não seria um lugar com tantas histórias se no início do século XVIII seus moradores não tivessem idealizado educar seus filhos em uma escola de qualidade. E isso já faz quase trezentos anos. Vigia já era vila, distante mais de 70 quilômetros da capital da Província. Os jesuítas já estavam em Belém quando chegou à Companhia de Jesus o apelo dos colonizadores portugueses que moravam naquele lugar atrás de Cabul, depois chamada de Ilha do Sol, agora município de Colares. Eles sabiam que os missionários da Companhia poderiam lecionar aos seus filhos. Os seguidores de Inácio de Loyola implantaram o primeiro sistema educacional do Brasil e tinham um Colégio na “Cidade do Pará”, Belém.

Nesta terça-feira (11), completam-se 290 anos da resposta aos colonizadores. A autorização para a instalação do Colégio de Vigia foi assinada a 11 de maio de 1731, por de D. João V, rei de Portugal. Mas em 1729, a obra da Casa dos Jesuítas já estava em andamento.

Também a Igreja da Mãe de Deus estaria sendo construída.

A Casa da Vigia prosperou rapidamente, ganhando prestígio e dinheiro com a exportação de gêneros para o reino. A escola vigiense nasceu vinculada ao Colégio de Santo Alexandre, em Belém e ganhou independência em 1740.

Na historiografia dos jesuítas, não se encontra, até agora, datas referentes à construção da Igreja, mas se sabe que o Colégio funcionou numa das dependências da “Mãe de Deus”, provavelmente no salão superior sobre a sacristia, onde os inacianos lecionaram as “primeiras letras”, matemática, ciências, latim e música, desde 1732. O Colégio chegou a ter 1.010 livros em uma biblioteca recheada com boa variedade de assuntos: Gramática, Teologia, Filosofia, Matemática, Medicina, Química e, ainda, um providencial “Manual de Exorcismo”.

Construída ao lado da moradia, a igreja da Mãe de Deus é portentosa, arquitetura única; os campanários encabeçam as duas varandas superiores guarnecidas por impressionantes fileiras de colunas. A sacristia ricamente ornamentada é dedicada à Virgem Maria.

Em mais de meio século, os jesuítas deixaram uma obra grandiosa na Amazônia até serem expulsos, também de Vigia, a 12 de janeiro de 1759, pelo primeiro ministro português, Sebastião José de Carvalho e Melo o Marques de Pombal. Colégios, residências, fazendas, gados, oficinas, fábricas de sabão, anil e cal; frotas de embarcações; plantações de café, cacau e algodão foram expropriadas e leiloadas pela Coroa Portuguesa. Na igreja de Vigia, eles deixaram muitas peças de prata usadas nos rituais (a maioria foi surrupiada), e nas mãos de um cidadão de confiança, ficou uma quantia de dinheiro.

Os padres teriam pensado que era mais um capítulo da história de conflitos com os colonizadores? Pensaram errado. Nunca mais voltaram!

Cerca de 20 anos depois da deportação dos padres para Portugal, a igreja estava muito deteriorada. Outra Igreja, a de Nossa Senhora de Nazaré, hoje conhecida como “Igreja de Pedras”, ficou inacabada. E está longe da grandiosidade da sua quase vizinha.

Na obra que escreveu como “cronista da Companhia”, o jesuíta alemão João Filipe Bettendorff registrou a mais antiga referência sobre a devoção paraense a Nossa Senhora de Nazaré, informando que em 1697 o padre José Ferreira “visitou na Vigia, de passagem, a milagrosa imagem de Nossa Senhora de Nazaré”. Bettendorff acrescentou: “... é o que lá tem de melhor, que de todas as partes se frequenta de romeiros que vão lá fazer suas romarias e novenas”.

A Casa - até meados da década dos anos 1970 era propriedade dos herdeiros de Leopércio Mira - foi demolida e no terreno a Congregação do Preciosíssimo Sangue construiu uma escola.

O jesuíta Serafim Leite (1890 – 1969) visitou Vigia em 1941, dois anos antes de publicar a portentosa “História da Companhia de Jesus no Brasil". Além de bons registros sobre Vigia, Leite publicou fotos da igreja, cedidas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (hoje IPHAN); o templo precisava, naquela época, de reparos. Leite informou que viu um presépio, infelizmente perdido, no final do século passado, durante uma obra de reforma da igreja.

Para conhecer mais sobre a Companhia de Jesus e a obra deixada em Vigia, recomenda-se ler, além Serafim Leite, a “Crônica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus na Província do Maranhão e Grão-Pará”, de João Felipe Bettendorf (1625 - 1698), Edição do Senado Federal - 2010; e “Os jesuítas no Grão-Pará”, de João Lúcio de Azevedo (1855 — 1933) - 1ª edição, 1901; Secult, 1999. Recentemente, a editora Loyola lançou “Arte dos Jesuítas na Ibero-América” (2021) – do historiador Percival Tirapeli. O autor destacada a Igreja da Mãe de Deus entre as muitas obras dos jesuítas no continente americano.

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