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"HUMANISTA"?

Médico paraense gera revolta com posts machistas e elitistas 

Pela web, várias pessoas já se manifestaram contra as "piadas" nada "engraçadas" e nem profissionais do médico. CRM já se posicionou sobre conduta de Antuan Neder.

Imagem ilustrativa da notícia Médico paraense gera revolta com posts machistas e elitistas  camera Redes sociais de médico são repletas de exemplos de machismo e elitismo. | Reprodução

Olhar o paciente com mais empatia e colocá-lo como prioridade é a proposta da medicina humanizada. Com isso, presume-se que o profissional da saúde tenha um atendimento diferenciado, olhar mais individual para o paciente e, obviamente, mais respeitoso.

Essa é uma proposta bem atual e necessária. No entanto, também é atual o uso de memes e a transformação rápida de pessoas pouco conhecidas à condição de "produtores de conteúdo" ou mesmo "influenciadores digitais", muitas vezes sem tanta atenção e cuidado.

Nos últimos dias, viralizaram na web posts machistas, elitistas e, no mínimo, sem graça alguma, de um médico de Belém, Antuan Neder, formado pela Universidade do Estado do Pará. Ele se define praticante da medicina humanizada, e mais que isso, ele promete dar “dicas práticas de medicina nos stories”.

Nessa rede, ao lado da foto do perfil, posada com roupa de trabalho, estetoscópio ao redor do pescoço e sorriso no rosto, o médico deixa bem claro em letras garrafais: TRATO PESSOAS E NÃO DOENÇAS. Um perfil e um ser humano admirável para quem busca seguir pessoas bacanas e com conteúdos nas redes, certo? Não é o que se vê em feed no Instagram.

As postagens ridicularizam situações e práticas de vida, o que é um perigo, já que muitas pessoas podem ter determinada patologia e muitas vezes não tem condições financeiras de pagar por tratamento médico.

Após as críticas, o médico com CRM do Pará começou a bloquear as pessoas que questionaram a sua conduta nas redes sociais e não obtiveram respostas. Até a tarde de terça (08), seu perfil era aberto. Agora, já está privado. Entretanto, foi por lá que ele resolveu explicar suas publicações - inclusive muitas delas foram apagadas.

A revolta na internet interrompeu o momento de lazer do médico, que começa o vídeo dizendo que estava tomando uma cerveja com os amigos. “Sinceramente eu não vejo onde eu fui machista nesse post, pelo contrario”, começou a gravação.

“Para mim, ao meu ver, o que acontece é que essa geração do cancelamento , da cultura do cancelamento... A galera que vem xingar e falar besteira, é sempre o mesmo tipo de galera que tem um viés ideológico assim...”, tenta explicar o médico que se autodenomina doutor sem possuir formação correspondente para tal e que talvez desconheça que o machismo é estrutural, chegando até mesmo a ser imperceptível por quem sempre o praticou.

PUBLICAÇÕES LAMENTÁVEIS

Em uma das suas postagens, ele escreve: aquela tua amiga que tem piriquita sofrida”. A imagem é um homem mostrando um celular para uma mulher, com os dizeres “Olha a tua virilha preta lá no Croco. Te manca caralho” (sic).

Médico paraense gera revolta com posts machistas e elitistas 
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O médico faz referência a opção da mulher em se depilar e a forma usada para isso, e ainda desmoraliza algumas pessoas. Além disso, existe a diminuição de pessoas que gostam de aparelhagem. Ou seja, um conteúdo totalmente preconceituoso e nada humano e sensível.

Em outra postagem ele apontando para dois pães com mortadela, em um delas tudo está pra dentro e outro para fora. Na legenda: "Senão umas meninas aqui da rua já tavam com 2km de periquito, o famoso pinguelo de bungee jump" (sic). Imagine, cara leitora, você ser atendida por alguém que pensa assim...

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CRM INVESTIGA O MÉDICO

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará informa que foi aberto procedimento apuratório conforme preceitua o Código de Ética Médica, e já está tomando todas as medidas cabíveis que o caso requer. Os procedimentos instaurados nestes Regional tramitam sob sigilo profissional.

“As declarações machistas do Médico Antuan Neder não são um caso isolado nesta sociedade patriarcal, historicamente nós mulheres somos oprimidas e desqualificadas em razão do nosso gênero. O caso deste profissional que diz exercer uma medicina humanizada é apenas um dos infinitos casos existentes. O machismo e o sexismo nas declarações e memes ultilizados pelo médico só nos aponta uma urgência em combater essa cultura misogina, machista e sexista que desqualifica tudo o que é feminino”, disse Drika Sá, Professora, mestranda, feminista e antirracista.

A pesquisadora ainda fala sobre a questão dos corpos femininos estarem sempre sendo pautados de forma julgadora. “Oprimir as mulheres fazendo uso de seus corpos é algo que ainda está arraigado e normalizado na sociedade, um homem sempre tem poder e autoridade para desqualificar mulheres e na maioria é perdoado por isso, pois culturalmente os homens são classificados como seres que "amadurecem mais tarde", já as mulheres não, a cultura criada em torno delas é de que "meninas amadurecem antes", isso é o que até hoje tem predominância no imaginário social, e assim, homens são autorizados a falar, fazer e ser machistas, racistas, homofóbicos e mesmo quando apontados, ainda sim, diz não ver problema em suas declarações e ações ”, acrescentou.

“O médico em questão branco e heteronormativo é o que na sociedade possui a autoridade para falar e acredita que está tudo bem, que sua ação não tem nada de mais e que suas falas não foram bem assim, ou seja, suas ações tem "passabilidade", tudo que ele ou pessoas do seu perfil fazem, passa. Por isso o feminismo se faz primordial, pois é um importante movimento político que atua no enfrentamento do machismo, sexismo e misóginia e traz para o centro as mulheres como seres políticos e suas pautas. Os pronunciamento deste homem reforçam o ódio as mulheres e acima de tudo, objetificam seus corpos, pois somos vistas como meros objetos”, finalizou a mestranda.

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