O Pará é o Estado brasileiro com o maior número de novos empresários e novos microempreendedores individuais ((MEIs), este ano, segundo o Mapa das Empresas do Brasil, do Ministério da Economia. Somente nos quatro primeiros meses de 2021 (janeiro-abril), 27.671 novos empresários se regularizaram no Estado. Este quantitativo é 35,7% superior ao último quadrimestre de 2020 (setembro-dezembro) e 31,2% maior que o primeiro quadrimestre de 2020.
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Em relação aos microempreendedores individuais, o mapa mostra que, entre janeiro e abril de 2021, 26.274 novos MEIs se registraram e se regularizaram no Pará. Isso foi quase 40% (39,3%) a mais que o quadrimestre anterior e 33,1% maior que nos quatro primeiros meses de 2020.
Esses índices mostram que mesmo em período de pandemia de Covid-19 e crise, muitos conseguem se reinventar e arriscar a abrir um negócio que irá lhes trazer rendimentos. E fazem isso dentro da regularidade, seja como empresário individual ou MEI. A gerente de relacionamento empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Leda Magno, explica que a diferença entre os dois é grande, mas, de certa forma, um implica na evolução do outro.
“O MEI foi criado para dar o suporte para quem estava na informalidade. É o primeiro degrau para os trabalhadores informais legalizarem o seu negócio”, pontuou.
O microempreendedor individual é aquele que alcança um faturamento no limite de R$ 81 mil por ano, pode contratar no máximo um funcionário e não pode oferecer determinados serviços especializados, como consultoria. “A participação em licitações públicas é restrita. O MEI também pode conseguir linhas de crédito, mas com limite de até R$ 12 mil”, acrescentou.
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Já o empresário individual, o microempresário, tem o faturamento acima de R$ 81 mil por ano. “Ele pode participar de licitações, oferecer serviços de consultoria e obter mais linhas de crédito. Na prática, ele é a evolução do MEI”.
Questionada sobre qual é o melhor para aderir, ela responde que primeiramente é importante fazer um estudo de mercado e pensar em que tipo de negócio se pretende implantar. “Para empreender é necessário primeiramente se fazer um planejamento, definir o tipo de negócio, saber qual serviço, qual produto se pretende oferecer”.
O segundo passo, segundo Leda, é conhecer o público que se pretende atingir, definir qual público quer alcançar. “Como eu, empreendedor, vou me comunicar com o meu cliente, como vou chegar até ele? Eu preciso disso para montar um plano de negócios que vai me dar condições reais para saber quanto vou precisar investir e em quanto tempo terei retorno financeiro”, explicou a gerente de relacionamento. “Feito isso é que se pode definir se será mais viável ser MEI ou um empresário individual”, concluiu.
PIX cai no gosto de comerciantes
Em 2015, quando abriu a tapiocaria, na Avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, em Belém, o empreendedor José Maria Cardoso, 60, fazia questão que os pagamentos fossem feitos com dinheiro em espécie. Na época, achava mais fácil ter o controle do caixa, mesmo que, às vezes, tivesse de lidar com a falta de cédulas e moedas para passar de troco. “Hoje não. Muita coisa mudou, inclusive, o meu pensamento. O pagamento por PIX facilita e muito e ainda agiliza a dinâmica de serviços. Otimizou até o delivey”.
A adesão ao pagamento por PIX veio há poucos meses, logo que percebeu uma demanda de clientes questionando se podiam pagar a conta nesta modalidade. Foi durante um período crítico da pandemia, quando a tapiocaria funcionou somente por delivery que Zeca, como é conhecido, percebeu as vantagens. “Os nossos entregadores perdiam muito tempo nas portas dos edifícios, até o cliente descer para pagar. Hoje não, eles já saem daqui com o produto já pago e só entregam na portaria, permitindo mais rapidez nas demais entregas”.
Na travessa Eneas Pinheiro, também na Pedreira, o comerciante Manoel Batista, 65, ressalta que tem dias em que ele nem toca em dinheiro físico. Ele tem uma loja de materiais de construção e a maioria das vendas que tem feito vem sendo pagas, pelos clientes, através de cartões de crédito e débito ou por PIX. “Costumo dizer que ficou até mais seguro, porque o dinheiro não fica mais no caixa, chamando a atenção de assaltantes. Vai direto para a conta e por lá faço as movimentações e pagamentos necessários”, atentou.
Quando decidiu abrir um negócio, há mais de 20 anos, Batista começou com uma mercearia de gêneros alimentícios. “Eu tinha um caderninho de contas. Vendia fiado para aposentados e amigos de confiança, hoje já nem saberia como fazer as anotações. O sistema mudou totalmente, as facilidades de pagamento chegaram e a gente não pode ficar parado, tem de acompanhar o que o mercado oferece”.
Da mercearia ele migrou para uma pequena estância, onde hoje comercializa desde cimentos, tijolos e telhas a materiais de acabamento, como tintas e cerâmicas, passando por tubulações.
“Quando abri esta loja, o caderninho de contas já tinha sido abolido. Não vendia mais fiado, mas os pagamentos eram à vista. Por ser pequeno empreendedor, não dava para abrir crediário, mas há 4 anos passei a receber pagamentos no cartão de crédito e débito. Hoje, além desta opção, tem o PIX”, citou Batista. “Atualmente, de 70% a 80% do que vendo, recebo pagamento pelo cartão ou PIX”, projetou.
O PIX é um sistema de pagamento instantâneo autorizado pelo Banco Central, no final do ano passado. O uso dele é por meio do aplicativo do banco em que o usuário tem conta e solicitou a chave. Recentemente, o Banco Central anunciou algumas restrições como limite de transações por PIX em determinados horários, para diminuir as chances de golpes por estelionatários e hackers.
Na panificadora onde Amanda Souza, 21, trabalha, por exemplo, 20% dos pagamentos são através de PIX. Além de pães, o estabelecimento funciona como uma conveniência no bairro da Sacramenta.
“A adesão por nossa parte demorou um pouco. Começou há 3 meses, depois que percebemos um número expressivo de clientes perguntando se aceitava PIX. Acho que a tendência é essa, aos poucos trabalhar com dinheiro digital e não mais físico”, disse. A loja já aceitava pagamento por cartão de crédito antes. “É outra coisa que não podemos abrir mão, a venda no cartão ainda sai mais que o PIX por aqui”.
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