Hoje é celebrado o Dia Nacional do Ciclista, data marcada para reflexão em homenagem a Pedro Davison, jovem de 25 anos, morto após um atropelamento no Eixo Sul, em Brasília, há 15 anos. Pedro foi vítima de um motorista embriagado que dirigia com a habilitação vencida e em alta velocidade. Diariamente, para quem faz uso da bicicleta como meio de transporte ou prática esportiva, a segurança nas vias e mais respeito têm sido os pilares da luta de ciclistas, assombrados por um cenário marcado por atropelamentos, acidentes e estrutura cicloviária ainda precária. Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), 13.718 ciclistas morreram nos últimos dez anos no Brasil e, dessas mortes, 60% foram motivadas por atropelamento.
Aos cofres públicos, os acidentes para tratar de ciclistas traumatizados em colisão com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos de transporte geraram um custo de R$ 15 milhões por ano ao Sistema Único de Saúde (SUS). A nível regional, levantamento da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) mostra que o Hospital Metropolitano, em Ananindeua, em 2019 atendeu 211 ciclistas e em 2020 realizou o atendimento de 187 ciclistas em acidentes envolvendo motocicletas, automóveis, ônibus e caminhões. Os números representam queda de 11,37% nos casos. Já os números parciais de 2021 apontam que, até ontem, a unidade fez 87 atendimentos desse perfil.
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Segundo a integrante do ParáCiclo e diretora da União de Ciclistas do Brasil, Ruth Costa, a mobilidade urbana e a segurança dos ciclistas ainda são um problema muito sério em Belém. “Temos números altos de acidentes envolvendo ciclistas que usam a bicicleta como meio de transporte, esporte ou lazer. A impressão que eu tenho é que tem aumentado a falta de respeito por parte de condutores de veículos e motoqueiros e que não há manutenção nas ciclovias e ciclofaixas”, disse. “Eu que uso bike vejo diariamente esta situação caótica em Belém. É preciso que o poder público dê visibilidade para os ciclistas e que as pessoas vejam a bicicleta como um veículo saudável. Esse respeito precisa ser cobrado e fiscalizado”, acrescentou.
PERIGOS
Na capital, a diretora diz que alguns trechos são mais perigosos para pedalar ou carentes de fiscalização, dificultando a passagem do ciclista ou facilitando o risco de acidentes. “A Lomas Valentinas é invadida diariamente, com trechos que servem de estacionamento. E na Vileta, outra via que conta com carros constantemente estacionados nas ciclofaixas”, explicou.
Outro trecho bastante movimentado é na rua dos Mundurucus. Diariamente, é comum ver carros ou caminhões estacionados nas ciclovias ou motoqueiros fazendo uso da via para ganhar tempo no trânsito.
O entregador de água, João de Deus, 40, tem impressão de que na cidade o ciclista não tem direitos. “Existe muito desrespeito. Motoristas fecham as vias com carros, ficam bem no meio da faixa e nos trancam. Se a gente reclamar, eles ainda querem brigar. Para quem é ciclista tem de tomar muito cuidado, principalmente com motoqueiro. Já trabalho fazendo entrega há três anos e tive vários problemas no trânsito.”
Ciclista há três anos, tendo adquirido o hábito no Rio de Janeiro, a professora Conceição Mangabeira, 58, relata que o ciclista em Belém não tem prioridade a nada. “Não podemos reclamar, bater foto de infrações, a malha cicloviária é precária, ou seja, é uma luta diária”, reclamou. Além de ciclista, Conceição é motociclista, mas aderiu à bike por ser muito mais saudável. “Pedalo 25 quilômetros, do centro aos bairros e aos parques da cidade. É uma coisa maravilhosa e já faz parte do meu dia a dia, mas infelizmente ainda tem muito o que melhorar em relação ao respeito e estrutura cicloviária. Nossa cidade não é programada para o ciclista”, lamentou.
Ao longo da BR-316, o cenário caótico continua. “Os motoristas passam rente à nossa bicicleta”, ressaltou Ruth, destacando o artigo 201 do Código Brasileiro de Trânsito, que determina que os motoristas devem respeitar o espaço de 1,5 metro para que o ciclista pedale com segurança.
Cobrar do poder público e lutar por melhores condições de tráfego e por respeito tem sido pauta constante de membros do ParáCiclo. “Temos realizado ações para dar visibilidade aos ciclistas e fazer com que a sociedade entenda nossos direitos no trânsito. Pedimos mais respeito, mais paciência, menos violência, mais amor e menos motor.”
Veja a reportagem da RBA TV!
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