Com uma grande prevalência entre a população adulta mundial, a hipertensão guarda uma característica que demanda atenção, a ausência de sintomas. Silenciosa, a doença pode acometer uma parcela considerável da população sem que a mesma sequer tenha conhecimento do problema.

O médico cardiologista e coordenador da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), Eduardo Augusto da Silva Costa, alerta que a ausência de sintomas, associada à grande prevalência na população, é a grande questão quando se trata da hipertensão, ou pressão alta. Condições que impactam diretamente no tratamento e no controle da doença.

Eduardo Augusto da Silva Costa, coordenador da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA
📷 Eduardo Augusto da Silva Costa, coordenador da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA |Divulgação

“Qual é o grande problema da pressão alta? Primeiro, ela é muito prevalente. Acima de 40 anos, no mundo, 40% da comunidade tem pressão alta. Acima de 50 anos, no mundo, 50% da humanidade tem pressão alta. A prevalência é realmente muito grande”, considera. “A outra grande questão é que ela não dá sintomas. Um dos maiores problemas das pessoas com a doença e não seguirem o tratamento é que elas não sentem nada”.

O médico destaca que não é incomum que pacientes acabem negligenciando o tratamento da hipertensão justamente por não sentirem sintomas, o que pode levar a riscos e consequências graves à saúde. O não controle da pressão alta pode levar ao desenvolvimento de complicações como, por exemplo, edema pulmonar, insuficiência cardíaca, infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência renal, aneurisma da aorta, doença vascular periférica, que ocorre quando entopem as artérias da perna, dentre outras. “Se a gente controlasse, no mundo, a pressão e o diabetes, em termos de saúde pública teríamos um controle de doenças no geral”.

Herança genética é fator determinante

O médico cardiologista Eduardo Costa explica, ainda, que a hipertensão, normalmente, se herda de pai, mãe ou familiares antigos. “A gente não pega a pressão alta, não se contamina. Mais de 90% da pressão alta é herdada, é herança genética. Homens ficam hipertensos de herança, em média, a partir dos 35 anos e mulheres ficam hipertensas pós-menopausa, depois dos 45 anos”, aponta. “Mas há algumas doenças que podem causar o problema, principalmente as doenças do rim e as doenças endócrinas, das glândulas, assim como alguns tumores também. Nesses casos, quando o tumor é retirado, acaba a pressão alta. Assim como quando se cuida da doença do rim ou endócrina, a pressão também volta ao normal sem remédios”.

Já no caso da pressão alta causada por fatores genéticos, o médico aponta que não há cura, apenas controle. “As pessoas que têm pressão alta precisam tomar medicações todos os dias, para sempre. Hoje, você recebe, pelo SUS (Sistema Único de Saúde) o seu remédio para controlar a pressão, tanto para homens, quanto para mulheres, o que é muito importante porque, antes, não existia isso”, esclarece o médico. “Geralmente, quem tem pressão grave tem que tomar três ou quatro medicamentos de famílias diferentes e é importante manter o uso correto da medicação conforme prescrito pelo seu médico”.


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