Dono de estabelecimento é agredido por policiais em Belém

O fim de mais um dia de trabalho se transformou em uma madrugada de discussões intensas e truculência policial. Tudo foi registrado pelas câmeras internas de um estabelecimento na capital paraense, pois as imagens feitas no celular da vítima, que chegou a gravar a situação, foram apagadas.

A denúncia é de Rodrigo Cal Fonseca, proprietário de um estabelecimento no bairro de Nazaré, em Belém, que mostra o resultado das agressões sofridas por policiais militares durante uma abordagem na madrugada da última quinta-feira (3).

Ele explica, em um vídeo publicado nas redes sociais de pouco mais de 10 minutos, que uma viatura parou no local por conta do horário de funcionamento, pois ultrapassou o limite estabelecido nas medidas restritivas do atual decreto estadual e, por isso, deveria encerrar o expediente.

“Eu perguntei o que estava acontecendo e eles disseram que já tinha passado do horário. De fato, já tinha passado. Eu comuniquei para o sargento que a casa já estava fechada, mas que tinham pessoas dentro da casa, aproximadamente, umas 15 pessoas que precisavam fechar a comanda”, conta.

Abordagem

Rodrigo afirma que passou os minutos seguintes tentando argumentar com um sargento responsável pela operação, que insistia para que o local fosse encerrado. “Falei com o meu gerente e pedi para acelerar. Acho que foi em torno de 5 minutos depois, chegou uma verdadeira operação policial. Chegaram quatro viaturas. Eram 20 policiais. Mais de 10 entraram com a arma em punho e aquilo me incomodou, e eu reclamei com um tenente”, lembra.

O proprietário do estabelecimento disse ainda que foi solicitada a documentação do local, que foi entregue, mas sequer foi observada. Ele narra que atendeu outras demandas e pediu que aguardassem, pois todos os clientes sairiam em breve. “Quando eu saio para chamar os clientes, eles [policiais] me cercam de forma intimidatória, com dedo na cara, tapinha no peito. Disseram que eu estava desacatando”, recorda.

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Uma publicação compartilhada por Rodrigo Cal Fonseca (@rodrigocal)

As agressões

O relato em seguida se resume às sequências de agressões físicas sofridas. Nele, é aplicado um mata-leão por um PM, depois e é arrastado para fora da casa, segurado e levado para dentro de um camburão desacordado. Rodrigo afirma que acordou em um momento quando tentaram pegar o aparelho telefônico, mas que sob os efeitos do gás de pimenta e de socos, optou por não resistir.

Rodrigo afirma que acionou a Corregedoria Geral da Polícia Militar e que foi submetido ao Exame Pericial de Corpo de Delito de Lesão Corporal. Ao fim, ele revela ter medo do que está por vir, mas garante que precisava expor o caso para a mídia.

“Estou bem, pelo menos até agora. As feridas vão sarar, mas o que vai demorar vão ser as feridas psicológicas, o pânico que foi feito dentro do camburão, durante a condução e durante a delegacia, além das ameaças que eu sofri durante o percurso. Se eu temo pela minha vida? É claro que eu temo. Eu tenho medo de represálias. Inclusive, eu fui ameaçado por eles, mas eu também acho que isso precisa parar. E a única forma é dando publicidade e torcer para que chegue nas autoridades competentes”, afirma.

Ao DOL, o Promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, informou que assim que ainda não tomou conhecimento do caso, irá determinar a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM).

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