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JANEIRO A MARÇO

Aumenta desligamento por morte de trabalhadores registrados 

Resultado do levantamento nacional pode ter relação com a pandemia. No Pará, no primeiro trimestre de 2020, esse tipo de desligamento registrou 233 casos, número que subiu para 364 casos no mesmo período deste ano

Imagem ilustrativa da notícia Aumenta desligamento por morte de trabalhadores registrados  camera Medicina foi uma das atividades mais afetadas | Wagner Almeida

Nos 3 primeiros meses deste ano (janeiro a março) o Pará registrou um aumento em casos de desligamentos por morte no emprego com carteira assinada comparando com o mesmo período do ano passado. Médicos e enfermeiros e trabalhadores em atividades de educação e transporte foram os mais afetados. O aumento pode apontar um reflexo da pandemia. Nacionalmente o percentual desse tipo de desligamento no período foi de 71,6%. A pesquisa, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que ocorreram 22,6 mil mortes de trabalhadores registrados neste ano, contra 13,2 mil em 2020.

No primeiro trimestre de 2020 esse tipo de desligamento registrou 233 casos no Pará, número que subiu para 364 casos no primeiro trimestre deste ano. O Pará ficou atrás somente do Amazonas, que viu 613 trabalhadores morrerem.

O Amazonas foi o estado com o maior crescimento percentual de desligamentos por morte no primeiro trimestre deste ano: 437,7%, maior do país, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) nacional, responsável pela pesquisa. Na região Norte, o Pará ficou em último nesse recorte. Em todo o ano de 2020, o Pará registrou 1.230 desligamentos por morte. No Amazonas os casos sobressaíram principalmente nos meses de janeiro e fevereiro.

Até a metade de junho, segundo cálculos do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA), 91 médicos faleceram em decorrência da Covid-19 no Pará. O Estado ocupa a terceira posição nesse ranking, perdendo apenas para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Tereza Cristina de Brito Azevedo, presidente do conselho, ressalta que não há como afirmar que as mortes de médicos em geral coincidiram com a pandemia, “uma vez que não possuímos dados dos demais óbitos ocorridos com sua respectiva causa mortis”.

Tereza Cristina de Brito, presidente do  Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA)
📷 Tereza Cristina de Brito, presidente do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) |Divulgação

Entretanto, ela afirma que a pandemia afetou a categoria médica, principalmente no momento em que houve falta e insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) logo no início, aliado à ausência inicial de protocolos eficazes, além da sobrecarga de trabalho, fatores determinantes para as contaminações.

“O fluxo no atendimento aumentou e os médicos não mediram esforços para salvar vidas. Com isso, houve um aumento no número de fiscalizações no CRM-PA. Foi feita uma força tarefa a fim de garantir condições dignas para que o médico pudesse exercer a medicina. Todos esses relatórios foram enviados ao MPE, MPF, Sespa, Sesma, a fim de garantir proteção adequada aos profissionais, que estão até hoje na linha de frente, pois a pandemia ainda não terminou”.

A médica ressalta que, com a Covid-19, a medicina vivenciou um panorama ameaçador com o aumento no número de óbitos entre os médicos, principalmente os que estavam na linha de frente. “Esses foram os mais expostos ao contágio, médicos das mais variadas especialidades e idades, que não mediram esforços para que muitas vidas fossem salvas”.

Wilson Machado, diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos do Estado do Pará (Sindmepa), diz que a entidade não teve acesso à estatística do Dieese, mas acredita que, como a maioria dos médicos não tem carteira assinada, a categoria não aparece nas estatísticas. “Porém, podemos confirmar que as perdas de vidas entre médicos nesse período da pandemia no estado do Pará estão entre os índices mais elevados do Brasil”.

Nesse contexto, ele assegura que “a pandemia afetou profundamente a categoria médica, seja pela falta da mão de obra qualificada, seja pela sobrecarga de trabalho para os demais, seja pelo golpe emocional que está acometendo a categoria”.

Dados do Observatório da Enfermagem mostram que 40 profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) perderam a vida em decorrência da Covid-19 no Pará desde 25 de abril do ano passado. Desse total, 21 faleceram até dezembro de 2020 e outros 19 este ano, até maio passado, sendo 8 apenas no mês de março, coincidindo com o aumento do número de casos e óbitos no país.

Danielle Cruz,
presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA)
📷 Danielle Cruz, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) |Divulgação

Danielle Cruz, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), lembra que os profissionais de enfermagem representam o maior contingente dos profissionais de saúde, correspondente a cerca de 60% do total. “Esses profissionais são os que passam 24h prestando assistência aos pacientes. A exposição é bem maior em razão da natureza da nossa atividade e o risco de infecção segue o mesmo caminho”, destaca.

A presidente do Conselho ressalta que desde antes da declaração da pandemia já existia um subdimensionamento de profissionais, sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS), condições ruins de trabalho, além da qualidade e quantidade de EPIs insuficientes que, segundo ela, foram decisivos para o aumento no número de casos de contágio e óbito entre os profissionais.

Pesquisa

O Dieese nacional destacou o aumento de mortes de profissionais da saúde nos três primeiros meses de cada ano. A morte de médicos cresceu 204%, saindo de 25 para 65. Já a de enfermeiros foi de 116%, de 25 para 54. Nas atividades de atenção à saúde, o crescimento foi de 75,9%. Na educação, o crescimento foi de 106,7% e em transporte, armazenagem e correio, de 95,2%. No setor de informação e comunicação o aumento foi de 124,2%, e eletricidade e gás 142,1%.

OUTRAS CATEGORIAS

EDUCAÇÃO

Marcelo Santos, coordenador geral do Sindicato dos Professores da Rede Particular no Estado do Pará (Sinpro-PA), concorda com o levantamento do Dieese que mostra um aumento no número de desligamentos por mortes durante a pandemia. Segundo ele, isso se refletiu diretamente nos trabalhadores da Educação. Segundo levantamento feito pelo sindicato, o número passa de 60 mortes desde março do ano passado.

“Os professores da rede privada só deixaram de trabalhar presencialmente por conta dos decretos estadual e municipal, baixados depois do início da pandemia. Depois que tais decretos flexibilizaram o retorno presencial apenas para rede privada, conseguimos suspender judicialmente por 30 dias as aulas presenciais. Ver nossos colegas de classe morrendo foi e é para nós motivo de pânico e acreditamos que o risco diminui com a vacinação de todos”, afirma.

JORNALISMO

Os três primeiros meses deste ano, de janeiro a março, foram os mais letais para os jornalistas paraenses, uma das categorias mais atingidas pela Covid-19 em todo o país. Levantamento feito pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA) mostra que 24 jornalistas perderam a vida desde o início da pandemia.

“Março desse ano foi o que mais registrou mortes de jornalistas no Pará, chegando a superar em número de mortes vários meses do ano passado”, destaca Vito Gemaque, presidente da entidade.

Segundo ele, a redução no número de óbitos está diretamente ligada à vacinação, que começou a se intensificar a partir do final da segunda onda da doença. “A maioria dos jornalistas que morreram de Covid tinha mais de 40 anos e estavam economicamente ativos. E a contaminação ocorreu em função da nossa atividade que mantém contato com muitas pessoas em coberturas jornalísticas, manifestações e eventos”, destaca.

Comparando apenas março de 2021 com todo 2020, o estudo do Sinjor mostra que este mês superou em número de óbitos o ano passado: de maio e novembro de 2020 ocorreram 3 mortes cada; e em julho 1 óbito foi registrado, fechando o ano passado com 7 óbitos entre jornalistas paraenses. Somente março deste ano registrou 8 perdas. Em 2021 a escalada dos óbitos foi crescente: janeiro teve 1 óbito; em fevereiro subiram para 3 vítimas; e março fechou com 8 óbitos. A situação só não está pior, segundo Vito, porque os veículos de comunicação vêm priorizando as pautas não presenciais, facilitando o contato dos jornalistas por meio telefônico e digital (conferência, videochamada, etc.).

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