O escritor paraense Vicente Cecim, responsável por mais de 15 obras literárias e autor do livro premiado "Viagem de Andara", que reúne 18 livros em 1.238 páginas, incluindo três obras inéditas da saga, morreu por complicações da covid-19, no inicio da tarde desta segunda-feira (14).  

A morte do escritor causou comoção no meio artístico e cultural. O governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, reverenciou o legado de Cecim e informou que ele será homenageado como escritor na 24a Feira Pan-amazônica do Livro e das Multivozes, que será realizada neste ano. Vicente Cecim faleceu, por volta das das 13h30 de hoje, aos 74 anos. Ele estava sendo submetido a um tratamento de um câncer quando foi diagnosticado com coronavírus. Com o organismo já debilitado, precisou ser internado no último dia 3 de junho, no Hospital Ophir Loyola, referência em Oncologia, em Belém.

A informação foi confirmada pela filha do escritor, Virginia Cecim, em suas redes sociais. "Pai, você se foi!!! E com você, foi a minha vida. Estarei sempre ao seu lado", lamentou. 

Premiado escritor, Vicente Cecim morre de covid, aos 74 anos
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O escritor Vicente Franz Cecim nasceu em Belém do Pará. Desde que iniciou em 1979 a invenção de "Viagem a Andara - O livro invisível", dedicou-se unicamente a essa obra imaginária, que ele chamava de "literatura fantasma" e dizia escrever com tinta invisível.

Cecim escreveu sua literatura a partir dessa Viagem, ou, como ele dizia, o seu não-livro, ambientado no território metafísico e físico de Andara, uma transfiguração da Amazônia em região-metáfora da vida. Em 1980, o escritor ganhou o prêmio Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, por sua segunda obra, "Os animais da terra".

Ao longo dos sete primeiros livros de Andara, Cecim prosseguiu abolindo as fronteiras entre prosa e poesia. Publicados inicialmente pela Iluminuras no volume Viagem a Andara, as obras receberam, em 1988, o Grande Prêmio da Crítica da APCA, nessa década somente atribuído também a Hilda Hilst, Cora Coralina, Mario Quintana e, na seguinte, a Manoel de Barros.

Em novas versões, transcriados pelo autor e reunidos nos volumes "A asa e a serpente" e "Terra da sombra e do não", foram reeditados em edição comemorativa, pela Cejup, em 2004. Em 1994, "Silencioso como o Paraíso", lançado pela Iluminuras com mais quatro livros de Andara, em que o autor reafirma sua disposição de converter a literatura em pura escritura, foi aclamado por Leo Gilson Ribeiro como “um dos mais perfeitos livros surgidos no Brasil nos últimos dez anos.” Desde então, suas novas obras passaram a ser publicadas apenas em Portugal.

Em suas redes sociais, o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, lamentou a perda de Cecim e o honrou sua trajetória como homem de cultura paraense:

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